sexta-feira, 4 de abril de 2014

Rio Paraíba pode secar

Bacia do Rio Paraíba pode secar em 8 meses

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Cavalo descansa em local que costuma ser banhado pelo rio Paraíba do Sul, que enfrenta seca no Rio de Janeiro
Relatório finalizado em março pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostra que a Bacia do Rio Paraíba do Sul, de onde o governo de São Paulo pretende transpor água para o Sistema Cantareira, também atravessa uma crise de estiagem que pode deixá-la com apenas 1,8% da capacidade já em novembro. O nível seria o mais baixo da história dos reservatórios que abastecem a região do Vale do Paraíba e 80% do Estado do Rio.
O cenário é resultado de uma simulação feita pelo ONS com base na pior seca já registrada na região, em 1955, e na vazão de 190 mil litros por segundo que podem ser bombeados hoje na usina elevatória de Santa Cecília, em Barra do Piraí, para a geração de energia pela Light e para o abastecimento do Rio. Desta forma, a bacia entraria em colapso em oito meses, segundo o relatório de condições hidrológicas e de armazenamento ao qual o jornal O Estado de S.Paulo teve acesso.
"Por sua posição estratégica para a segurança do abastecimento da Região Metropolitana do Rio, a Bacia do Rio Paraíba do Sul merece uma especial atenção no que tange à gestão de recursos hídricos", aponta o ONS, órgão responsável pelo controle da operação da geração e transmissão de energia elétrica do País. Mesmo com a redução das vazões, que poderia afetar o abastecimento no Rio, as simulações mostram cenários alarmantes, com o volume dos reservatórios entre 6,6% e 13,7% em novembro.
Segundo o documento, as quatro represas que formam a Bacia do Paraíba do Sul estavam com 40,7% da capacidade no fim de março, um dos mais baixos dos últimos anos. O recorde negativo foi registrado em novembro de 2003, quando os reservatórios tinham apenas 14,2% da capacidade. Um dos reservatórios da bacia é o Jaguari, em Igaratá, no Vale do Paraíba. É dele que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) quer transpor água para o Cantareira.
Nesta quarta-feira (2), o nível do principal manancial paulista, que abastece 47% da Grande São Paulo e a região de Campinas, caiu novamente, atingindo 13,3% da capacidade, o mais baixo já registrado. Segundo estimativa da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), revelada pelo Estado, o volume útil do Cantareira pode se esgotar já no dia 21 de junho. A partir daí, a empresa terá de captar água do chamado "volume morto", reserva que fica abaixo do nível das comportas, para evitar o racionamento de água generalizado.
Projeto
Foi pensando na recuperação do Cantareira que Alckmin anunciou, há duas semanas, o projeto de transposição de água do Jaguari para a Represa Atibainha, em Nazaré Paulista, um dos cinco reservatórios do manancial. O projeto causou o início de uma briga com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que teme impacto da transposição no abastecimento de água fluminense. Orçado em R$ 504 milhões, o projeto está previsto apenas para o fim de 2015, e ainda está sendo debatido com a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que controlam as operações envolvendo o Rio Paraíba do Sul, que é federal.
Na quarta-feira, Alckmin voltou a defender o projeto e disse que uma alternativa a ele seria construir um novo reservatório que teria um custo social, econômico e ambiental. "É importante esclarecer que São Paulo não pretende tirar água do Rio Paraíba", disse. "Não tem nada a ver com o Rio de Janeiro, porque o Rio de Janeiro tem vazão mínima garantida pela ANA. Ninguém pode mudar isso."
Após troca pública de farpas com Cabral, Alckmin disse ontem que é preciso "deixar de lado as paixões políticas" e "ter muito espírito de estudo". Técnicos dos dois governos devem discutir juntos o projeto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(colaborou Laura Maia de Castro)

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