Hino Nacional
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História do Hino Nacional Brasileiro
O
Hino Nacional Brasileiro, segundo alguns autores, foi composto para
comemorar a independência da nossa Pátria. Se Francisco Manuel não o
escreveu nos quatro últimos meses de 1822, deve tê-lo feito no decorrer
de 1823, sendo que, neste último ano, a peça teve sua primeira execução
oficial. O compositor ainda não chegara aos 30 – precisando melhor,
deveria contar, então, com 27 ou 28 anos de idade.
Francisco
Manuel da Silva, escreveu os primeiros compassos, no balcão de um
armarinho situado na Rua Senador dos Passos esquina com Rua Regente
Feijó.
Capa
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Partitura Original para piano
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Essa
casa comercial era também o ponto de reunião de um grupo de amigos e
cultores da música: Francisco Manuel; o cantor da capela imperial, mais
tarde, cônego Zacarias da Cunha Freitas; Laurindo Rebelo, o célebre
poeta “Lagartixa”; Bento Fernandes das Mercês; José Rodrigues Cortes; e o
proprietário da loja, o clarinetista amador, José Maria Teixeira.
O
compositor fez a música sobre uns versos do desembargador e poeta
piauiense, Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva que circulavam entre os
patriotas: “ Os bronzes da tirania / Já no Brasil não rouquejam / Os
monstros que a escravizam / Já entre nós não vicejam / Eis se desata /
Do Amazonas / Até o Prata “
Manuscrito original
Por
ocasião da abdicação de D. Pedro I, ocorrida a sete de abril de 1831,
um hino começa a se popularizar sob o título de, Hino Sete de Abril. A
música é de Francisco Manuel ; os versos, os de Ovídio Saraiva de
Carvalho e Silva. Associado a esses dois eventos de nossa história, o
Hino Nacional Brasileiro – que inflama hoje, quando executado, a alma da
nossa gente, mas atormenta os pesquisadores em particular – a qual data
está realmente vinculado a 7 de setembro ou a 22 de abril ? Foi
composto, enfim, em 1822/23, ou 1831?
Um
novo acontecimento histórico, a coroação de D. Pedro II, e eis que a
primitiva letra sofre uma adaptação para exaltar o soberano brasileiro:
“Negar de Pedro as virtudes / Seu talento escurecer / É negar como é
sublime / Da bela aurora, o romper”. Medíocre a versalhada, mas a musica
só fazia crescer com o tempo no coração dos brasileiros.
Ao
ser proclamada a República, os que pretendiam apagar todos os vestígios
do Velho Regime, pensaram logo em substituir a música de Francisco
Manuel, e não sossegaram enquanto não foi aberto um concurso para a
escolha de um novo Hino Nacional Brasileiro.
Foi
marcada para a tarde de 20 de janeiro de 1890 a escolha solene do
melhor hino concorrente. Mas, no dia 4 desse mesmo mês, um vibrante
artigo do critico musical, Oscar Guanabarino, abriu a questão em favor
do velho hino de Francisco Manuel. Argumentava que o Hino Nacional
Brasileiro, nunca fora considerado pelo povo como o hino de D. Pedro II,
mas como o Hino da Pátria. E perguntava a Deodoro: “Marechal, nos
campos do Paraguai, quando ‘a frente das colunas inimigas a vossa espada
conquistava os louros da vitória e as bandas militares tangiam o Hino
Nacional. Qual era a idéia, o nome que acudia a vossa mente no instante
indescritível de entusiasmo – Pátria ou o Imperador ? E apelava :
“Decidi portanto,digno cidadão, de acordo com a resposta da vossa
consciência”. No mesmo dia Deodoro, declarava pessoalmente a
Guanabarino: “Li o seu artigo e estou de pleno acordo”. Quando, no dia
15 de janeiro, a Marinha – tida, por alguns, como monarquista - foi
saudar o Ministro Wandenkolk e o novo Governo, no Palácio Itamarati, o
Major Serzedelo, em nome da imprensa e do povo, fez um pedido a Deodoro:
que o antigo Hino Nacional fosse considerado o da Pátria. O Marechal
deu um sinal de assentimento a Benjamim Constant, e este declarou que o
Hino Nacional seria conservado, “como o da Nação Brasileira” . Logo
depois as bandas de música do Exercito e a do 23º de Infantaria atacaram
o Hino de Francisco Manuel e Deodoro comovido, foi aclamado no meio de
um delírio geral. E “ O Pais “ dois dias depois, Guanabarino comentando o
ocorrido, exortava os milhares a guardar “ esse hino que ouviste na
infância. Ele representa uma idéia nobre, um nome respeitável, encerra a
história de vossas glórias e atesta a vossa gratidão “. E como não era
mais possível ao Governo Provisório, cancelar o concurso, ficou
resolvido que este apontaria, não o Hino Nacional Brasileiro – que
continuava sendo o de Francisco Manuel – mas o Hino da Proclamação da
República.
E
foi assim que, ‘as 13 hs., do dia 20 de janeiro de 1890, no Teatro
Lírico, diante de Deodoro, com seus ajudantes de ordens, dos Ministros,
do Interior, da Justiça, da Guerra e da Agricultura, foram executados,
sucessivamente, por banda regida por Carlos de Mesquita, os quatro hinos
finalistas : de Francisco Braga, J. Queirós, Alberto Nepomuceno e
Leopoldo Miguez. Repetidos e – ‘a execução do de J. Queirós – muito
aplaudidos, a Comissão Julgadora, (Alfredo Bevilaqua, Frederico do
Nascimento, Carlos de Mesquita, Paulo Porto Alegre e Miguel Cardoso )
confirmou o veredicto do público, concedendo a palma ao hino de Leopoldo
Miguez, que, como os demais, fora feito sobre os versos de Medeiros e
Albuquerque. Deodoro e os ministros assinaram então, os decretos de
oficialização do Hino Nacional e do Hino da Proclamação da República, e
retornaram ao camarote, de onde o Ministro do Interior fez a respectiva
leitura. A banda repetiu o hino escolhido e, a pedido do público, foi
também executado o hino de Francisco Manuel, o que iria produzir no
público presente uma emoção indescritível. Confirmava-se assim, entre
todos, a impressão do Marechal Deodoro, o qual, ao ouvir pela primeira
vez, o hino de Miguez, dissera “ Prefiro o velho “......
Ao
Hino Nacional, só faltava uma letra a altura. O escritor Coelho Neto,
em 1906, subiu a tribuna da Câmara dos Deputados e propôs que se
fizesse, para ele, “um poema condigno” Em 1908, o Ministro da Justiça,
Dr. Augusto Tavares de Lira, nomeou uma comissão para rever esse Hino,
integrada por Alberto Nepomuceno, então Diretor do Instituto Nacional de
Música, e dos maestros, Francisco Braga e Frederico Nascimento Sugerida
a abertura de um concurso para a escolha da melhor letra, e autorizado o
governo a criar um prêmio de Dois Contos de Réis, vários poemas
concorreram, destacando-se o de Joaquim Osório Duque Estrada.
Data
de outubro de 1909 o seu “ Projeto de Letra Para o Hino Nacional
Brasileiro “, cujos versos iniciais eram os seguintes: “ Ouviram do
Ipiranga às margens plácidas / Da Independência o brado retumbante / E o
sol da liberdade, em raios fúlgidos / Brilhou no céu da pátria nesse
instante “.
Em
1916, o poeta introduziu modificações no poema. A 21 de agosto de 1922,
o Decreto nº 4.559 autorizou o Poder Executivo a adquirir a propriedade
dos versos, e a seis de setembro do mesmo ano – isto é, na véspera do
dia em que se comemorou o Centenário da Independência, o Decreto nº
15.671, declarava oficial essa letra. O Deputado Lourenço Baeta Neves, a
23 de junho de 1936, apresentou um projeto de lei que tornava
obrigatório o canto do Hino Nacional nas escolas primárias e nos
estabelecimentos de ensino normal, em todo o país.
A
promulgação do Decreto nº 259, de 1º de outubro de 1936, pelo
Presidente, Getulio Dorneles Vargas, além da obrigatoriedade “nos
estabelecimentos de ensino mantidos ou não pelos poderes públicos“,
consagrou a orquestração de Leopoldo Miguez; a instrumentação para
bandas, do 2º Tenente Antonio Pinto Junior do Corpo de Bombeiros do
então, Distrito Federal, no tom original de si-bemól; e, para canto, em
fá, o trabalho de Alberto Nepomuceno.
Pequena Biografia e foto de Joaquim Osório Duque-Estrada
Joaquim
Osório Duque-Estrada ( nome completo ) nasceu em Pati do Alferes ( RJ )
a 29 de abril de 1870 e faleceu a 05 de fevereiro de 1927, na Cidade do
Rio de Janeiro. Filho do Tenente-Coronel, Luiz de Azevedo Coutinho
Duque-Estrada e Dna. Mariana Delfim Duque-Estrada, era afilhado do
General Osório, Marques do Herval, de quem recebeu o segundo nome.
Cursou o Colégio Pedro II onde, em 1887, Silvio Romero o distinguiu
entre os alunos prefaciando o seu primeiro livro de poesias, Alvéolos.
Recebeu o grau de bacharel em letras em 1888.
Publicou
27 livros – poesias, didáticos, peças teatrais, conferências, traduções
e libretos de operas – destacando além de Alvéolos, Flora de Maio, A
Arte de Fazer Versos e A Abolição, este com prefácio de Rui Barbosa.
Foi
critico-literário, mantendo por muito tempo a secção “ Registro
Literário “ no “Correio da Manhã”, no “Imparcial” e no “Jornal do
Brasil”.
Em
1888 escreveu os primeiros ensaios como um dos auxiliares de José do
Patrocínio na campanha da abolição. Nesse ano alistou-se nas fileiras
republicanas, ao lado de Silva Jardim, entrando para o Centro Lopes
Trovão. Em 1891dedicou-se à diplomacia sendo nomeado 2º Secretário de
Alegação, no Paraguai. De 1893 a 1896, morou em Minas Gerais, onde foi
redator do “Eco de Cataguazes”.
Destacou-se
no magistério como professor e inspetor-geral de ensino, até o ano de
1902, quando foi nomeado regente interino da cadeira de História Geral e
do Brasil no Colégio Pedro II. Voltou à imprensa e colaborou com quase
todos os jornais do Rio de Janeiro.
Foi
eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1915, na vaga de Silvio
Romero, sendo o segundo ocupante da cadeira nº 17, que tem como patrono,
Hipólito da Costa. Seu discurso de posse foi respondido por Coelho
Neto.
Em
outubro de 1909 elaborou o seu “Projeto de Letra Para o Hino Nacional
Brasileiro” , aprovado oficialmente, por Decreto em 06 de setembro de
1922, véspera da comemoração do centenário da Independência.
Os
belos e patrióticos versos do nosso glorioso Hino Nacional,
magnificamente adaptados à música de Francisco Manuel da Silva, composta
em 1822, consagrou para sempre o nome de Osório Duque Estrada, como bem
se expressa Roquete Pinto, seu sucessor na Academia Brasileira de
Letras: “Seu pensamento há de palpitar por entre gerações: a gente
pequenina, hoje mais feliz que a do meu tempo, pode cantar o Hino de
Francisco Manuel”.
Pequena Biografia e foto de Francisco Manuel da Silva
Compositor, regente, violoncelista e professor, nasceu na Cidade do Rio de Janeiro, a 21 de fevereiro de 1795.
Começou
a estudar música ainda menino com o padre José Maurício Nunes Garcia.
Aos 10 anos passou a estudar violoncelo e, quatro anos depois ingressou
como soprano no Coro da Capela Real. Em 1816, passou a estudar
contra-ponto e composição. Em 1825, era o Segundo Violoncelo da Capela
Imperial. A 14 de abril de 1831, no Teatro São Pedro de Alcântara foi
executado um hino de sua autoria, que teria sido composto naquele ano
para comemorar o “ 7 de abril “ ( abdicação de D. Pedro I ) e que, mais
tarde, se transformaria no Hino Nacional Brasileiro. Segundo alguns
autores, entretanto, o hino foi composto em 1822/1823, para comemorar a
Independência do Brasil.
Em
1833, fundou a Sociedade Beneficência Musical, da qual foi eleito
presidente. Em 1841, assumiu o cargo de Mestre Geral da Capela Imperial e
em 1842, foi nomeado, Mestre Compositor da Capela Imperial. Ocupou
cargos de direção de vários teatros e companhias líricas.
Alem de outros hinos, compôs música instrumental, música vocal e um repertório extenso de música sacra.
Foi condecorado com a “Ordem Rosa”, no grau de Oficial, em 1857.
Em
1863 realizou o lançamento da pedra fundamental da sede do
Conservatório de Música. Sua última música foi “Peça para soprano,
harpa, harmônio e orquestra” executada na Igreja São Francisco de Paula.
Faleceu a 18 de dezembro de 1865, vitima de Tísica Laringopulmonar.
Bibliografia:
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