A origem do passaporte
Ilustração Carlinhos Müller/AEo incansável viajante partiu de Samoa diretamente para os Estados Unidos, atendendo ao convite de seu jovem amigo Gordon Ramsay para degustar algumas de suas novas criações gastronômicas para 2010.
Ilustração Carlinhos Müller/AEo incansável viajante partiu de Samoa diretamente para os Estados Unidos, atendendo ao convite de seu jovem amigo Gordon Ramsay para degustar algumas de suas novas criações gastronômicas para 2010.
Ainda
não temos notícias de como foi o jantar realizado no restaurante que
Ramsay conduz na Rua 54, em Nova York. Mas mr. Miles fez questão de
registrar sua indignação com a "humiliating inspection" a que foi
submetido antes de seu embarque para terras americanas. "Despiram-me
como a um recém-nascido; apalparam-me como a tomate de feira; farejaram
minhas roupas como se tivessem algum tipo de fetiche e nem meu bowler
hat escapou de suas mãos imundas. Mas o mais incompreensível é que,
mesmo depois de ter sido aprovado no teste, continuei a ser observado
como se fosse uma ameaça em potencial". A seguir, ele responde à
pergunta da semana:
Caro mr. Miles: quando surgiram os primeiros passaportes e quantos o senhor possui?
Everaldo Contabile, por e-mail
Everaldo Contabile, por e-mail
"Interesting
question, my friend. Infelizmente, vou ficar lhe devendo a segunda
parte da resposta, porque estou longe de Essex, onde guardo os meus
passaportes, encadernados, em tomos de 24 unidades, por um inigualável
profissional de Aleppo, na Síria, a quem costumo visitar de quando em
quando.
Unfortunately,
durante estes anos como viajante, cinco ou seis deles foram extraviados
por motivo de furto ou descuido de minha parte. Nessas ocasiões, fui
obrigado a solicitar salvos-condutos em representações diplomáticas
britânicas de modo a poder retornar para casa. By the way, o
salvo-conduto é o antecessor do passaporte tal qual o conhecemos. A
literatura registra que, já em 450 a.C., o oficial persa Neemias, em
viagem para Judá, solicitou ao rei Artaxerxes uma carta destinada aos
governantes requisitando segurança enquanto ele estivesse em terras
estrangeiras.
Foi,
of course, um caso isolado, já que em muitos séculos vindouros, os
raros viandantes movimentaram-se sem qualquer burocracia, ainda que
expostos a muitos perigos.
Novas referências aos documentos de viagem surgem apenas a partir do século 15, quando alguns monarcas - including our king Henry V -, passaram a emitir "pedidos de passagem" para seus súditos em trânsito. Algumas fontes dizem que o termo passport era uma requisição de passagem pelos portos (ports, em francês). Outras sugerem que a intenção era liberar o tráfego pelas portas (portes, no mesmo idioma) das cidades, então quase sempre cercadas por muros.
Novas referências aos documentos de viagem surgem apenas a partir do século 15, quando alguns monarcas - including our king Henry V -, passaram a emitir "pedidos de passagem" para seus súditos em trânsito. Algumas fontes dizem que o termo passport era uma requisição de passagem pelos portos (ports, em francês). Outras sugerem que a intenção era liberar o tráfego pelas portas (portes, no mesmo idioma) das cidades, então quase sempre cercadas por muros.
O
uso desses papéis disseminou-se até o século 19, quando o advento dos
trens provocou, however, um incremento tão notável no número de viagens
que os controles tornaram-se insuficientes.
A
solução encontrada - very clever, I must say - foi acabar com a
burocracia e abolir a exigência dos documentos. Que, unfortunately,
acabaram voltando com a eclosão da Primeira Grande Guerra e a posterior
criação da Liga das Nações.
Lembro-me
como se fosse hoje de que, na Inglaterra, ficamos chocados com a
obrigação de envergar, a partir dos anos 20 do século passado, um
caderninho que continha uma foto do portador, uma descrição detalhada de
suas características físicas e, pior que tudo, era obrigatoriamente
grafado em francês! Considerávamos aquela exigência como uma nasty
dehumanisation.
Por
fim, acabamos aceitando a derrota com nosso tradicional fairplay. E, cá
entre nós, hoje tenho até um certo apego pelos sinetes e estampilhas
que registraram minhas andanças pelo mundo, tanto tempo depois de
Neemias."
* Mr. Miles é o homem mais viajado do mundo. Esteve em 132 países e 7 territórios ultramarinos. (Fonte. Gabriel Lopes - Divinópolis)
"Os
ventos que as vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que trazem
algo que aprendemos a amar.. Por isso não devemos chorar pelo que nos
foi tirado e sim, aprender a amar o que nos foi dado. Pois tudo aquilo
que é realmente nosso, nunca se vai para sempre."
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