sexta-feira, 20 de março de 2020

Relembre a Grande Depressão de 1929 com fotos exclusivas da época

Relembre a Grande Depressão de 1929 com fotos exclusivas da época

A Biblioteca do Congresso dos EUA, juntamente com a Universidade de Yale, disponibilizou na internet mais de 170 mil fotos tiradas entre os anos de 1935 e 1944, período que sucedeu a quebra da Bolsa de Nova York em 1929. A maior crise econômica da história virou os EUA de cabeça para baixo no início da década de 1930 – a pujança e riqueza excessiva dos anos anteriores se transformou em pobreza e desemprego generalizados.
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Família janta à luz de velas na década de 1930 (Imagem: Photogrammar/Yale University)

As fotos foram tiradas algum tempo depois da criação do New Deal (leia mais abaixo), plano de governo implementado pelo presidente Franklin Roosevelt a partir de 1933. Como o plano estava sendo questionado em cortes de justiça pelo país, a Farm Security Administration (Agência de Segurança Agrícola, em tradução livre) executou o maior projeto de fotografia patrocinado pelo governo americano. O objetivo era documentar a crise entre a população mais pobre do país, concentrada no meio rural, e, assim, justificar as medidas propostas pelo New Deal. Relembre os acontecimentos do período – e aproveite para checar as imagens feitas à época. Você pode acessar todas neste link.
Origens
A Primeira Guerra Mundial trouxe tremenda destruição à Europa: países devastados, economia retraída e pouquíssimo consumo. Nos EUA, que não tiveram nenhuma batalha em solo, o cenário era o oposto: a produção de alimentos e itens industrializados aumentava de maneira exponencial, visto que a demanda dos países destruídos era muito alta. Com isso, a economia americana cresceu de forma gigantesca entre 1918 a 1928. O país, já o mais rico do mundo, praticamente supriu todas as necessidades da Europa devastada e ainda conquistou mercados em outros continentes. A moda se tornou investir em ações na Bolsa, que só cresciam, e comprar a crédito para continuar consumindo.
Tanta prosperidade gerou avanços na tecnologia, como produção em larga escala de automóveis, melhorias nas telecomunicações e popularização do cinema. A efervescência cultural da época foi sentida em todo o mundo, o que tornou popular o termo Roaring Twenties (ou Loucos Anos 20) para se referir à década de 1920. Também foi nesse momento que surgiu o famoso american way of life, o estilo de vida pujante dos americanos e invejado por todo o mundo.
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Fazendeiros destituídos de suas terras reconstruindo sua casa na Califórnia, 1935 (Foto: Photogrammar/Yale University)
O crack da Bolsa
Em algum momento, a festa tinha que acabar. A economia europeia, lentamente, começou a se reerguer e produzir para si própria. Já os EUA, acostumado a fabricar e exportar em excesso, sentiu os efeitos: havia produtos demais e cada vez menos consumidores para comprá-los. A Europa estava de volta. Enquanto isso, ainda extasiados pelo crescimento galopante da economia, a especulação na Bolsa de Nova York só aumentava: ações eram compradas aos montes, mesmo com os indícios de que um colapso estava chegando.
Não deu outra: a redução dos negócios, o alto volume de produtos sem compradores e a especulação em seu nível máximo fez com que o índice de avaliação do mercado Dow Jones atingisse seu pico em setembro de 1929. Era o sinal de que uma crise se aproximava. Percebendo o perigo, os inúmeros acionistas que negociavam na Bolsa começaram a colocar suas ações à venda. As muitas ações e poucos compradores fizeram com que seus valores caíssem drasticamente, o que levou o país quase à ruína. Da noite para o dia, cidadãos ricos se tornaram pobres; fábricas e empresas faliram, milhares de pessoas ficaram desempregadas. Em dois anos, o Produto Nacional Bruto caiu 60%. Em 1931, faliram mais bancos que durante os anos 1920 inteiros.
Filas se espalharam pelo país: por um prato de sopa rala, por um pedaço de pão, homens em busca de emprego. No campo, o sinal de pobreza era claro: favelas com cabanas feitas de papelão e lata proliferavam e agricultores vagavam pelas estradas à procura de serviços temporários. Nas fazendas abandonadas, urubus comiam a carne de carneiros atirados em cânions, pelos próprios donos, que não queriam gastar dinheiro com o abate. Na cidade, as pessoas morriam de fome. Ninguém tinha dinheiro para consumir. O jornal The New York Times registrou que havia cerca de 7 mil garotos lustrando sapatos para ajudar a família, além de uma multidão de camelôs vendendo gravatas baratas, balões coloridos e toda sorte de bugigangas. Nova York vivia seus dias de Terceiro Mundo.
A crise foi sentida, em peso, em todo o mundo. No Brasil, a produção de café, principal produto de exportação da época, atingia seu pico máximo. O principal consumidor, os EUA, já não tinham dinheiro para comprar as inúmeras sacas do grão que enchiam os portos. Sem poder exportar para o país responsável por comprar 70% da produção, o governo decidiu comprar cerca de 20 milhões de sacas em estoque e queimá-las, para segurar os preços e evitar a desvalorização do produto.
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Camas ao ar livre de família vivendo em campo comunitário, no estado de Oklahoma, 1939 (Foto: Photogrammar/Yale University)
Roosevelt e o New Deal
A eleição de Franklin Delano Roosevelt, em 1933, trouxe novas perspectivas: o New Deal, programa criado pelo presidente para recuperar a economia e dar assistência à população empobrecida. O plano era composto de quatro pilares de funcionamento: o investimento maciço em obras públicas de infraestrutura, como hospitais, escolas, pontes e usinas, o que movimentou bilhões e gerou milhões de empregos; o controle do governo sobre a produção industrial, a fim de controlar os preços; a criação de mais direitos trabalhistas, como redução da carga horária, salário mínimo e seguro-desemprego; e a destruição dos estoques de produtos agrícolas, para levantar os preços.
Para entender o New Deal, é preciso ter em mente a ascensão do pensamento keynesiano na política americana. Criada por John Maynard Keynes, o keynesianismo é uma teoria econômica que se opõe ao liberalismo, porque, ao contrário desta, acredita que o Estado é indispensável no controle da economia de um país. Os defensores do liberalismo acreditam que a economia é autorregulável e deve ser comandada apenas pelos empresários inseridos no mercado. Já a escola keynesiana aposta que o sistema capitalista por si só não é suficiente para manter a economia em fluxo e pleno emprego, o que demanda a atuação do Estado em seu controle.
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Fazenda comunitária criada pelo New Deal, que daria terras e meios de sustento para a população pobre (Foto: Photogrammar/Yale University)
O New Deal gerou bons resultados. Até a Segunda Guerra Mundial, a situação foi gradualmente se normalizando nos EUA. No entanto, somente com a nova guerra é que a economia se recuperou de vez, puxando novamente para cima a produção e as exportações (guiadoestudante,uolcom.br)

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