Relação entre quantidade de espuma e eficiência da limpeza
Química
Qual a relação entre a espuma e a limpeza? Nos sabões, a espuma até pode demonstrar eficiência na limpeza; no entanto, o mesmo não se aplica aos detergentes.
Será que quanto mais espuma um sabão ou um detergente produz, maior é o seu poder de limpeza?
A maioria das pessoas pensa que sim,
porque, ao lavar vasilhas, por exemplo, temos a sensação de que se não
está sendo produzida muita espuma, o produto não está retirando a
gordura. Mas será que isso é realmente verdade?
Bom, para chegarmos a uma resposta
satisfatória precisamos saber o que produz a espuma nos detergentes e
nos sabões. Mas, antes, vamos apenas especificar alguns termos usados
nesse texto, para um maior esclarecimento.
Os detergentes incluem os sabões,
sabonetes, detergentes sintéticos, cremes dentais, xampus, dentre outros
compostos. Todos esses produtos são denominados detergentes porque
todos possuem a ação detergente, isto é, do latim detergere,
que significa “limpar”. Desse modo, os sabões são um subgrupo dos
detergentes; sendo que todo sabão é um detergente, porém nem todo
detergente é um sabão.
Nesse texto, porém, para fins didáticos,
quando mencionarmos o termo “detergente”, estaremos nos referindo ao
detergente sintético e não aos detergentes no geral.
Os sabões produzem a capacidade de produzir bolhas, que são finas películas que retêm os gases. No caso do sabão, a espuma pode, sim, até certo ponto, demonstrar que ele está atuando na limpeza. Muitas águas contêm alguns cátions, como o cálcio (Ca2+(aq)), o magnésio (Mg2+(aq)) e o ferro (Fe2+(aq)), que reagem com os ânions presentes nos sabões, formando a chamada “água dura”, pois são formados compostos insolúveis que se precipitam.
A água dura impede que o sabão tenha uma
limpeza eficiente, pois sua atuação como emulsificante da gordura é
cancelada e ele não consegue retirar a gordura das superfícies e nem produzir espuma.
Um exemplo que mostra claramente isso é a
água do mar. Ela é rica em cloreto de sódio (NaCl, conhecido como sal de
cozinha) e em sais de cálcio e magnésio. Por isso, não conseguimos
obter espuma utilizando sabão na água do mar.
Mas as bolhas têm um papel muito pequeno na remoção da sujeira e da gordura quando se trata dos detergentes.
Uma vantagem dos detergentes em relação aos sabões é que eles agem de
maneira eficiente mesmo quando utilizados em águas ricas em sais de
cálcio, magnésio e ferro. Os detergentes não reagem com os cátions da
água dura. Portanto, eles atuam eficazmente, independente da natureza da
água.
No caso dos detergentes, o que vai indicar se ele é eficiente ou não, na remoção das sujeiras, é a capacidade de formar micelas,
isto é, pequenos glóbulos que aprisionam a gordura em seu interior.
Isso é conseguido pelo fato de a estrutura do detergente ser uma parte
apolar; e sua extremidade, polar. Essa estrutura química dos detergentes
(e não o fato de se formar espuma) é que garante a limpeza.
Visto que os
fabricantes sabem que a grande maioria dos consumidores associa a
presença de espuma com a eficiência da limpeza, eles adicionam
substâncias espumantes aos detergentes. Mesmo estando cientes de que os
produtos que não geram espuma são removidos mais facilmente pela água;
ainda assim, esses fabricantes de detergentes preferem aumentar a
quantidade de espuma nos detergentes para não perderem vendas.
Entretanto, o excesso de espuma pode
causar prejuízos para o consumidor, pois pode estragar as engrenagens
das máquinas de lavar, por exemplo. O pior de tudo é que lagos e rios se
transformam em depósitos de espuma, o que causa problemas ambientais,
pois a camada de espuma dificulta a oxigenação da água, provocando a
morte de peixes e algas; e o detergente presente na espuma dissolve a
camada de cera que impermeabiliza as penas de aves aquáticas, o que
dificulta a sua flutuação.
Efeitos do excesso de espuma em rios e lagos.
Jennifer Fogaça
Graduada em Química
Graduada em Química
Fonte: Brasil Escola - Jul/16
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