terça-feira, 20 de dezembro de 2016
Porque as pessoas insistem em ficar em casamentos infelizes
Porque as pessoas insistem em ficar em casamentos infelizes
Publicado em 19.12.2016
De acordo com um novo estudo feito por psicólogos da Universidade do Minho, em Portugal, as pessoas seguem uma linha bastante padrão de raciocínio quando se trata de casamentos: elas permanecem em relacionamentos infelizes porque têm medo de perder todo o investimento – tempo, dinheiro ou esforço – que puseram neles.
Isso é chamado de “falácia dos custos irrecuperáveis”. O estudo foi publicado na revista científica Current Psychology.
A falácia
O psicólogo e vencedor do Prêmio Nobel Daniel Kahneman tem uma extensa pesquisa de como as pessoas se preocupam com a perda. Em suas aulas, ele gosta de fazer uma oferta aos alunos: “Vou atirar uma moeda, e se der cara, você perde US$ 10. Quanto você teria que ganhar para aceitar a aposta?”.
Inevitavelmente, as pessoas querem uma recompensa de US$ 20 ou mais para poderem apostar. Há um argumento evolutivo para essa aversão à perda: as pessoas que favoreciam evitar ameaças sobre ganhos maiores eram mais propensas a sobreviver e passar seus genes adiante.
Isso ajuda a explicar por que as pessoas são tão relutantes em desistir do que têm, mesmo que o que têm não é a melhor coisa para eles. Isso é chamado de falácia dos custos irrecuperáveis, e psicólogos dizem que ocorre quando “um investimento prévio em uma opção leva a um investimento contínuo nessa opção, apesar de não ser a melhor decisão”.
Como recém-casados já sabem se o casamento vai ser feliz ou não
No pôquer, é quando você continua apostando em uma mão que vai perder porque você já apostou demais. Nos negócios, é quando você já gastou uma grande quantidade de tempo ou dinheiro em um projeto, então você se empenha em completá-lo. E no amor, é quando as pessoas ficam em relacionamentos infelizes, mesmo quando deveriam desistir dele.
O estudo
A psicóloga Sara Rego e seus colegas apresentaram duas situações hipotéticas para as pessoas.
Na primeira, 951 participantes recrutados no e-mail institucional da universidade portuguesa leram descrições de quatro condições de relacionamento diferentes antes de serem convidados a decidir se deveriam permanecer em um casamento de dez anos cada vez pior e sem sexo, ou terminá-lo.
Pessoas com esses tipos de personalidade tendem a ser mais felizes no casamento
Pessoas na primeira condição (tempo) leram a mesma descrição, mas com apenas um ano de casamento, em vez de uma década; na segunda condição (dinheiro), a diferença é que tinham comprado uma casa juntos; na terceira (esforço), que o casal “fez um enorme esforço” para mudar a situação; a quarta era o grupo de controle.
Cerca de 25% do grupo de controle e da condição de tempo disseram que permaneceriam no relacionamento, em comparação com 35% nas condições de esforço e dinheiro.
Insistência
O segundo experimento foi ligeiramente diferente. 275 pessoas recrutadas na universidade analisaram dois cenários: um sobre um relacionamento de dez anos (“Imagine que você está casado há dez anos com seu parceiro”), e outro sobre o mesmo relacionamento, de apenas um ano.
Em vez de uma dicotomia, os participantes marcaram quanto tempo ficariam em um relacionamento que ia mal, em uma régua com uma extremidade rotulada como “nenhum tempo” e a outra “muito tempo”.
Curiosamente, os participantes em ambos os cenários marcaram o mesmo ponto na régua – cerca de metade dela. No entanto, a diferença em dias foi estatisticamente significativa: o grupo de um ano investiria 289 dias, enquanto o grupo de dez anos investiria 583 dias.
Qual é o tipo de casamento mais feliz e duradouro?
Conclusão
Os pesquisadores chegaram à conclusão de que a falácia dos custos irrecuperáveis orienta as intuições das pessoas sobre os relacionamentos.
“Juntos, ambos os experimentos confirmaram a hipótese inicial de que os investimentos em termos de tempo, esforço e dinheiro tornam os indivíduos mais propensos a ficar em um relacionamento em que eles são infelizes”, escrevem os autores.
Essa é uma descoberta interessante, mas que precisa ser expandida, especialmente porque foi usada uma abordagem hipotética, e não verdadeiramente empírica. [NyMag]
(Fonte: HypeScience - Dez 16)
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