Transporte de produtos perigosos |
Acidentes como este acontecem com certa
frequência no Brasil, país que utiliza principalmente o transporte
rodoviário para fazer a conexão entre produtores, distribuidores e
consumidores. A frota de caminhões de carga no Brasil contava com 1
milhão e 300 mil veículos em dezembro de 2010, de acordo com o relatório
2010 da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT. Uma parcela
desses caminhões trafega pelas estradas brasileiras levando produtos
perigosos.
São Paulo é um grande centro produtor e consumidor de insumos e
produtos, está interligado a outros pólos industriais do país e por isso
as rodovias paulistas recebem boa parte das cargas de produtos
perigosos do Brasil todo.
De acordo com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), circulam
pelas rodovias paulistas diariamente mais de 3.000 produtos perigosos,
como líquidos inflamáveis, explosivos, corrosivos, gases, materiais
radioativos e muitos outros.
As estatísticas do DER referentes a 2011 mostram que naquele ano
houve 178 acidentes com veículos que transportavam produtos perigosos,
sendo a maioria dos acidentes – 53 – com veículos que transportavam
líquidos inflamáveis, etanol (álcool etílico) ou solução de etanol
(solução de álcool etílico).
A região que mais registrou acidentes com produtos perigosos em
2011 foi a de Campinas. Em relação aos acidentes por classe de risco,
112 envolveram líquidos inflamáveis e 24 envolveram gases inflamáveis. O
DER monitora todas as estradas de São Paulo, com exceção das rodovias
federais.
A ANTT define produtos perigosos como
aqueles que representam riscos à segurança pública, à saúde das pessoas
ou ao meio ambiente, de acordo com os critérios de classificação da ONU.
Para prevenir os acidentes e minimizar
os riscos que eles trazem ao meio ambiente, à saúde da população e ao
patrimônio público, o Brasil vem adotando ao longo dos anos uma
legislação específica e rigorosa em relação ao transporte de produtos
químicos por via rodoviária. São decretos, leis, resoluções, portarias e
normas editadas por órgãos como a ANTT, Conselho Nacional de Trânsito,
Denatran, Ministério dos Transportes, Inmetro e ABNT. A legislação
detalha como deve ser feita a identificação e o transporte dos produtos
perigosos, sua classificação, os tipos de embalagem, a sinalização
externa dos veículos de carga, a documentação necessária para o
transporte, os equipamentos de segurança e quem são os responsáveis em
caso de acidentes, entre outros aspectos.
A Abiquim – Associação Brasileira da
Indústria Química – mantém o Pró-Química, um serviço de informações via
telefone para auxiliar as autoridades rodoviárias, o corpo de bombeiros,
os produtores e os transportadores a lidar com as ocorrências
envolvendo substâncias químicas nas estradas brasileiras. No âmbito do
Estado de São Paulo, o DER mantém o Sistema de Informações de Produtos
Perigosos (SIIPP). A Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
– também mantém equipes em plantão permanente todos os dias do ano em
um Centro de Controle de Desastres e Emergências Químicas.
Para poderem trafegar pelas estradas
brasileiras, os caminhões que transportam produtos ou resíduos químicos
perigosos são obrigados a adotar uma série de medidas de segurança.
Primeiramente, o motorista precisa ser treinado para conduzir produtos perigosos. Na viagem ele tem que levar a documentação
com dados sobre a classificação da carga, o fabricante ou importador do
produto, as autorizações para circulação e informações de segurança
para o caso de acontecer um acidente, além de um kit de emergência pronto para ser usado em caso de acidente.
O caminhão tem que estar em boas condições de manutenção e externamente precisa estar sinalizado com placas indicativas para mostrar o produto (ou produtos) que carrega e seus riscos. A indicação dos perigos é feita por painéis de segurança e rótulos de risco,
que trazem números e símbolos indicando a classificação dos produtos
transportados e seu enquadramento em uma das classes ou subclasses
especificadas na Resolução da ANTT. Existem cerca de 3.500 números ONU
relacionando os produtos perigosos. A ONU possui um comitê específico
para legislar sobre o assunto.
Os produtos químicos perigosos são divididos em 9 classes: 1-explosivos, 2-gases,
3-líquidos inflamáveis, 4-sólidos
inflamáveis; substâncias sujeitas a combustão espontânea; substâncias
que em contato com água emitem gases inflamáveis, 5-substâncias
oxidantes e peróxidos orgânicos, 6-substâncias tóxicas e substâncias
infectantes, 7-materiais radioativos, 8-substâncias corrosivas,
9-substâncias e artigos perigosos diversos. As classes podem ter
subclasses como, por exemplo, os gases, subdivididos em três grupos:
gases inflamáveis, gases não inflamáveis e não tóxicos e gases tóxicos.
O rótulo de risco informa
a classe e a subclasse a que o produto pertence, e indica o risco
principal e o risco subsidiário. Traz símbolos, textos (opcionais,
exceto para os radioativos), um número e pode ter cores diversas no
fundo. Indica se o produto é explosivo, inflamável, corrosivo, oxidante
ou radioativo, por exemplo. O rótulo de risco ao lado indica um produto
da subclasse 4.2, ou seja, uma substância sujeita a combustão
espontânea.
Exemplos de rótulos de risco indicam o que um veículo leva:
produto explosivo, gás não inflamável, gás inflamável, substância
sujeita a combustão espontânea, oxidante e produto radioativo, na sequência.
Exemplos
de como deve ser a sinalização em veículos que transportam cargas a
granel, fracionadas e com um ou mais produtos no mesmo veículo:
Rótulos de risco e painéis de segurança no transporte de carga
a granel de mais de um produto perigoso de mesmo risco
principal, na mesma unidade de transporte
Transporte de carga a granel de substância perigosa ao
meio ambiente (número ONU 3082)
Transporte de carga fracionada de produtos perigosos
iguais (número ONU) e riscos iguais (número de risco) na
mesma unidade de transporte
Profissionais da química
O trabalho dos profissionais da química está presente em toda a cadeia de
produção, distribuição, transporte e descarte de produtos químicos e
resíduos classificados como perigosos, nas empresas de atendimento a
emergências, nos órgãos públicos, nas universidades, nos laboratórios e
nos transportadores.
Na área de transporte, por conhecer as propriedades e
características dos produtos químicos, o profissional da química atua na
orientação quanto à estocagem e quanto ao transporte propriamente dito,
além de atuar na descontaminação dos tanques de carga e no tratamento
de resíduos.
Os profissionais da química também atuam em campo, no trabalho de atendimento a emergências
ocorridas durante o transporte de produtos perigosos. Eles são
responsáveis pela identificação, neutralização e remoção de produtos
derramados em conseqüência de acidentes, definindo quais as ações a
serem tomadas para evitar danos à saúde da população e ao meio ambiente.
Em alguns casos, eles podem determinar a construção de diques, para
evitar que poluentes atinjam cursos d?água e a canalização de água
potável, evitando assim acidentes ambientais que poderiam adquirir
grandes proporções.
Documentação
- A segurança do transporte de produtos perigosos depende de vários
fatores: da embalagem adequada, do treinamento do motorista,
da documentação em ordem. Além disso, o caminhão deve estar em boas
condições operacionais. Leia mais.
Legislação
- A
legislação brasileira é ampla em relação ao transporte de produtos
perigosos e se aplica também aos resíduos no caso de estarem
classificados como perigosos para transporte. A legislação proíbe uma
série de procedimentos. Leia mais.
Emergências Químicas
Pró-Química – Abiquim
telefone 0800-11 8270
Sistema de Informação de Produtos Perigosos – DER/SP
telefones 0800-0555510 ou 0800-555510
Centro de Controle de Desastres e Emergências Químicas – Cetesb
telefones (11) 3133-4000 e 0800-11 3560
email ceeq@cetesbnet.sp.gov.br.
Para saber mais
- Manual para Atendimento a Emergências com produtos perigosos – Guia para as primeiras ações em acidentes. Abiquim, Departamento Técnico. 2011
- Segurança na Armazenagem, Manuseio e Transporte de Produtos Perigosos. Araújo, G. Moraes. Gerenciamento Verde Editora e Livraria Virtual. 2008
- Equilíbrio Ambiental-Resíduos na Sociedade Moderna. Brasil, Anna; Santos, Fátima.FAArte Editora. 2004
- Site da Cetesb – http://www.cetesb.sp.gov.br/
- DER - http://www.der.sp.gov.br/website/Home/ disponibiliza manuais para download
- Site da ANTT - http://www.antt.gov.br/carga/pperigoso/pperigoso.asp
Texto
Mari Menda – Jornalista CRQ-IV
Revisão
Prof. Antonio Carlos Massabni – IQ Unesp-Araraquara
Glória Santiago Marques Benazzi – Engenheira Química, diretora do
Comitê ABNT/CB-16- Transporte e Tráfego. Coordenadora da comissão de
estudos de transporte terrestre de produtos perigosos da ABNT
Fotos - Stock.xchng
Imagens- Normas ABNT NBR 7500
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