quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Curiosidades do xadrez


Curiosidades do xadrez

  • Cálculos matemáticos estabelecem que o rei, partindo da sua casa inicial (e1) e seguindo o caminho mais curto, ou seja, em 07 lances, pode atingir a oitava (8ª)casa (e8) de 393 modos diferentes.

  • Um final de partida com o rei e a torre podem formar 216 posições diferentes de mate; um final de rei e dama contra rei: 364.

  • O Xadrez, a Música e a Matemática são os únicos setores da atividade humana em que se conhecem casos de crianças prodígio.
  • O Xadrez é disciplina escolar obrigatória na Romênia e as notas em Matemática dependem em 33% do desempenho no Xadrez.

  • No xadrez existem precisamente 169.518.829.100.544 quatrilhões (15 zeros) de maneiras de jogar apenas os dez primeiros lances. Para os 40 lances seguintes de um jogo inteiro, o número é estimado em 25 x 10 elevado a 115 potência. O número inteiro de átomos em todo o universo é apenas uma pequena fração desse resultado.

  • O campeão nacional absoluto mais jovem de todos os tempos e de todas as modalidades esportivas é um jogador de Xadrez. Trata-se do peruano Júlio Granda Zuñinga, campeão nacional aos 6 anos de idade.

  • Na década de 1980, na ex-URSS, por duas vezes um jogador de Xadrez foi eleito atleta do ano, destacando-se entre praticantes de todas as outras modalidades. Foram eles: Anatoli Karpov (1981) e Garry Kasparov (1985).

  • O Xadrez é o único esporte em que uma mulher conseguiu conquistar um campeonato numa competição mista contra homens. Trata-se da campeã húngara Judit Polgar, considerada a melhor jogadora de todos os tempos.

  • O Xadrez é a única modalidade esportiva que permite a uma pessoa enfrentar grande número de adversários ao mesmo tempo, em condições de aproximada igualdade.

  • Segundo o presidente da FIDE (Fédération Internationale Des Échecs), existem atualmente cerca de 500 milhões de pessoas que jogam Xadrez.

  • Vencendo Capablanca. Nos anos 1920s, o cubano José Raul Capablanca foi considerado uma máquina de jogar xadrez. Seu estilo era quase perfeito. Nenhum outro sofreu tão poucas derrotas quanto ele. Raros mestres puderam vencer Capablanca, e somente uma única e exclusiva vez: Botvinnik, Euwe, Keres, Reshevsky, Réti, Janowsky, Rubinstein... Mais raríssimos ainda foram os jogadores que conseguiram a proeza de triunfar sobre Capablanca mais de uma vez. Na verdade, apenas quatro mestres alcançaram essa glória suprema: Alekhine, Lasker, Spielmann e Marshall.

  • O jogo o mais longo de xadrez de todos os tempos jogados por jogadores top do ranking teve 269 movimentos de Ivan Nikolic e Goran Arsovic em Belgrado em 1989. Durou mais de 20 horas, e resultou em um empate.

  • Diz-se que há mais literatura devotada ao Xadrez do que para todos os outros jogos restantes juntos.

  • A palavra "Xeque-mate" vêm da frase persa "Shah Mat", que significa "o rei está morto".

  • Na série "Star Trek (Jornada nas Estrelas)", capitão Kirk e Sr. Spock jogaram o Xadrez três vezes. Kirk ganhou todos os jogos.

  • O primeiro Campeonato de Xadrez registrado aconteceu em Madrid em 1575. Giulio Polerio e Giovanni Ruy derrotaram Leonardo Lopez e Alfonso Ceron em uma série de jogos organizados pelo rei Filipe II.

  • O ex-campeão do mundo Jose Capablanca começou a jogar Xadrez com 4 anos, e ganhou de seu pai seu primeiro jogo também com 4 anos.

  • O movimento mais lento registrado foi de Francisco R. Torres Trois, levou 2 horas e 20 minutos para fazer um movimento em um jogo contra Luis M.C.P. Santos, em Vigo, Espanha em 1980. Trois tinha somente dois movimentos possíveis a considerar.

  • Judit Polgar da Hungria foi a mulher mais jovem a ganhar o status de mestre internacional em 1989 quando tinha 12, e a mulher mais jovem a ganhar o status internacional de Grande mestre em 1991 na idade 15.
  • A primeira aparição do xadrez em um filme foi em " The Wishing Ring " em 1914.

  • Dois reis podem ocupar no tabuleiro 3612 posições diferentes. Dois reis e duas peças quaisquer podem forma, aproximadamente, 12.000.000 de posições diferentes. Dez peças: 34.254.125.120.000.000.

  • A partida mais longa, terminada em vitória, é a que Wolf ganhou de Duras (Carlsbad, 1907): 168 lances, durando 22 horas e meia.

  • A Sra. J.W. Gilbert, 1879, numa partida por correspondência com G.H. Gossip, anunciou mate em 35 lances! (Steinitz comprovou a sua exatidão) Possivelmente, este é o mate anunciado de maior número de lances.

  • O Dia Internacional do Enxadrismo é comemorado todos os anos no dia 19 de novembro, data de nascimento de José Raúl Capablanca, considerado um dos maiores enxadristas de todos os tempos e o único hispano-americano a se sagrar campeão mundial.

  • O mestre pode. Um forte amador pediu ao GM mexicano Carlos Torre que analisasse uma de suas partidas. Torre não queria perder tempo com partidas de capivara, mas o jogador tanto insistiu que Torre concordou, embora sob uma condição: pararia a análise assim que constatasse um erro gravíssimo. Ficou combinado. O sujeito começou a mostrar a partida: 1.e4 e6 2.d4 d5 3.Cc3 Cf6 4.e5 ...Cg8. "Pode parar - disse Torre - esse lance preto é horroroso." O homem replicou: "Não é bem assim, maestro, a ideia do recuo do cavalo é sutil. Nimzowitsch, por exemplo, já experimentou esse lance e venceu!" Ao que Torre respondeu: "Nimzowitsch é um gênio, ele pode jogar isso. Mas você não, você tem que respeitar as regras de desenvolvimento das peças." Ah se todos nós lembrássemos dessa história!

  • Nomes curtos. O jovem Leonid Stein tinha acabado de perder para o veterano GM Salo Flohr. Para consolá-lo, Flohr contou uma piada: "Não fique triste. Olha, em breve os nomes curtos vão ser melhores do que os nomes longos. Veja por exemplo Liliental, um grande jogador no passado. Agora, quem se destaca é Tal. Com você vai ser assim também. Em breve, Bronstein vai ter que ceder o lugar para Stein!". Poucos anos depois, a "profecia" foi cumprida: Stein venceria três campeonatos soviéticos!

  • Com tabuleiro. Richard Réti e Alexander Alekhine encontraram-se no trem e começaram a analisar uma posição às cegas (sem o tabuleiro nem as peças, só de memória). Depois de alguns minutos, Alekhine virou-se para Réti e disse: "Olha, todos sabem que nós dois somos os melhores jogadores às cegas do mundo. Por que então não utilizamos um tabuleiro de verdade?"

  • Assassino de si mesmo. O GM húngaro Geza Maróczy era conhecido pela elegância e polidez com que tratava a todos. O GM letão Aaron Nimzowitsch era famoso exatamente pelo contrário, pelo mau humor e falta de tato com que tratava a quase todos. Certa vez, Nimzowitsch foi tão ofensivo que Maróczy reagiu convocando-o para um duelo no dia seguinte. O irado Nimzowitsch não compareceu ao encontro. Justificou-se assim: "Não vou contribuir para meu próprio assassinato."

  • Grande fígado. O GM inglês Blackburne foi um dos mais fortes jogadores do mundo nas últimas décadas do século XIX. Na lista de suas vítimas, incluem-se Steinitz, Tchigorin, Em. Lasker, Tarrasch, Pillsbury e Alekhine. Suas partidas eram especialmente inspiradas pelas bebidas alcoólicas. Conta-se que ele era capaz de esvaziar duas garrafas inteira de uísque numa sessão de partidas simultâneas. Morreu aos 83, idade bastante avançada para quem viveu, e bebeu, na sua época. Um grande cérebro e, pelo visto, um grande fígado.

  • Melhor para ele. Partida amistosa de uma amador contra um forte jogador. Ao amador dirigiu-se a Emanuel Lasker, que observava o jogo, e perguntou: "Qual o melhor lance nessa posição?". Lasker respondeu: "Jogue g2-g4." O pobre incauto seguiu o conselho e, inesperadamente, seu adversário respondeu com a dama, que deu o mate. Estarrecido, o indivíduo virou para Lasker e perguntou, meio sem acreditar, meio furioso: "Mas o senhor não disse que essa era o melhor lance?". "Sim - respondeu Lasker - o melhor para seu adversário." No fundo, essa era a maneira de jogar xadrez de Lasker: ele encaminhava a partida para posições em que seus adversários, perplexos, se interrogavam: "essa posição é boa, é óbvio, mas para qual de nós dois?"

  • Sumiço da torre. Na União Soviética, havia uma tipo de simultânea dada por dois grandes mestres que jogavam alternativamente. O GM1 fazia o lance contra todos os tabuleiros, que, em seguida, respondiam. Era então a vez do GM2 fazer os lances em cada tabuleiro. Depois das respectivas respostas, o GM1 retornava e assim a partida continuava. Certa vez, Averbach foi jogar um lance quando percebeu que estava com a torre a menos. Mesmo com a posição perdida, ainda fez dois ou três lances. Depois que a exibição acabou foi conversar com Bondarevsky: "Como é que você perdeu aquela torre?". Ao que Bondarevsky replicou: "Ué, eu perguntar exatamente isso!". Os dois se olharam e perceberam que tinham sido roubados pelo esperto amador.

  • Relógio. Conta-se que Garry Kasparov, o "Ogro", como dizem os espanhóis, tem o hábito de retirar o relógio do pulso assim que a partida começa. O relógio fica ali, sobre o tabuleiro. Quando Kasparov sente que a partida está chegando ao fim e que ele será o vencedor, pega o relógio e bota de novo no braço. Uma maneira sutil de dizer pro adversário: "Bom, vamos acabar logo com isso que não tenho tempo a perder." Pressão sobre o adversário? Sem dúvida. Mas já houve adversários que, pelo menos em algumas ocasiões, fizeram Kasparov esquecer do relógio.

  • Comandante Che. Ernesto Che Guevara, o comandante da guerrilha comunista vitoriosa na revolução cubana de 1959, ainda hoje aparece em estampas de camisetas. Ícone dos anos 1960s, talvez seja menos lembrado por suas ideias do que por sua imagem de jovem rebelde. Che Guevara era argentino e como tantos argentinos, um bom amador de xadrez. Existem fotos dele jogando xadrez e partidas anotadas. Jogou numa simultânea contra contra o fortíssimo GM Miguel Najdorf e conseguiu empatar ("tablas", como dizem nuestros hermanos argentinos.)

  • Pontapés. Tigran Petrosian e Victor Korchnnoi eram rivais há muito tempo na URSS. Quando Korchnnoi abandonou a URSS e se radicou na Suíça, a rivalidade parece ter aumentado. Afinal, agora nenhum dois precisava manter as aparências do "homem novo soviético". O vale-tudo da Guerra Fria permitia quase tudo. Então, as partidas entre os dois desenvolviam-se em dois planos. Em cima do tabuleiro, sangrentos combates produzidos pelo entrechoque das peças de madeira. Em baixo do tabuleiro, iradas batalhas de chutes, bicos e pontapés. Dor nas canelas dos mestres e dor na cabeça dos juízes. Como resolver? Os carpinteiros (que também fazem as peças...) construíram uma poderosa divisória de madeira para se colocada embaixo da mesa que isolaram os bicos de sapato dos dois futebolistas, digo, enxadristas.

  • Nomes de aberturas. Os nomes de aberturas podem ter várias origens: grandes jogadores (Defesa Alekhine, variante Lasker, ataque Panov-Botvinnik, sistema Petrosian, variante Polugaevsky, contra-ataque Marshall, contragambito Albin, estrutura Maroczy), países e nações (defesa francesa, abertura escocesa, defesa eslava, abertura catalã), cidades (variante Scheveningen, variante Leningrado, defesa Cambridge Springs, abertura vienense, sistema London), nomes exóticos (variante dragão, gambito elefante, hedgehog - porco espinho, ataque Grande Prix, defesa ortodoxa, variante Stonewall - muro de pedra, ataque baioneta) ou simplesmente termos técnicos ou descritivos (gambito de rei, abertura do bispo, defesa dos dois cavalos, variante cerrada, variante clássica, variante das trocas). Às vezes, as aberturas recebem mais de um nome. Por exemplo, abertura Ruy López e abertura espanhola, Giuoco Piano e abertura italiana, defesa Petroff e defesa russa, defesa escandinava e contra-ataque central, gambito Volga e gambito Benko.

  • Livro bom. Bogoljubow era conhecido pela autossuficiência. Depois de ter escrito um livro muito bom de xadrez, andou perdendo algumas partidas de torneio. Sua conclusão não poderia ser outra: "Agora que todos leram meu excelente livro, fica fácil jogar de modo tão maravilhoso como eu."

  • Ar viciado. Mikhail Botvinnik era capaz das maiores proezas durante a preparação para um torneio. Como todo não-fumante, ele detestava a fumaça do cigarro. O que fez então? Jogou várias partidas de treinamento nas quais seu preparador, o GM Ragosin, propositalmente fumava e dava baforadas bem no rosto de Botvinnik! Isso sim é que é maneira de enfrentar pressão psicológica.

  • Mídia. Um grande mestre soviético ia participar de um programa na tevê de Moscou e estava um tanto nervoso. Pediu que a Mikhail Tal que fizesse uma sugestão: "O que devo falar amanhã, Misha?". Tal, sempre muito bem humorado, respondeu: "Diga para que ouçam o rádio. Estarei dando uma entrevista no mesmo horário!"

  •  Vitória no empate. Na última partida do match pelo campeonato mundial de 1935, o holandês Max Euwe precisava de apenas um empate para conquistar o título do russo Alexander Alekhine. No momento em que estava colocando as peças na posição inicial, Euwe esbarrou e derrubou o próprio rei. Então, dirigiu-se em voz a baixa ao adversário: "Doutor, aceito o empate a qualquer instante da partida." É óbvio que Alekhine não poderia concordar com o empate. Todavia, o desenvolvimento do jogo foi amplamente favorável a Euwe, que conseguiu dois peões a mais em posição totalmente ganha. Nada mais restou a Alekhine do que aceitar o empate e cumprimentar o vencedor do match.

  • Ele "enxerga"!?. O GM alemão Friedrich Sämisch dava uma exibição de simultâneas às cegas (sem ver o tabuleiro, jogando só com a memória). Na platéia, uma linda moça observava tudo com atenção. E Sämisch, claro, não tirava os olhos de cima da dama. No final da simultânea, a jovem não se conteve e protestou: "Isso é uma fraude. Ele não é cego conversa nenhuma. Enxerga tudo perfeitamente!"

  • Tática e futebol. Originalmente, o xadrez é um jogo militar. Não é à toa que utilizamos termos técnicos militares como estratégia e tática. Estratégia tem a ver com planejamentos gerais e profundos. Tática está ligada à execução direta. No futebol, o termo tático tem sido empregado de forma incorreta. Técnicos e jornalistas confundem tática com estratégia. O que chama de tática é na verdade estratégia: colocação dos jogadores em campo, posicionamento do ataque, tipo de marcação, etc são aspectos estratégicos. O drible, o passe em profundidade, a batida de falta é que são aspectos táticos do futebol. Quando o time brasileiro esquece qualquer "esquema de jogo" e parte para tentar resolver a partir da habilidade individual de cada jogador, então podemos dizer que houve um abandono da estratégia em favor dos golpes táticos. Tal como no xadrez, as surpresas táticas podem funcionar no futebol, mas o que normalmente garante a vitória é um bom planejamento estratégico.

  • Sexo e xadrez. Sexo é bom antes de uma partida importante? Sexo é bom, claro, mas será que, mesmo que você termine a performance ainda cedo e então consiga muitas horas de sono, não haveria um desgaste físico excessivo? Há quem diga que a diminuição dos hormônios também reduz a agressividade. Assim, os mais apressadinhos poderão até dizer que o jogador com mais, digamos, vontade, é tático, e os que têm menos, digamos, sede, tenderiam a ser posicionais. Mas há quem replique, alegando estudos freudianos que apontam os jogadores posicionais como masturbadores, ao passo que os táticos sofreriam de ejaculação precoce (não sei bem qual seria o equivalente feminino. Parece que as mulheres são melhores que os homens inclusive em relação a esses assuntos). Outros ainda poderão dizer que jogadores táticos apreciam o sado-masoquismo ao passo que jogadores posicionais preferem sexo oral / anal. Enfim, o assunto é polêmico. Com certeza, o leitor encontrará muitos jogadores que preferem xadrez a sexo.

  • Short e os malucos. Numa entrevista, o GM inglês Nigel Short comparou os tipos de stress que atingem as diferentes modalidades esportivas. No futebol, o jogador se contunde e é tratado por um médico ortopedista e um fisioterapeuta. E no xadrez? O equivalente da contusão é o stress, e, em casos mais graves, os distúrbios mentais. Nestes casos, os profissionais indicados são o psicólogo e o médico psiquiatra. Entretanto, poucos jogadores são capazes de admitir a necessidade de recorrer a esse tipo de profissionais. Existe preconceito ("Psiquiatra é coisa de maluco ou de madame"). Sensato, Short descarta a ideia de que o xadrez produza loucos. É o contrário: o xadrez tem alguma coisa que parece exercer uma grande atração sobre os malucos.

  • Os romanos antigos conheciam o xadrez? No filme Ben-Hur, estrelado por Charlton Heston, aparece rapidamente um tabuleiro de xadrez ricamente marchetado. Os romanos, provavelmente, conheceram o xadrez através dos gregos; preferiam, porém, o jogo de dados.

  • A época áurea do xadrez - Ocorreu durante certo período da idade média quando eram permitidas visitas de cavalheiros aos quartos das damas, desde que fossem para jogar xadrez. O elevado número de nascimentos oriundos deste costume, contudo, chamou a atenção da igreja, que conseguiu a proibição de tal prática.

  • Índios enxadristas –Edward Lasker escreve: “O escritor portugûes do século XVIII, De Barros registra o seguinte fato: Diego López, comandante da primeira expedição portuguesa, ao chegar diante de Málaca em 1509, estava jogando xadrez com um dos seus homens, quando um índio da tribo dos Bataks subiu a bordo. Este reconheceu imediatamente o jogo e discutiu com López a forma das peças de xadrez usadas na sua tribo”!“ Idêntica constatação foi feita por um curador da Universidade de São Petersburgo, que foi ao norte da Sibéria, em 1895, realizar estudos etnológicos e verificou que todas as tribos - Samoyedes, Tungusianas, Yakuts - tinham entusiásticos jogadores de xadrez. Escreveu ele: "uma partida dura horas e muitas vezes não termina senão no dia seguinte. A excitação, não raro, leva os jogadores a aumentarem as suas apostas ao ponto de a derrota no jogo envolver a ruína absoluta do vencido. Para começar, apostam-se as renas; depois os cães; depois as roupas; em seguida, todos os bens de um homem; e no final, até mesmo as mulheres são apostadas…"

  • A proibição do xadrez pelo aiatolá Khomeini - "O jogo de xadrez é contrário à lei islâmica, declarou o imã Khomeini ao governador da província de Teerã, a 18 de dezembro de 1979. Por que? Porque "o xadrez torna o homem mau", "destrói o pensamento" e, "quando se joga muito, provoca desequilíbrio mental". Além disso, "o xadrez estimula o ódio e a agressividade ao adversário". "Quem insistir em jogar xadrez, deve ter os pulsos cortados"!

  • O campeão de maior cultura - Emanuel Lasker, campeão mundial durante 27 anos, doutor em Filosofia, Matemática e Física. Ele argumentou que a teoria de seu amigo Einstein, não seria provada enquanto continuasse impossível demonstrar que a velocidade da luz no vácuo é infinita(ele estava errado). Einstein escreveu um prefácio de um livro seu. Lasker escreveu peças de teatro, projetou reformas sociais em The community of future e, durante a primeira guerra mundial, inventou um tanque. Fez parte da equipe olímpica alemã de bridge. Ele foi forçado a adotar o xadrez como meio de vida depois que constatou que as cátedras das universidades alemãs lhe eram vedadas pelo fato de ser judeu.

  • A proibição do xadrez pela Igreja Católica - Através de uma carta escrita em 1061 por Petrus Damiani, cardeal-bispo de Óstia, ao papa eleito Alexandre II, ficamos sabendo que "a loucura do xadrez" era considerada como uma das "vergonhosas frivolidades" proibidas pelo clero.

  • Yoga. Aaron Nimzowitsch descobriu que a prática de Yoga, a milenar prática física e mental indiana, poderia melhorar seu desempenho nos torneios de xadrez. Experimentava os movimentos do yoga nos próprios torneios. Enquanto o adversário meditava em busca do lance, Nimzowitsch ia para o chão e colocava-se de cabeça para baixo. Acreditava que desta maneira o sangue desceria para o cérebro e ajudaria a pensar melhor. Algumas vezes esse troço funcionou muito bem. Mas desconfio que se você não for Nimzowitsch, não fluirá tanto sangue assim para sua cabeça.

  • Endereço do hotel. Emanuel Lasker era um tanto distraído. Certa vez, hospedou-se num hotel e foi ao clube da cidade. Depois da simultânea e do jantar, oferecem carona de volta para hotel. Neste momento, Lasker percebeu que não sabia nem o nome nem o endereço do hotel onde havia deixado suas bagagens. Tiveram que percorrer a cidade inteira até encontrar o lugar correto.
  • Futebol. Quem joga xadrez é capaz de jogar futebol? O clichê é o jogador frágil, distraído e que derruba os objetos em seu redor. Mas as coisas não são bem assim. O esporte de Ljubojevic era o futebol e foi por causa de uma longa contusão que ele aprendeu a jogar xadrez, com já tinha 16 anos de idade (mais tarde, seria um dos dez melhores do mundo). O GM Peter Leko foi titular de um time juvenil húngaro. O melhor de todos, porém, foi o GM norueguês Agdestein. Forte jogador de xadrez, também foi titular da seleção norueguesa de futebol, autor de um gols importantes. Por exemplo, na vitória contra a Itália na Copa da Europa. Se o nosso leitor jamais fez gol contra a seleção da Itália, talvez possa um dia ostentar o título de Grande Mestre Internacional...

  • Moscou 1959. O torneio internacional em memória de Alekhine em 1959 teve um trio de vencedores: V. Smyslov, D. Bronstein e B. Spassky. Superam vários GMs, entre eles Vasiukov, Portisch, Larssen, Filip e F. Olafsson. Smyslov e Bronstein terminaram invictos. Spassky sofreu uma única derrota, para Smyslov, que venceu o torneio pelo critério SB. Smyslov tinha sido campeão mundial, Spassky conquistaria o título dez anos depois. Bronstein havia empatado o match de 24 partidas pelo título mundial, contra Botvínnik em 1950. Três gigantes da história do xadrez, todos os três ainda vivos (novembro de 2001).

  • Camisa velha. Contam alguns observadores mais atentos (e nós estivemos lá) que durante o interzonal do Rio de Janeiro em 1979, o soviético Tigran Petrosian jogou todas as rodadas exatamente com a mesma camisa. Superstição, falta de cuidado ou confiança na qualidade da lavanderia do Copacabana Palace? Sua esposa, Rona, era conhecida pelo cuidado com que protegia o marido. Bem, talvez Petrosian tivesse vários exemplares do mesmo modelo de camisa. Se a roupa ajudou eu não sei, mas o fato é que no final do interzonal, Petrosian estava entre os três classificados para o torneio de candidatos.

Nomes italianos. Nos séculos XVI e XVII e Itália viveu um esplêndido período cultural. Nomes como os de Leonardo da Vinci, Galileu, Michelangelo, Maquiavel e Monteverdi são glórias italianas e da humanidade. Esse florescimento intelectual certamente explica a importância dos jogadores italianos de xadrez naquele período. Alguns dos mestres da época publicaram os primeiros tratados teóricos do xadrez, entre eles o famoso livro de Grecco. Ainda hoje, alguns termos do xadrez italianos são empregados por jogadores de todo o mundo e em todos os idiomas. Por exemplo, fianchetto (pequeno flanco), gambito (perninha), ataque Fegatello ("pequeno fígado", certamente o frágil ponto f7 das pretas), abertura Giuoco Piano ("jogo suave").
(Fonte: Tabuleirodexadrez.com.br)

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Recurso de Infração de Trânsito: Conheça as 3 instâncias por onde passa a defesa e como funciona cada uma delas


Recurso de Infração de Trânsito: Conheça as 3 instâncias por onde passa a defesa e como funciona cada uma delas

O recurso de uma multa de trânsito não é feito em uma única tentativa. Há 3 instâncias às quais você pode recorrer a fim de cancelar suas penalidades.


Doutor Multas
Publicado por Doutor Multas


Cada uma dessas instâncias funciona de maneira distinta, uma vez que os responsáveis por julgar as defesas não são sempre os mesmos e são, portanto, alterados conforme o processo caminha.
Além disso, o próprio nome das defesas interpostas, sua estrutura e prazos mudam de acordo com a instância em que circulam.
Neste texto, explicarei quais são essas 3 instâncias, quais os prazos para envio dos recursos, a partir de que momento eles têm início, que tipo de abordagem é usada em um recurso de multa e quais as diferenças existentes entre uma instância e outra.
Se é de seu interesse compreender o processo como um todo e cada um dos seus passos, este artigo é para você.
Processo administrativo por infração de trânsito
Em primeiro lugar, é preciso especificar que o processo por infração de trânsito é administrativo e possui características marcantes que o diferem de um processo judicial.
O processo administrativo distingue-se por demonstrar uma relação bilateral, em que a instauração ocorre por provocação do interessado ou da administração pública, que também será a responsável por julgá-lo.
Por se tratar de um processo de caráter administrativo, ele pode tramitar sem a presença de um advogado, o que já não é possível no caso do processo judicial, em que o auxílio desse profissional é compulsório.
Sendo assim, o processo estabelecido para aplicar penalidades por infração de trânsito é um processo administrativo, bilateral – entre a administração pública que o instaura e o indivíduo que está sendo penalizado –, e que não demanda a presença de um advogado.
No caso das multas de trânsito, o responsável por dar início ao processo será o órgão de trânsito que possui circunscrição sobre a via em que registrou a infração, de acordo com o concebido pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
Fases do processo administrativo
A possibilidade de defesa das penalidades e medidas administrativas por cometer infração de trânsito pode ocorrer em 3 momentos, na Defesa Prévia, no recurso em 1ª instância e no recurso em 2ª instância.
Elas possuem prazos bastante específicos para serem enviadas cujo início se dá no recebimento das notificações, que são duas: Notificação de Autuação e Notificação de Imposição de Penalidade.
Cada uma delas é enviada em uma fase do processo e pode indicar indeferimento da defesa anterior, se houver.
Ainda, seu envio deve ocorrer dentro de 30 dias do cometimento da infração, sob pena de arquivamento do ato, de acordo com o parágrafo único, II, do art. 281, do CTB.
A seguir, lhe darei mais detalhes sobre cada um desses aspectos.

Defesa Prévia

A primeira fase do processo tem início a partir da autuação do condutor, seja por meio do recebimento do auto de infração no momento da abordagem em que a infração foi percebida, seja pelo recebimento da Notificação de Autuação via correspondência.
Por exemplo, para constatar a infração de conduzir sob efeito de álcool (art. 165 do CTB), é preciso que o motorista seja abordado e realize o teste para constatação.
Nesse caso, a autuação acontece no momento da abordagem e o condutor recebe o auto de infração do agente da autoridade de trânsito, que valerá como notificação de autuação para fins de recurso. Ainda assim, será enviada uma notificação ao endereço do condutor.
No entanto, para anotar uma infração por excesso de velocidade, não é necessário a abordagem e nem mesmo a presença do agente, uma vez que ela pode ser registrada por aparelhos eletrônicos instalados nas vias, como os radares.
Nessa situação, o condutor será notificado por correspondência no endereço constante em seu cadastro junto ao DETRAN (Departamento Estadual de Trânsito).
O prazo para enviar a Defesa Prévia não será inferior a 15 dias e, nessa fase, as penalidades ainda não foram impostas ao condutor, uma vez que ocorreu apenas o aviso sobre sua conduta transgressora.
Aqui, o objetivo é buscar problemas formais na notificação, como a falta de uma das informações obrigatórias descritas no art. 280 do Código de Trânsito (tipificação da infração; local, data e hora em que ela ocorreu; placa, marca e espécie do veículo; identificação do autuador, entidade ou órgão e agente ou aparelho).
Na falta de algum dos dados obrigatórios, o parágrafo único, I do art. 281, prevê o arquivamento da autuação por inconsistência ou irregularidade.
O julgamento da Defesa Prévia é feito por um julgador designado pelo próprio órgão autuador.
Neste momento, também, você tem a chance fazer a indicação de condutor, para o caso de outra pessoa ter cometido uma infração ao utilizar seu veículo.
Para isso, é preciso preencher um formulário próprio disponibilizado pelo DETRAN e o prazo para fazê-lo é o mesmo estabelecido para envio da Defesa Prévia.

Recurso à JARI – 1ª instância
O recurso à JARI (Junta Administrativa de Recursos de Infração) da autoridade de trânsito que realizou a autuação corresponde à defesa enviada em 1ª instância. Esse recurso é possível mesmo que você não tenha enviado Defesa Prévia.
Ele pode ser enviado a partir do recebimento da segunda notificação, a Notificação de Imposição de Penalidade, e seu prazo para envio não poderá ser inferior a 30 dias.
De modo geral, ela já vem acompanhada pelo boleto para pagamento da multa e o prazo para envio do recurso costuma coincidir com a validade do boleto.
Se você receber essa segunda notificação e tiver enviado sua defesa prévia ao órgão autuador, isso significa que ela foi indeferida. Ou seja, não foi aceita, e o processo para lhe aplicar multa, pontos na carteira e demais medidas previstas para a infração registrada continua.
O julgamento nessa instância é feito por, no mínimo, 3 integrantes e apenas um deles é servidor do órgão que autuou o motorista.
Além disso, nessa instância, já não é possível fazer indicação de condutor.
Em caso de indeferimento, você receberá um aviso por correspondência e poderá se encaminhar para a instância seguinte, caso assim desejar.
Recurso ao CETRAN – 2ª instância

Na verdade, o recurso em segunda instância nem sempre será enviado ao CETRAN (Conselho Estadual de Trânsito). O órgão responsável por julgar o seu recurso vai depender de quem lhe autuou pela infração.
Sendo assim, o CONTRAN (Conselho Nacional de Trânsito), o CONTRANDIFE (Conselho de Trânsito do Distrito Federal) e os Colegiados Especiais dos órgãos autuadores também poderão julgar esse tipo de recurso.
Da mesma forma como ocorre em 1ª instância, o prazo para recurso em 2ª instância não será inferior a 30 dias, contados a partir do recebimento de aviso de indeferimento do recurso à JARI.
Essa é a última instância para recorrer sua infração e cancelar suas penalidades. Por isso, atente-se ao prazo para não perdê-lo.
Também é pertinente ressaltar que a possibilidade de recorrer nessa instância depende de você ter recorrido em 1ª instância. Ou seja, só recorre em 2ª instância quem recorreu à JARI.
Nessa última instância, os julgadores não possuem vínculo com o órgão ou entidade de trânsito que lhe autuou.
Ao longo do processo, não é necessário efetuar o pagamento da multa. Entretanto, caso você o faça para garantir o desconto dado até a data de vencimento do boleto e tenha seu recurso deferido, será feito o ressarcimento após o fim do processo.
É possível recorrer de todas as infrações aplicadas a você, a fim de evitar penalidades como a suspensão e a cassação da CNH. Defender-se é um direito seu.
Em todas as instâncias descritas neste artigo, você pode contar com auxílio profissional. Ao utilizar esse tipo de serviço, oferecido pelo Doutor Multas, você garante a adequação de seu recurso e o cumprimento dos prazos.
Nossos especialistas conhecem o tema e o processo a fundo e saberão a melhor maneira de apresentar um recurso que se encaixe no seu caso para aumentar suas chances de sucesso.
Conseguiu compreender o funcionamento do processo por infração de trânsito? Tem alguma dúvida sobre ele? Deixe o seu comentário e eu lhe responderei!
Fontes:
Material interno – Manual Doutor Multas
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htm
https://doutormultas.com.br/prazo-julgamento-recursos/

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Como reduzir o risco de demência em 30% com este simples tipo de exercício para o cérebro

Como reduzir o risco de demência em 30% com este simples tipo de exercício para o cérebro

Estudo publicado neste mês de novembro na revista científica
Azheimer’s & Dementia: Translational Research & Clinical Interventions afirma que pessoas que participaram de treinamento de velocidade de processamento tiveram menos chances de desenvolver demência 10 anos depois. O estudo, porém, tem alguns problemas reconhecidos pelos próprios autores, mas constrói uma base para que outros trabalhos examinem melhor a hipótese. O estudo foi feito da seguinte forma: 2.802 adultos saudáveis com média de idade entre 74 e 84 anos foram divididos em quatro grupos. Três receberam algum tipo de treinamento cognitivo: o primeiro focou na memória; o segundo, em raciocínio; o terceiro, em velocidade de processamento. Já o quarto não recebeu nenhum tipo de treinamento, e foi denominado “grupo controle”. Todos os participantes sabiam que tipo de treinamento estava recebendo e que haviam outros grupos recebendo outros tipos. Este não foi um estudo cego.
Os três primeiros grupos receberam os treinamentos em dez sessões de uma hora cada, espalhadas em várias semanas. Um grupo menor recebeu sessões extras um ano depois e também três anos depois do início do estudo.
Os participantes passaram por testes que avaliavam suas funções cognitivas depois de 6 semanas e também depois de 1, 2, 3, 5 e 10 anos. O projeto do estudo, porém, não previa este acompanhamento da marca dos 10 anos, e outros pesquisadores apontam que isso pode significar que os resultados esperados não foram observados nos primeiros 5 anos e que outra observação foi improvisada depois. O problema desta observação extra é que quanto mais tempo passa, mais provável que as observações sejam mais resultado do acaso do que como consequência do treinamento cognitivo, especialmente levando em conta que o treinamento foi de pouquíssimas horas.
Dez anos depois do início do estudo, apenas 1.220 participantes ainda faziam parte do trabalho, seja por que morreram ou por outros motivos. Deles, 260 desenvolveram demência. Os voluntários não passaram por exame clínico pelos pesquisadores, os pacientes (ou seus familiares) apenas informaram aos cientistas se tinham demência ou não.A observação de demência entre os grupos foi a seguinte: 24,2% no que focou na memória, 24,2% no que focou no raciocínio, 22.7% no que focou na velocidade de processamento e 28,8% no grupo controle.
Demência foi menos frequente no grupo de velocidade de processamento, comparado ao grupo controle, com 4,9% de chance de que esse resultado seja observado apenas pelo acaso. É importante lembrar que um valor-p próximo de 5% não é considerado evidência de um efeito.
Outro problema foi que o estudo afirmou que quanto mais sessões foram feitas, menor o risco de demência. Isso não é necessariamente causal, já que os participantes que frequentaram mais sessões podem ter características diferentes daqueles que não frequentaram, uma vez que o número de sessões não era distribuído de forma aleatória.
“Este é um estudo importante com uma amostra relativamente grande que explora a possibilidade de prevenir a demência pelo uso repetido de um tipo específico de treinamento cerebral, e 29% de redução da incidência de demência parece promissor. Porém, em minha opinião, o maior problema é que o diagnóstico de demência não foi confirmado por exames clínicos robustos”, argumenta a psiquiatra geriatra Sujoy Mukerjee, da West London Mental Health Trust (Reino Unido), em texto opinativo publicado no Science Media Centre.

Velocidade de processamento


A velocidade de processamento é muito importante para a aprendizagem, rendimento escolar e desenvolvimento intelectual. É uma habilidade cognitiva que pode ser definida como o tempo que uma pessoa demora para realizar uma tarefa mental. É o tempo de reação entre a pessoa receber a informação – visual ou auditiva – e responder à ela.
Um exemplo de teste de velocidade de processamento seria confirmar se contas simples estão corretas ou se o nome de objetos estão corretos ou não. Clique aqui para ver um teste de velocidade mental, em inglês.
[Science Alert, Science Media Centre, Alzheimer’s & Dementia] - Fonte:HScyence - Nov/17

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Ferro: um metal que vale ouro


Ferro: um metal que vale ouro 

 


 
O ferro, amplamente usado na indústria e conhecido desde a Antiguidade, é um nutriente essencial para todos os organismos vivos. Sem proteínas que contêm ferro, não conseguiríamos absorver o oxigênio da atmosfera, a respiração celular seria bloqueada e todo o metabolismo cessaria. Este artigo vai abordar a questão da distribuição do ferro no corpo e as doenças que a sua falta ou o seu excesso podem causar, começando por mostrar como esse importante elemento químico entra na cadeia alimentar. O ferro, portanto, vale “ouro” para a vida.

Apesar de ser abundante na natureza,ele não pode ser absorvido na forma em que se encontra. Isso porque, em nosso planeta, onde os oceanos têm uma grande quantidade de sais dissolvidos e a atmosfera é composta de 20% de oxigênio, todo o ferro está na sua forma mais oxidada, mais “enferrujada”, que é o íon férrico (Fe3+). Essa forma de ferro é caracterizada pela formação de minerais como óxidos ou hidróxidos muito pouco solúveis. Já o íon ferroso (Fe2+) tende a formar compostos mais solúveis. Entretanto, em um ambiente oxigenado ele não é estável, e se converte para a forma férrica.

Os organismos tiveram, portanto, que aprender a lidar com a dificuldade de extrair o ferro do ambiente. Literalmente, tiveram que desenvolver estratégias para “dissolver pedras” e poder assimilar o precioso metal dos seus minerais.

Organismos inferiores, como as bactérias, desenvolveram um arsenal de diferentes substâncias químicas conhecidas como sideróforos (transportadores de ferro). Exemplos dessas substâncias são a enterobactina e a desferrioxamina, mostradas nas imagens abaixo. Tais moléculas têm a capacidade de formar compostos solúveis e extremamente estáveis com o Fe3+, mais estáveis do que as estruturas minerais onde eles se encontram naturalmente.



Figuras: Fórmulas estruturais de dois sideróforos
 
  
Plantas gramíneas como o milho, o arroz e a cevada também produzem sideróforos, no caso chamados fitossideróforos, como a nicotianamina e o ácido mugineico, mostrados nas figuras abaixo. Essas substâncias são expelidas raízes das plantas e vão “dissolvendo” o mineral do solo diretamente em contato com elas.
 
  

Figuras: Fórmulas estruturais de dois fitossideróforos


Sejam bacterianos ou de plantas, os sideróforos são, portanto, substâncias importantes para trazer o ferro para dentro da cadeia alimentar.

Existe uma outra estratégia para a absorção de ferro do ambiente, que é usada pelas plantas que não produzem fitossideróforos. Nas suas raízes, elas possuem proteínas que são capazes de converter íons férricos (Fe3+) em íons ferrosos (Fe2+), que são prontamente assimilados.


O ferro no organismo

Um adulto humano normal apresenta de 1,7 g (mulheres) a 2,4 g (homens) de ferro, estocado em diversos compartimentos biológicos. Cerca de 65% desse total integram a hemoglobina, que é a proteína de transporte de oxigênio (veja a Figura 3), presente nos glóbulos vermelhos do sangue. Uma molécula de hemoglobina tem quatro íons de ferro, cada um deles acondicionado em grupos chamados heme. Esses grupos têm por característica atrair as moléculas de oxigênio captadas nos pulmões.

Uma vez “carregada” com oxigênio, a hemoglobina é transportada pela circulação até chegar às células, onde transfere sua carga de oxigênio para uma proteína menor, parecida com ela, chamada mioglobina.

A mioglobina é também uma proteína que utiliza o ferro, neste caso, para receber o oxigênio vindo da hemoglobina. Após um período de aproximadamente 2 meses, os glóbulos vermelhos ficam velhos e são reciclados pelo próprio organismo, sendo que o ferro que deles se extrai é utilizado para a produção de novos glóbulos vermelhos.

Estrutura simplificada da hemoglobina e fórmula estrutural do grupo heme que contém o íon Fe²+

O ferro é um elemento tão importante para a vida que o corpo humano não criou um mecanismo para eliminar eventuais excessos. Uma pessoa normal controla o balanço de ferro no momento da absorção: se seu organismo precisa desse elemento, ele é absorvido. Se não necessita, ele não chega a ser assimilado. Podemos perder ferro através da descamação da pele e da mucosa intestinal, sudorese, sangramentos ocasionais e, nas mulheres, pela menstruação. É por isso que devemos obtê-lo por meio da alimentação, sendo recomendada a dose diária de 18 miligramas desse elemento. Esse valor é uma média, ou seja, ele pode ser maior ou menor para uma determinada pessoa, dependendo do seu estado de saúde, da sua idade e até mesmo do seu estilo de vida.

Ao contrário de algumas plantas e das bactérias, o corpo humano não produz sideróforos, portanto, não pode “dissolver pedras” como fazem esses organismos. O corpo também não tem o poder de absorver o ferro diretamente do solo com eficiência. O ferro que absorvemos mais facilmente vem da dieta, sendo os alimentos ricos desse metal as carnes vermelhas, o peixe, a lentilha, o feijão, o espinafre e o frango. A forma química do ferro nesses alimentos, porém, pode variar muito, o que vai interferir com a sua absorção: o ferro de alimentos de origem animal é mais facilmente assimilável do que o de origem vegetal. Isso não significa, contudo, que os vegetarianos terão necessariamente problemas para manter um nível adequado de ferro no organismo.

É interessante destacar que, num organismo saudável, o ferro se encontra protegido sob formas químicas muito estáveis, sem traços desse elemento “livre”. Isso é muito importante, pois sendo o ferro tão cobiçado por diversos organismos, nosso corpo poderia ser infectado por muitos parasitas que se aproveitariam desse elemento caso ele não estivesse bem “acondicionado”, transformando nosso sangue em uma espécie de “caldo de cultura” para eles.

Existe no sangue uma proteína destinada a transportar o ferro desde o intestino até as células que dele necessitem, chamada transferrina. Poderia se pensar na transferrina como um “carro forte” que leva o metal precioso da sua fonte até o seu destino, sem permitir que ele seja perdido pelo caminho.

  
Doenças causadas pela falta de ferro

Existem diversos motivos pelos quais o organismo pode apresentar deficiência de ferro. Por exemplo, uma demanda aumentada pelo elemento (não suprida pela dieta), que tipicamente pode ocorrer durante o crescimento ou a gravidez, perdas grandes por sangramentos ou pela incapacidade do organismo de absorver ferro devido a problemas na mucosa intestinal.
 
A anemia ferropriva é uma forma comum de anemia provocada pela baixa ingestão de ferro, de tal forma que a hemoglobina não pode ser produzida. Essa forma de anemia é uma das principais desordens nutricionais do mundo moderno, afetando cerca de 37% da população mundial. Em algumas regiões do Brasil estima-se que até cerca de 80% das crianças apresentam esse problema, normalmente devido à falta de acesso a alimentos como carnes e peixes, concomitante ao consumo, às vezes exclusivo, de alimentos que contém ferro, mas em uma forma não muito acessível para o corpo (como grãos e vegetais). É por isso que não só no Brasil, mas em muitas partes do mundo, alimentos de uso comum, como as farinhas, são, por lei, fortificados com ferro (cerca de 4 miligramas por 100 gramas de farinha).



Doenças causadas pelo excesso de ferro

Um problema menos comum, mas importante, ocorre quando o ferro se encontra em excesso no organismo. A sobrecarga de ferro é uma condição clínica que se instala quando o organismo contém mais ferro do que necessita, ultrapassando a capacidade da transferrina sanguínea e ficando em formas químicas mais reativas. A sobrecarga de ferro pode ser diagnosticada tanto no sangue quanto nas células de alguns tecidos, como fígado, coração e cérebro.

A sobrecarga de ferro pode ser consequência de enfermidades, como a talassemia e a hemocromatose hereditária. A talassemia é uma doença genética que provoca a má-formação de hemoglobina e de glóbulos vermelhos, que são reprocessados pelo corpo muito mais rapidamente do que deveriam, e o ferro que sai desse processo não é prontamente reabsorvido em outros compartimentos do corpo. Podem ocorrer diferentes graus dessa anomalia, por isso os sintomas podem ir de um leve cansaço a problemas cardíacos sérios. Os portadores dessa doença tendem a ter a pele e/ou o globo ocular amarelados. Existem determinadas populações que apresentam maior frequência das mutações que provocam as talassemias, como os habitantes do norte e do leste da África, sul da Europa, Índia e sudeste asiático. No Brasil, é relativamente frequente entre negros e mulatos, pois seus ancestrais vieram de regiões da África onde essa mutação ocorria com frequência.

A hemocromatose hereditária é também uma doença de fundo genético, mas caracterizada pela disfunção nos mecanismos que controlam a absorção de ferro pelas células. Nos portadores dessa doença, o organismo não consegue parar de absorver o ferro da dieta, fazendo com que o elemento seja depositado no fígado, no pâncreas e no coração. A doença pode causar cirrose, câncer de fígado, insuficiência cardíaca e diabetes. A hemocromatose afeta principalmente a população caucasiana.

Além dessas duas doenças, a sobrecarga de ferro pode ser um efeito colateral de um regime de transfusão de sangue prolongado, pois cada bolsa de sangue contém cerca de 200 miligramas de ferro livre.

Como citado, o organismo não tem como eliminar o excesso de ferro, talvez até por uma estratégia de sobrevivência (sendo tão precioso, não há sentido evolutivo em desenvolver um meio de se livrar dele). Então, nos pacientes sobrecarregados, todo o ferro que se encontra fora dos compartimentos bioquímicos corretos (como por exemplo, ligado à transferrina ou à hemoglobina) pode ser disputado por outros organismos, e aí existe a chance de ocorrer infecções generalizadas.

É relativamente simples administrar a sobrecarga de ferro no organismo. O tratamento depende da condição clínica que originou a sobrecarga e pode ser aplicado pela combinação de métodos que envolvem a coleta de sangue, o controle no consumo de alimentos ricos em ferro ou a terapia de quelação.

A terapia de quelação é o tratamento do paciente com moléculas ou seus ânions que tenham grande afinidade por metais (conhecidas como quelantes) e que formam compostos inertes que são excretados. A terapia de quelação não é usada apenas para tratar sobrecarga de ferro, mas pode ser aplicada para qualquer tipo de intoxicação por metais, como mercúrio, chumbo, cobre e cádmio.
 
O primeiro quelante usado em terapia de quelação de ferro foi um sideróforo bacteriano, a desferrioxamina, conhecida pelo nome de Desferal®. Ela não é ativa quando administrada por via oral, e é rapidamente excretada pelo organismo, tendo, portanto, que ser administrada por longas infusões intravenosas. Há outros dois quelantes sintéticos ativos por via oral: a deferiprona (Ferriprox®) e o deferasirox (Exjade®), cuja fórmulas químicas são mostradas abaixo.

deferiprona (Ferriprox®)

deferasirox (Exjade®)

Fórmulas estruturais de dois quelantes sintéticos empregados na terapia de quelação de sobrecarga de ferro


Considerações finais

O ferro é um elemento abundante e de grande importância biológica, embora seja pouco disponível para os microrganismos, que tiveram que desenvolver estratégias químicas sofisticadas para deixá-lo na forma adequada para ser metabolizado. O corpo humano capta ferro por meio da alimentação e o estoca em compartimentos químicos bem definidos para impedir a infestação por organismos competidores, e para bloquear a formação de espécies reativas de oxigênio. Problemas no metabolismo de ferro podem incluir sua falta (anemia ferropriva) ou excesso (sobrecarga de ferro). Enquanto o primeiro problema é facilmente corrigido através de uma alimentação adequada, o segundo requer o tratamento com substâncias que removam o ferro do corpo, conhecidas por quelantes.


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Ferro – Um elemento de “transição”

O ferro é o elemento de número atômico 26 com a seguinte distribuição eletrônica: 1s22s22p63s23p63d64s2. Por ter um orbital d não completamente preenchido (ou seja, com menos de 10 elétrons), o ferro é um dos elementos de transição. O termo “elemento de transição” foi usado pela primeira vez no início do século 20, e refere-se às propriedades químicas que vão gradualmente mudando pela ocupação sucessiva dos elétrons dos orbitais d desses elementos da esquerda para a direita na Tabela Periódica. (Figura 5).

A ocupação parcial da subcamada d faz com que os elementos de transição tenham propriedades semelhantes. Por exemplo, eles formam compostos coloridos, podem ter propriedades magnéticas, e se apresentam em vários estados de oxidação. No caso do ferro, além do átomo de carga neutra (Fe0; o ferro metálico usado por exemplo na construção civil), ele pode se apresentar com as cargas +2 (Fe2+; íon ferroso) ou +3 (Fe3+; íon férrico). Sais ferrosos normalmente são esverdeados, enquanto que sais férricos são amarelados.





Abundância do ferro na natureza


Dentre os metais de transição, o ferro é o mais abundante na crosta terrestre, encontrando-se na proporção aproximada de 5,5%. Para se ter uma ideia, o titânio, o segundo metal de transição mais abundante, está presente na proporção de 0,44 %, e o cobre, outro elemento metálico importante para os organismos vivos, está presente na proporção apenas de 0,01%. Tal abundância do ferro em relação aos demais metais de transição encontra paralelos na composição do sistema solar e do Universo como um todo. Isso acontece porque o ferro é o elemento químico mais pesado que pode ser produzido nas “fornalhas” estelares durante o processo chamado de nucleossíntese – uma cascata de reações de fusão nuclear onde prótons e nêutrons se combinam para se converterem nos átomos, e esses átomos por sua vez vão se combinando em outros cada vez mais pesados. Elementos mais pesados que o ferro não podem ser produzidos pelos processos nucleares normais das estrelas, necessitando de energia extra que vêm da explosão de supernovas.


Leia mais
 
 “Sideróforos: uma resposta dos microrganismos" (artigo publicado na revista Química Nova: http://www.scielo.br/pdf/qn/v25n6b/13131.pdf)
 
“Genética das doenças hematológicas: as hemoglobinopatias hereditárias” (artigo publicado no Jornal de Pediatria: http://www.scielo.br/pdf/jped/v84n4s0/v84n4s0a07.pdf)
 
 
Metabolismo do ferro: uma revisão sobre os principais mecanismos envolvidos em sua homeostase” (publicado na Revista Brasileira de Hematologia e Hematoterapia: http://www.scielo.br/pdf/rbhh/v30n5/v30n5a12.pdf)
 
“Ferro e neurodegeneração” (publicado na revista Scientia Medica )
 
 

 
Quadro de conceitos


Anemia - Doença caracterizada pela diminuição da quantidade de hemoglobina do sangue.

Anemia ferropriva - Doença causada pela diminuição da quantidade de hemoglobina do sangue, decorrente da baixa ingestão (ou assimilação) de ferro.

Hemocromatose hereditária - Anomalia genética que leva à absorção excessiva de ferro.

Íon - Espécie química com carga elétrica. Pode ser um cátion (se tiver carga positiva) ou um ânion (se tiver carga negativa).

Quelante - Molécula ou íon que forma compostos solúveis e estáveis com íons metálicos. O quelante tem vários pontos de ligação com o metal.

Terapia de quelação - Tratamento baseado no uso de quelantes para a remoção do excesso de metais do organismo.



Breno Pannia Espósito
Instituto de Química
Universidade de São Paulo
breno@iq.usp.br
http://www.iq.usp.br/breno/

Fonte:CRQ/IV

 

domingo, 26 de novembro de 2017

20 animais nada fotogênicos que vão te fazer rir sem culpa

20 animais nada fotogênicos que vão te fazer rir sem culpa

Se você é aquela pessoa que sempre estraga as fotos do rolê, saiba que não está sozinho.
Todos nós temos um amigo pouco fotogênico que sai fazendo careta, de olho fechado ou parecendo um psicopata recém-surgido para matar todo mundo nas fotografias.
Os animais também podem ser esse amigo. Alguns simplesmente não conseguem fazer uma boa pose, por mais majestosos e graciosos que sejam. [BoredPanda]




















Por: Natasha RomanzotiEm: 25.11.2017 | Em Animais, Principal, Super listas  | Tags: , ,   - Fonte:HScyence -- Nov/17)

sábado, 25 de novembro de 2017

10 coisas que todo Trabalhador deve saber sobre a Reforma Trabalhista


10 coisas que todo Trabalhador deve saber sobre a Reforma Trabalhista

Confira aqui 10 tópicos sucintos e diretos que você precisa saber para poder defender seus direitos.



1 – A tão temida multa por litigância de má-fé trazida pelo artigo 793-B da CLT somente será aplicada se você ajuizar um processo judicial e faltar com a verdade, ou se o seu advogado praticar algum procedimento irresponsável. Não existe multa por litigância de má-fé fora do âmbito processual – ou seja, o seu empregador não pode te aplicar uma multa por “má-fé”.
A dica é: não deixe de ajuizar sua ação trabalhista por medo de ser condenado a esta multa. Se você precisar ajuizar uma reclamatória trabalhista, procure sempre um profissional competente e que te passe confiança.
2- Testemunhas que faltarem com a verdade, no âmbito do processo, agora também podem ser condenadas à multa por litigância de má-fé. Entendemos que isso pode ser favorável ao trabalhador, pois reduzirá o risco de o empregador “obrigar” as suas testemunhas – que geralmente ainda são seus empregados – a faltar com a verdade para beneficiar a empresa.
Sempre oriente suas testemunhas a falarem a verdade. Um advogado especialista e atualizado com certeza terá uma conversa com as suas testemunhas antes da audiência, aplicando técnicas que permitam que elas não faltem com a verdade, bem como proporcionem o máximo de aproveitamento em seu favor.
3 – O intervalo para descanso e refeição continua sendo de 01 hora para jornadas acima de 06 horas diárias. O seu empregador não pode reduzi-lo arbitrariamente. A reforma não trouxe a diminuição deste intervalo, mas sim a possibilidade de que essa redução seja negociada entre os sindicatos ou entre o sindicato e a sua empresa, respeitando o mínimo de 30 minutos.
Mas existe uma exceção: Esta redução poderá ser negociada diretamente entre empregado e empregador, se o empregado receber acima de 02 tetos da previdência (hoje, aproximadamente R$ 11.000,00), e for graduado em nível superior.
4 – Enquanto estiver em vigor a medida provisória editada pelo Presidente da República (MP 808/2017), a adoção do regime de 12 horas de trabalho por 36 horas de descanso somente é possível mediante acordo ou convenção coletiva (negociação entre os sindicatos ou entre sindicado e empresa). Mas isso poderá mudar nos próximos meses, então vale a pena ficar ligado.
A exceção é a categoria dos profissionais da saúde, que podem ter o regime de 12 x 36 implementado mediante acordo individual escrito.
5- A empregada gestante não pode, sob hipótese alguma, trabalhar em ambiente insalubre em grau máximo. Todavia, a Medida Provisória 808/2017 diz que, se esta gestante, voluntariamente, apresentar atestado de saúde emitido por médico de sua confiança, autorizando o trabalho em condições insalubres mínimas ou médias, poderá trabalhar nestas estas condições.
6- Agora as empresas e demais pessoas jurídicas (empregadores) podem ter direito a indenização por dano moral. Portanto, muito cuidado com o que você pública em suas redes sociais. Tente não falar sobre o seu trabalho ou assuntos profissionais no Facebook, Instagram, Whatsapp, etc, ou você poderá ser responsabilizado por isso.
7- As férias podem ser usufruídas em até três períodos, mas apenas se você concordar com isso, sendo que um destes períodos não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os outros dois não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um. Ah, o empregador não pode determinar que o início das férias ocorra no período de dois dias antes de feriados ou dias de descanso semanal.
Além disso, o pagamento das férias deve ocorrer até dois dias antes do início, sob pena de o empregador ter de pagá-las em dobro a você.
8 – Agora é legalizado o acordo entre você e seu empregador para a rescisão do contrato de trabalho. Porém, nada de firmar acordos fora da lei, devolvendo a multa do FGTS ou coisa parecida, pois você poderá ser processado e condenado criminalmente. Funciona assim:
· Se vocês entrarem em acordo e decidirem que você vai trabalhar durante o aviso prévio, você deverá trabalhar 30 dias com redução de 02h de jornada durante todo esse período, ou você pode optar em ser dispensado 07 dias antes do término do aviso.
· Se vocês decidirem que o aviso prévio será indenizado (ou seja, que você não precisará cumprir aviso prévio), o empregador deverá pagar metade do valor correspondente a este período.
· A multa do FGTS que o empregador é obrigado a pagar, neste caso, não será de 40%, mas sim de 20%.
· As férias vencidas e as férias proporcionais, os 13º salários, o salário do mês, e outras eventuais verbas rescisórias, devem ser pagas em valor integral.
Ah, você só vai conseguir sacar 80% do valor que estiver depositado na sua conta do FGTS, e não mais 100%, e você também NÃO PODERÁ ENCAMINHAR O SEGURO DESEMPREGO.
9 – Agora é possível que o empregador procure o sindicato e assine um termo de quitação anual das verbas trabalhistas. É um documento que atesta que naquele ano o empregador cumpriu com todas as suas obrigações trabalhistas. Este documento será repassado a você para assinatura, mas ATENÇÃO: somente assine se você estiver 100% certo de que tudo foi pago direitinho durante o ano. Se houver alguma diferença que você entende que não tenha sido paga, se recuse a assiná-lo.
Em caso de dúvidas, vale consultar um advogado especialista em Direito do Trabalho para que ele lhe acompanhe no sindicato e/ou analise esta documentação antes que você assine.
Lembrando que caso você seja credor de diferenças e assine este documento, isso dificultará bastante que você busque os seus direitos futuramente mediante ação judicial.
10 – Via de regra, mesmo com as modificações trazidas pela reforma trabalhista, você não pode ser prejudicado. Se, por exemplo, tentarem aumentar sua jornada de trabalho, retirarem o pagamento de horas extras, reduzirem seu intervalo, ou praticarem qualquer outra alteração no seu contrato de trabalho, alegando que “agora a lei é assim”, consulte um especialista e faça valer seu direito.
Embora a Reforma Trabalhista assuste um pouco, não tenha medo de reivindicar as suas garantias. Mas isso deve ser feito de maneira estratégica, ética e responsável, por isso, agora mais do que nunca confie seu problema trabalhista SEMPRE a um advogado sério, ético e responsável.
Espero que tenha ajudado!
Até a próxima.



Email: inaciotaroucoadv@gmail.com