Nova forma de caçar presas no mundo animal é descoberta: cleptopredação
Pesquisadores da Universidade de Portsmouth (Inglaterra) foram os primeiros a observar uma nova estratégia de alimentação no mundo natural, nomeada de cleptopredação.Ao que tudo indica, as lesmas-do-mar são os piratas do mundo subaquático. Elas atacam presas que acabaram de jantar, se alimentando não somente de suas vítimas, mas dos alimentos que elas capturaram também.Ladras de comida
O professor Trevor Willis liderou a pesquisa sobre o comportamento desses animais ao largo da costa da Sicília.As minúsculas lesmas-do-mar brilhantemente coloridas vivem e se alimentam de colônias hidróides – um superorganismo, parente distante dos corais, que consiste de pólipos individuais que se alimentam por sua vez de plâncton e pequenos crustáceos.
Os pesquisadores estudaram em particular a espécie Cratena peregrina, e descobriram que a criatura preferia comer pólipos que tinham se alimentado recentemente. Logo, mais da metade da dieta das lesmas era constituída na verdade de zooplâncton – a presa do pólipo.
Parasitismo + predação
Segundo explica o Dr. Willis, as lesmas moradoras do fundo do mar estão usando outra espécie como uma forma de ter acesso ao plâncton que de outra forma não teriam.Esse comportamento é diferente do cleptoparasitário – quando uma espécie consome presas mortas por outra, como as hienas que roubam a comida de um leão, por exemplo.
No caso das lesmas, as predadoras estão consumindo tanto sua própria presa quanto a presa que suas vítimas capturaram.
O comportamento é uma combinação de competição cleptoparasitária e predação direta.
Relação complexa
O Dr. Willis começou a estudar as lesmas marinhas quando notou que uma espécie de seu país natal, a Nova Zelândia, parecia ter evoluído para viver e se alimentar de colônias de pólipos com o risco de extingui-las.“Sempre haveria o risco de que a comida se esgotasse antes que os animais pudessem se reproduzir, o que não parecia uma estratégia particularmente boa. Um colega da Sicília tinha dados para indicar que isso ia além de um simples relacionamento predador-presa”, conta.
Sua pesquisa tinha o objetivo investigar como as lesmas equilibravam a ingestão de alimentos com a preservação do seu habitat. Willis e sua equipe analisaram os níveis de isótopos estáveis de nitrogênio nas lesmas, nos pólipos e no zooplâncton, descobrindo que as lesmas tinham um nível significativamente baixo de isótopos de nitrogênio, o que indicava que os pólipos não eram sua única presa – pelo contrário, eles representavam uma porcentagem relativamente baixa da presa total ingerida.
Ao consumir menos pólipos e aumentar a sua ingestão de plâncton, as lesmas podem prolongar a vida da colônia em que vivem, se alimentam e se abrigam.
Não se sabe quão generalizado este comportamento é, mas pesquisas futuras podem contribuir para uma melhor compreensão desse mundo aquático. O artigo foi publicado na revista Biology Letters. [Phys] - Fonte:HScyence - Nov/17)
Nenhum comentário:
Postar um comentário