Exercício e depressão
A
atividade física regular traz benefícios incontestáveis à saúde. A
maior parte destes benefícios já tem comprovação científica, como a
redução de mortalidade por qualquer causa, aredução do risco cardiovascular e de acidente vascular cerebral, bem como a redução do risco de alguns tipos de câncer.
No entanto, o efeito doexercício sobre a depressãoainda não está completamente esclarecido, apesar de alguns estudos indicarem um benefício.
A
principal questão envolvida na relação exercício - depressão é a
associação bidirecional dos componentes, o que impõe limitações à
interpretação da maior parte dos estudos. Indivíduos deprimidos têm
menor probabilidade de praticar atividade física regular e isto produz
um viés quando se associa frequência de atividade física com sintomas de
depressão num período curto de tempo. Em geral, as associações apontam
para uma relação positiva, ou seja, as pessoas que se exercitam mais têm
menos depressão. Porém, pode-se interpretar isto também pelo outro lado
da questão, que as pessoas que se exercitam mais o fazem porque têm
menos depressão. A depressão pode desabilitar o indivíduo para a
atividade física e, portanto, uma indicação de direção da associação
fica muito menos clara.
Uma forma de superar, ou
pelo menos diminuir, esta dificuldade metodológica é produzir estudos
prospectivos onde um grande grupo de pessoas é acompanhado por um longo
período de tempo.
Uma pesquisa deste tipo teve os seus resultados publicados no dia 15 de outubro na edição online da revista científica americanaJAMA Psychiatry.
Cerca de 11 mil pessoas nascidas em uma mesma semana do ano de 1958 na
Grã Bretanha foram acompanhadas até o ano de 2008 quando completaram 50
anos. O grupo foi avaliado por quase três décadas, com exames
específicos aos 23, 33, 42 e 50 anos. A depressão foi medida por uma
escala de sintomas e a frequência de atividade física por meio de
questionário.
Os resultados, após análise
estatística, demonstraram que as pessoas que se exercitavam mais tiveram
menos sintomas de depressão. O aumento de atividade física nas pessoas
inativas de qualquer idade também foi associado a uma redução dos
sintomas de depressão nos anos subsequentes.
Apesar
do estudo não provar uma relação direta de causa e efeito, os achados
sugerem que a atividade física pode diminuir os sintomas de depressão na
população em geral. Além disso, o estudo sugere também que a depressão
no início da vida adulta pode ser um empecilho para o indivíduo
desenvolver uma atividade física regular.
Autor:Dr. Gilberto Sanvitto - ABC da Saúde
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