quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Alimento com muita gordura está associada à obsidade e depressão



Alimento com muita gordura está associado à depressão e ansiedade

Alimento com muita gordura está associado à depressão e ansiedade
As consequências da alimentação com muita gordura sobre as condições metabólicas estão bem estabelecidas. Obesidade, diabete tipo 2 e aterosclerose são desfechos bem conhecidos deste tipo de padrão alimentar, tão comum nos dias de hoje.
Pesquisas recentes, utilizando tanto estudos clínicos como modelos animais, demonstram uma associação entre estas desordens metabólicas com alterações do humor, principalmente ansiedade e depressão, levantando a possibilidade que ocorra uma ligação bidirecional entre estes dois grupos de patologias. Um mecanismo de conexão pode estar associado ao sistema regulador de serotonina, que é o neurotransmissor cerebral alterado na depressão e ansiedade. Tanto a diabete como alterações de insulina são fatores que modificam o sistema serotoninérgico.
Um estudo recente, publicado online na revista científica British Journal of Pharmacology investigou, em camundongos, a relação entre os distúrbios metabólicos produzidos por uma dieta rica em gorduras com possíveis alterações cerebrais que ocorrem na ansiedade e depressão. Para isso, os pesquisadores administraram uma dieta rica em gorduras aos animais e avaliaram tanto os parâmetros metabólicos quanto os comportamentos que caracterizam ansiedade e depressão. No seguimento, foi testado, em outros grupos de animais, se um fármaco antidepressivo ou a retirada da dieta rica em gordura revertiam os efeitos metabólicos e as alterações comportamentais.
Como era esperado, a dieta rica em gorduras produziu um aumento no peso, aumentou o açúcar no sangue (glicemia) e diminuiu a tolerância à glicose. Estas alterações metabólicas foram associadas a comportamentos que caracterizam ansiedade e depressão. Os animais apresentaram também uma redução nas concentrações de serotonina em uma região do cérebro chamada hipocampo, onde níveis maiores estão ligadas a um melhor humor.
Curiosamente, o uso de antidepressivo não reverteu a ansiedade e depressão, ao passo que a retirada da dieta rica em gorduras aboliu completamente as alterações metabólicas e reverteu a depressão e ansiedade, mesmo que parcialmente.
Estes resultados poderiam explicar porque o tratamento antidepressivo não tem efeito em alguns casos de pacientes diabéticos ou obesos. Os resultados evidenciam também uma alteração cerebral (redução da serotonina) que poderia ser o ponto de ligação entre os dois tipos de doença.
Enquanto mais estudos estão sendo conduzidos para tentar esclarecer completamente esta ligação seria prudente reduzirmos nossa ingestão de gorduras, tão facilmente presente hoje na nossa alimentação.

Autor: Equipe ABC da Saúde
Referência Bibliográfica
  • -British Journal of Pharmacology - doi: 10.1111/bph.13343

Nomenclatura binomial


Nomenclatura binomial

Biologia

A nomenclatura binomial cria um padrão na escrita de nomes científicos, evitando assim a confusão causada por nomes populares.
Sabemos que existe uma infinidade de seres vivos no planeta e cada um recebe um nome popular de acordo com a região onde é encontrado. Pense como seria impossível todos os pesquisadores do mundo trocarem informações a respeito de um ser vivo se cada um der um nome diferente a ele.
Pensando nisso, Carl von Linné, também conhecido como Lineu por nós, brasileiros,  apresentou, em 1735, um livro chamado Systema Naturae, onde propôs uma forma de classificação para os seres vivos, bem como regras para a nomenclatura biológica.
As regras propostas por Lineu fizeram com que ocorresse uma padronização na escrita dos nomes das espécies a fim de evitar confusões ao falarmos de um organismo para pessoas de diferentes regiões.
Manihot esculenta é o nome científico da mandioca, também chamada de macaxeira e aipim
Manihot esculenta
é o nome científico da mandioca, também chamada de macaxeira e aipim
As regras propostas por Lineu ainda são utilizadas, entretanto, com algumas modificações. Observe abaixo algumas das regras utilizadas para a escrita dos nomes das espécies:
- Todos os nomes científicos devem ser escritos em latim ou latinizados;
- Todo nome científico de espécie é composto por dois nomes (daí o nome: nomenclatura binomial). O primeiro nome deve ter sua inicial maiúscula e diz respeito ao gênero. O segundo nome é o epíteto específico e deve ser escrito com inicial minúscula;
Observe que o nome da espécie é formado pelo gênero e pelo epíteto específico. Zea mays é o nome científico do milho
Observe que o nome da espécie é formado pelo gênero e pelo epíteto específico. Zea mays é o nome científico do milho
- Subespécies terão nomenclatura trinomial. Exemplo: Papilio thoas brasiliensis;
- Subgêneros são indicados entre parênteses. Eles devem ser escritos também com a inicial maiúscula. Exemplo: Thais (Stramonita) haemastoma;
- Os nomes das espécies devem vir destacados no texto, preferencialmente em itálico. Em casos em que não é possível utilizar o itálico, os nomes podem aparecer sublinhados. O importante é destacá-lo do restante do texto. Exemplo: Solanum tuberosum ou Solanum tuberosum;
- Quando citar o autor, este deve vir logo após o nome da espécie, escrito com letras normais e sem nenhuma pontuação entre a espécie e ele. Exemplo: Caryocar brasiliense Cambess.
- Quando citar o ano da primeira publicação, este deverá vir separado do autor por vírgula. Exemplo: Apis mellifera Linnaeus, 1758.

Por Vanessa dos Santos
Graduada em Biologia

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Cinco dicas para melhorar sua interpretação de texto


Cinco dicas para melhorar sua interpretação de texto

Redação

Ler e compreender nem sempre é tão simples quanto parece. Contudo, existem algumas dicas para melhorar a interpretação de texto que facilitarão seu dia a dia.
Infelizmente, ainda que o número de analfabetos no país tenha caído vertiginosamente nos últimos anos, precisamos lidar com um grave problema que afeta milhões de brasileiros: o analfabetismo funcional. Diz-se que um indivíduo é analfabeto funcional quando ele, mesmo sendo tecnicamente alfabetizado, isto é, conhece e decifra adequadamente o código, é incapaz de compreender aquilo que leu. É interessante observar que essa dificuldade não está relacionada com os anos de exposição ao conhecimento sistematizado, haja vista que atinge pessoas com todos os níveis de escolaridade, conforme pesquisa do Indicador de Analfabetismo Funcional, o Inaf.
Como boa parte dos leitores não consegue entender simples leituras, é normal que o desinteresse pelos livros aumente, afinal de contas, as palavras ficam esvaziadas de sentido e ler torna-se uma tarefa enfadonha, desvinculada de qualquer possibilidade de prazer. Contudo, essa realidade precisa ser mudada, por isso o Brasil Escola preparou para você cinco dicas para melhorar sua interpretação de texto. São dicas simples de leitura que certamente farão diferença no seu dia a dia na escola, na faculdade e no trabalho. Vamos lá? Boa leitura e bons estudos!
Ler devagar, fazer anotações e recorrer sempre ao dicionário estão entre as cinco dicas que vão melhorar a sua interpretação textual
Ler devagar, fazer anotações e recorrer sempre ao dicionário estão entre as cinco dicas que vão melhorar a sua interpretação textual
Cinco dicas para melhorar sua interpretação de texto
Dica 1 Procure um lugar agradável para ler: Sempre que possível, procure um local adequado para fazer sua leitura diária. Isso significa estar bem acomodado, longe de ruídos e influências externas que possam atrapalhar a sua concentração. Mesmo que você consiga ler e assistir à televisão ao mesmo tempo, evite esse tipo de comportamento: ajude seu cérebro a “digerir” uma informação de cada vez, ele precisa de tempo para assimilar novos conteúdos e conceitos;
Dica 2 Não subestime a importância de um bom dicionário: Recorrer a um dicionário não é feio ou proibido: ele não é o “pai dos burros”, ele é o pai dos curiosos e estudiosos. Nossa língua portuguesa é composta por uma infinidade de vocábulos, você não precisa saber o significado de cada um deles. Surgiu uma dúvida? Consulte o dicionário e anote a palavra consultada no caderno, pois assim ela poderá fazer parte de seu vocabulário em construção;
Dica 3 Sempre que possível, leia no papel: Muitas pessoas perderam o hábito de adquirir livros físicos, isto é, impressos. Contentam-se com a leitura de documentos virtuais que nem sempre oferecem as mesmas possibilidades de leitura que o texto no papel, onde podemos fazer anotações, sublinhar, dobrar páginas e outros recursos que facilitam a interpretação textual. Ler no computador ou nos demais suportes tecnológicos pode ser mais cômodo e prático, mas nem sempre é a melhor opção para quem tem dificuldades de interpretação textual;
Dica 4 Faça paráfrases: Antes de apresentarmos essa dica, é importante que você saiba que a paráfrase nada mais é do que uma explicação livre e desenvolvida de um livro ou documento. Sendo assim, à medida que a leitura avançar, faça pausas e tente explicar com suas próprias palavras (isto é, sem transcrever o fragmento do documento) aquilo que você já leu. Essa técnica facilita a compreensão do texto;
Dica 5 Leia devagar: Nós sabemos que são muitas e urgentes as demandas diárias, mas, sempre que possível, reserve um tempo para ler com calma, leituras apressadas dificilmente são processadas pelo cérebro. Às vezes, o que falta para o leitor são condições adequadas de leitura, e não capacidade de compreensão textual. Fatores externos influenciam muito no sucesso ou no fracasso da leitura, portanto, nada de ler se não tiver tempo suficiente para refletir sobre aquilo que foi lido, certo?

Por Luana Castro
Graduada em Letras

terça-feira, 27 de outubro de 2015

A Bandeira de Israel

A Bandeira de Israel

A Bandeira de Israel

Em 1948 depois de quase 2000 anos de exílio, o Estado de Israel foi reestabelecido como o Lar Nacional Judaico. A nova bandeira foi apresentada na ONU em 1949. A bandeira é símbolo do orgulho do retorno da Nação Judaica ao seu lar. Diante das nações do mundo, é a Bandeira que identifica uma determinada nação, por isso ela é tão importante para cada nação!
Como a bandeira israelense foi escolhida?
David Wolffsohn, que participou do Primeiro Congresso Sionista, em 1897, conta a história do nascimento da bandeira israelense:
“A convite de nosso líder Teodor Herzl vim para a Basiléia para os preparativos para o Congresso. Entre muitos outros problemas que me ocupavam, havia um que continha algo da essência do problema judaico. Que bandeira seria pendurada no Salão do Congresso?Então tive uma idéia. Temos uma bandeira, e é azul e branca. O tallith (manto de orações), com o qual nos cobrimos quando oramos: este é nosso símbolo.Vamos tirar o tallith de sua sacola e vamos desenrolá-lo perante os olhos de Israel e os de todas as nações. Então encomendei uma bandeira azul e branca com a Estrela de David pintada.Foi assim que a bandeira nacional de Israel que esteve no Salão do Congresso surgiu.”
Após lermos este relato, veremos quão importante é a bandeira de Israel, pois em primeiro lugar as faixas azuis acima e abaixo da Maguen David (escudo de Davi) nos lembram o tallith. Quando vemos a bandeira de Israel, e nos lembramos da fé e das orações de muitas gerações de judeus que esperaram o retorno ao seu Lar.
Quantos judeus sonharam com o cumprimento da promessa de D’us em novamente reestabelecer o estado de Israel e oraram para que tal fato acontecesse. Porém os que viram este milagre se regozijaram muito, pois também fazem parte do povo que incessantemente buscou á D’us para que suas promessas fossem cumpridas e Israel novamente voltasse á existir!
A Maguen David (conhecida Estrela de David) é um tradicional símbolo judaico. A estrela é composta por dois triângulos, um com a ponta para cima, outro para baixo. Um deles aponta para tudo que é espiritual e santo. O outro aponta para baixo, para tudo que é terreno e secular. Ao levar uma vida de Torah e mitzvot o Judeu luta para unir o mundo espiritual ao terreno, o sagrado e o secular.
A tradição judaica nos diz que David, rei de Israel, enfeitava seu escudo e também de seus valentes com a estrela de seis pontas, por isso a estrela é chamada Maguen David ou escudo de Davi.
Observando a bandeira de Israel, notamos duas faixas azuis no fundo branco e no meio a estrela de David. As duas faixas indicam o trecho de Gn 15.18: “Naquele mesmo dia fez o Senhor aliança com Abrão dizendo: à tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito ao grande rio Eufrates”. Entre as duas faixas (rios) está a estrela de David representando Canaã ou Eretz Israel (terra de Israel), conforme a vontade de D’us.
D’us disse a Abrão que daria a terra conhecida como Canaã á Israel Somente pode dar algo à alguém aquele que é o dono! E está escrito no Salmo 24.1: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e àqueles que nele habitam”. Quando olhamos as duas faixas da bandeira com a estrela ao centro nos lembramos da promessa cumprida (e por duas vezes!) a Israel e de como D’us faz questão de reafirmar isso através da bandeira!
As duas faixas azuis e a estrela ao centro também nos dão a idéia do princípio da criação onde D’us faz separação entre águas e águas: E disse D’us: haja um firmamento no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. Fez D’us o firmamento, e fez separação entre as águas que estavam debaixo do firmamento, e as águas que estavam por cima do firmamento… Gn1:6-7”.
Por inferência entendemos que o Espírito de D’us então, esteve antes da separação pairando sobre as águas, porém fora do planeta, no círculo da terra, mas após a separação ele esteve em meio ás águas como a estrela entre as faixas azuis na bandeira, dando a idéia de que provavelmente estaria já dentro de nosso planeta; porém, isso é apenas um grifo particular.
Voltando á bandeira; as cores da bandeira têm significado profético!
Esta bandeira tão simples fala do caráter e da promessa de D’us para com Israel em suas cores, que também estavam presentes no tabernáculo, nos mostrando que elas têm uma forte ligação com o espiritual!
O Azul: esta cor nos fala sobre o céu, que é o lugar onde fica o trono de D’us (a sua habitação). Azul representa a majestade nas alturas!
Para Israel isso significa que tudo o que aconteceu no passado e tudo o que existe em Israel hoje procede do céu! Israel foi gerado nas alturas, no coração do Eterno que, através de vários milagres providenciou o “nascimento” de, Israel através de um homem velho e de uma mulher velha e estéril (Abraham e Sarai)! Por isso dizemos que tudo em Israel, desde a sua geração até os dias de hoje aconteceu milagrosamente!
O Branco nos fala de duas coisas muito importantes: paz e santidade. A santidade faz parte integrante do caráter do Eterno e ele exige que seu povo seja assim como Ele é (IPe.1:16)! Há um entrelaçar entre D’us e seu povo, gerando assim unidade entre o Eterno (o céu) e o povo de Israel (a terra). Assim os desejos e desígnios dos céus podem ser transmitidos a terra através do povo santo e escolhido por Ele para isso!
A paz é o maior anseio do povo de Israel em toda sua história! Desde seu nascimento e até os dias de hoje Israel sempre se viu às voltas com guerras, conquistas, lutas e atos que procurassem estabelecer e também defender aquilo que já fora conquistado no passado. Porém, em meio a todas estas coisas há uma promessa do Eterno â nação: paz! E essa paz faz parte do plano de D’us para com seu povo “Pois eu sei os planos que tenho para vós, diz o Senhor, planos de paz, e não de guerras, para vos dar uma esperança e um futuro”Jr.29:11. Não falamos de uma paz humana, transitória e conseguida através de acordos que nunca são cumpridos! Estamos falando da paz que somente leshua O Ungido (leshua, o Messias) pode dar a Israel! Esta paz virá em breve para definitivamente consolidar todos os planos do Eterno e dar um fim às disputas entre o Eterno e o maligno!
E quando isso acontecer, novamente estará .sendo cumprido e reafirmado aquilo que foi registrado na Palavra do Senhor: O Messias reinará por mil anos juntamente com Israel, até que o mal seja definitivamente vencido!
Agora, ao olharmos a bandeira de Israel devemos nos lembrar o que o D’us Eterno já fez por Israel e também que. aquilo que falta ser cumprido Ele não tardara a fazer! Esta bandeira é o sinal de D’us para o mundo dizendo:

“O Senhor reina: regozije-se a terra; alegrem-se as muitas ilhas!”(SI 97:1)
Shalom

"Se não soubermos esquecer, nunca estaremos livres de tristeza."
 




segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A biologia dos gêmeos

 
 A biologia dos gêmeos
           
A biologia dos gêmeos Gêmeos no útero, magnífica imagem de 1754 do cirurgião William Smellie (1697-1763). Imagem: Wikimedia Commons.
 
Gêmeos são crianças nascidas no mesmo parto, ou seja, da mesma mãe e geralmente no mesmo dia. Formalmente eles podem ser de dois tipos:

• Gêmeos monozigóticos, também chamados de idênticos ou univitelinos, são produto da fertilização de um único óvulo, com posterior divisão do zigoto. Esses gêmeos são sempre do mesmo sexo e, de maneira geral, muito parecidos, chegando ao ponto de serem indistinguíveis. Eles têm genomas iguais.

• Gêmeos dizigóticos, também chamados fraternos ou bivitelinos, são produto da fertilização de dois óvulos diferentes no mesmo ciclo ovariano. Esses gêmeos podem ser do mesmo sexo ou de sexos diferentes e são tão parecidos quanto dois irmãos quaisquer. Geneticamente eles têm em média 50% de compartilhamento genômico.

A humanidade sempre teve enorme fascínio pelos gêmeos, tecendo histórias mitológicas nas quais eles aparecem como conectados de forma especial, parceiros, metades de um todo que se completa, ou até opostos e antagônicos. Eles são paradigmas tanto do igual como do diferente.

Por exemplo, no mito de criação do Egito antigo, o deus da terra Geb e a deusa dos céus Nut eram gêmeos, e também amantes, em eterno abraço. Da união deles nasceram Ísis e Osíris, os mais populares deuses egípcios.

Um mito semelhante aparece na saga dos Volsung da mitologia nórdica, magistralmente contada por Richard Wagner (1813-1883) em sua ópera As Valquírias, parte de O anel dos Nibelungos (curiosamente uma trilogia de quatro óperas, já que a primeira, O ouro do Reno, é, formalmente, um prelúdio apenas). Sigmundo e Sieglinda são irmãos gêmeos que, sem saber disso, tornam-se amantes e geram Siegfried, que irá, ultimamente, por meio de sua relação amorosa com Brunhilda, causar o crepúsculo dos deuses e a ruína do palácio de Valhala. E é exatamente a destruição dos deuses que vai permitir a emergência dos humanos como a força dominante na Terra – uma bela lenda humanista.
Linda imagem da constelação Gemini do atlas celeste Uranographia, desenhado em 1690 por Johannes Hevelius (1611-1687). Imagem: Wikimedia Commons.
Muitos outros pares de gêmeos aparecem na mitologia e conquistam o imaginário popular. Entre eles, podemos destacar Castor e Pólux, lendários personagens gregos, atualmente as estrelas mais brilhantes da constelação de gêmeos (Gemini), um dos doze signos do zodíaco (de 21 de maio a 21 de junho), e também Rômulo e Remo, fundadores de Roma.

Literariamente, inúmeras estórias abordam os gêmeos, sendo comum o tema das confusões geradas pela semelhança fisionômica entre eles. William Shakespeare (1564-1616) conseguiu colocar duas duplas de gêmeos idênticos em uma única peça, apropriadamente chamada A comédia dos erros.

Distinguindo os tipos de gêmeos
A frequência do nascimento de gêmeos varia consideravelmente em diferentes populações: vai de cerca de 1% dos nascimentos nos países europeus a mais de 4% na Nigéria. A explicação para essa diferença apareceu após a invenção de uma simples maneira de calcular qual proporção dos gêmeos é monozigótica e qual é dizigótica.

O chamado Método de Weinberg baseia-se no fato de que gêmeos dizigóticos são metade das vezes de sexos diferentes e metade de sexo igual. Assim, a frequência de gêmeos monozigóticos pode ser estimada diminuindo-se do total o dobro do número de gêmeos de sexos diferentes. Quando isso foi feito, constatou-se algo muito interessante: a proporção de gêmeos idênticos é mais ou menos uniforme em todos os continentes e países (cerca de 0,4%), enquanto o que varia é a magnitude dos gêmeos fraternos. Na coluna do mês que vem entrarei em mais detalhes sobre o significado dessa observação.

Alguns leitores podem indagar se é possível usar o exame da(s) placenta(s) e das membranas fetais para estabelecer a zigosidade de gêmeos. Sabemos que o feto humano, que está ligado ao útero pela placenta, é envolvido por uma membrana amniótica (âmnio), que, por sua vez, é circundada por outra membrana chamada cório. Após o nascimento, todas essas estruturas são expulsas do útero e podem ser estudadas.

Inevitavelmente, todos os gêmeos dizigóticos terão dois âmnios e dois córios. Mas os gêmeos monozigóticos terão somente um âmnio e um cório? Não. Se há apenas um âmnio e um cório (gravidez monoamniótica e monocoriônica) podemos ter certeza que os gêmeos são monozigóticos, mas isso só é visto em cerca de 5% dos casos.

De maneira geral, se a separação e implantação dos gêmeos idênticos é mais tardia, podemos ter dois âmnios e um cório (52%) ou dois âmnios e dois córios (43%). Assim, o estabelecimento do número de córios é de muito pouca valia. Além disso, a análise de membranas é complexa, pois frequentemente elas se colam uma na outra e podem parecer uma só. A análise do número de placentas é igualmente pouco útil, pois é comum gêmeos fraternos terem uma única placenta.
 
 


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Euryclides de Jesus Zerbini

Euryclides de Jesus Zerbini

07/05/1912, Guaratinguetá (SP)
23/10/1993, São Paulo (SP)
 

[creditofoto]O dr. Euryclides Jesus Zerbini foi um dos pioneiros na técnica dos transplantes de coração
O dr. Euryclides de Jesus Zerbini foi o quinto médico do mundo a realizar o transplante de coração. Ele dizia: "Operar é divertido, é uma arte, é ciência e faz bem aos outros".

Em 1935, com 23 anos formou-se em medicina pela Universidade de São Paulo e, mais tarde, especializou-se no Hospital das Clínicas em cirurgia geral. Nos Estados Unidos estudou cirurgia toráxica, cardíaca e pulmonar. Começou a dedicar-se à cirurgia intracardíaca em 1945.

Em 1957 iniciou experiências para abertura do coração, em animais, utilizando circulação extracorpárea. Na Universidade de Minneapolis, nos Estados Unidos, foi colega do dr. Christian Barnard, o primeiro cirurgião a realizar um transplante cardíaco.

Em 26 de Maio de 1968, realizou-se no Hospital das Clínicas, em São Paulo, pela equipe de Zerbini, o primeiro transplante de coração da América Latina. Realizado sem a droga ciclosporina, capaz de evitar a rejeição do órgão transplantado pelo organismo, o paciente viveu somente cerca de um mês. Em 1985, com descoberta da droga, a mesma cirurgia foi realizada com grande sucesso em um paciente portador da doença de Chagas.

O último transplante de coração feito pelo Dr. Zerbini e sua equipe aconteceu em 7 de janeiro de 1969. O êxito do cirurgião foi de grande importância não só nos meios científicos nacionais, mas também internacionais, trazendo para o país a admiração e o respeito das outras nações e tornando o Brasil um dos mais avançados centros de cirurgia cardiológica do mundo.

Professor da USP, criou o Centro de Ensino de Cirurgia Cardíaca, que se transformaria no Instituto do Coração (Incor), em 1975. Mais tarde, fazendo parte do Incor, surgiu a Fundação Zerbini para o Desenvolvimento da Bioengenharia, que também exporta tecnologia. Durante seus 58 anos de carreira, recebeu 125 títulos honoríficos e inúmeras homenagens de governos de todo o mundo. Realizou mais de 40 mil cirurgias cardíacas, pessoalmente ou por meio de sua equipe.
 
Como é feito um transplante de coração?
 
Há duas técnicas principais. Uma delas é chamada de clássica e a outra de bicaval. A diferença básica está no quanto de tecido do coração velho permanece no corpo do transplantado. A bicaval é a técnica que usa menos "sobra" do antigo órgão. Permanece no paciente apenas um restinho do átrio esquerdo (uma das quatro câmaras que formam o coração), que é conectado ao novo órgão. Hoje a cirurgia bicaval é usada em cerca de 60% dos transplantes realizados no mundo. No Brasil, só em 2003, foram realizados 175 transplantes desse órgão. No planeta são mais de 3 mil casos por ano. A freqüência com que a cirurgia é feita mostra que ela não é mais um mistério. Mas, em dezembro de 1967, todos ficaram assombrados quando o médico sul-africano Christian Barnard fez o primeiro transplante de coração inter-humanos. Apenas cinco meses depois, em maio de 1968, o cirurgião brasileiro Euryclides de Jesus Zerbini, que havia estudado com Barnard nos Estados Unidos, fazia o primeiro transplante na América Latina e o quinto do mundo! Apesar de hoje essa operação ser superconhecida, ela só é utilizada como último recurso. "Primeiro tentamos o uso de medicamentos ou uma cirurgia convencional. O transplante só é indicado para pacientes em fase de evolução avançada de uma doença cardíaca", diz o cirurgião cardíaco Noedir Stolf, chefe do setor de transplantes do Instituto do Coração (Incor), de São Paulo. Isso porque a operação envolve vários fatores de risco, como infecções e a possibilidade de o novo coração ser rejeitado pelo organismo do paciente. Mesmo assim, o índice de sobrevivência após o transplante é grande. "Ele é de 80% durante um ano ou mais. Com o passar do tempo, claro, esse índice vai se reduzindo. Até chegar a cerca de 50% de chance de o transplantado sobreviver ao longo de dez anos ou mais", afirma Noedir. Pode parecer pouco, mas para quem tinha um órgão cambaleante e estava à beira da morte, é como nascer de novo.
http://educacao.uol.com.br/biografias/euryclides-de-jesus-zerbini.jhtm
 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Agrotóxicos

Agrotóxicos


Desde a Revolução Verde, na década de 1950, o processo tradicional de produção agrícola sofreu drásticas mudanças, com a inserção de novas tecnologias, visando a produção extensiva de commodities agrícolas. Estas tecnologias envolvem, quase em sua maioria, o uso extensivo de agrotóxicos, com a finalidade de controlar doenças e aumentar a produtividade.
Segundo a legislação vigente, agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, utilizados nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagens, proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais.
O agrotóxico visa alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos. Também são considerados agrotóxicos as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.
Os agrotóxicos podem ser divididos em duas categorias:
1. Agrícolas, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens e nas florestas plantadas - cujos registros são concedidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atendidas as diretrizes e exigências dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente.
2. Não-agrícolas:
- destinados ao uso na proteção de florestas nativas, outros ecossistemas ou de ambientes hídricos - cujos registros são concedidos pelo Ministério do Meio Ambiente/Ibama, atendidas as diretrizes e exigências dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e da Saúde.
- destinados ao uso em ambientes urbanos e industriais, domiciliares, públicos ou coletivos, ao tratamento de água e ao uso em campanhas de saúde pública - cujos registros são concedidos pelo Ministério da Saúde/Anvisa, atendidas as diretrizes e exigências dos Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.

Agrotóxicos e meio ambiente:
O comportamento do agrotóxico no ambiente é bastante complexo. Quando utilizado um agrotóxico, independente do modo de aplicação, possui grande potencial de atingir o solo e as águas, principalmente devido aos ventos e à água das chuvas, que promovem a deriva, a lavagem das folhas tratadas, a lixiviação e a erosão. Além disso, qualquer que seja o caminho do agrotóxico no meio ambiente, invariavelmente o homem é seu potencial receptor.
A complexidade da avaliação do comportamento de um agrotóxico, depois de aplicado deve-se à necessidade de se considerar a influência dos agentes que atuam provocando seu deslocamento físico e sua transformação química e biológica. As substâncias sofrem processos físicos, ou químicos ou biológicos, os quais podem modificar as suas propriedades e influenciar no seu comportamento, inclusive com a formação de subprodutos com propriedades absolutamente distintas do produto inicial e cujos danos à saúde ou ao meio ambiente também são diferenciados.

Agrotóxicos no Brasil:
Os agrotóxicos são considerados extremamente relevantes no modelo de desenvolvimento da agricultura no País. O Brasil é o maior consumidor de produtos agrotóxicos no mundo. Em decorrência da significativa importância, tanto em relação à sua toxicidade quando à escala de uso no Brasil, os agrotóxicos possuem uma ampla cobertura legal no Brasil, com um grande número de normas legais. O referencial legal mais importante é a Lei nº 7802/89, que rege o processo de registro de um produto agrotóxico, regulamentada pelo Decreto nº 4074/02.

Registro:
Os agrotóxicos, para serem produzidos, exportados, importados, comercializados e utilizados devem ser previamente registrados em órgão federal, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura.
O Ibama realiza a avaliação do potencial de periculosidade ambiental de todos os agrotóxicos registrados no Brasil.

Segundo a Lei 7.802/89, artigo 3º, parágrafo 6º, no Brasil, é proibido o registro de agrotóxicos:
a) Para os quais o Brasil não disponha de métodos para desativação de seus componentes, de modo a impedir que os seus resíduos remanescentes provoquem riscos ao meio ambiente e à saúde pública;
b) para os quais não haja antídoto ou tratamento eficaz no Brasil;
c) que revelem características teratogênicas, carcinogênicas ou mutagênicas, de acordo com os resultados atualizados de experiências da comunidade científica;
d) que provoquem distúrbios hormonais, danos ao aparelho reprodutor, de acordo com procedimentos e experiências atualizadas na comunidade científica;
e) que se revelem mais perigosos para o homem do que os testes de laboratório, com animais, tenham podido demonstrar, segundo critérios técnicos e científicos atualizados;
f) cujas características causem danos ao meio ambiente.

Estresse hídrico


Estresse hídrico

Geografia

O estresse hídrico pode ser causado tanto pela falta d'água em termos naturais quanto pela má preservação e gestão dos recursos hidrográficos.
O estresse hídrico – também chamado de escassez hídrica física – é um termo utilizado para designar uma situação em que a demanda por água é maior do que a sua disponibilidade e capacidade de renovação em uma determinada localidade. Trata-se de uma expressão elaborada para representar uma situação grave que pode ser ocasionada tanto por fatores naturais quanto por fatores socioeconômicos.
Sabemos que os recursos hídricos encontram-se mal distribuídos entre os países e também no interior do território destes. As populações também se encontram de igual modo mal distribuídas no mundo, havendo, assim, regiões que abrigam um grande número de pessoas e, ao mesmo tempo, não apresentam uma disponibilidade de água para suprir suas necessidades.
Em muitos casos, o risco de estresse hídrico dificulta ou até impede o desenvolvimento econômico e humano, pois não permite que práticas como a industrialização e a agricultura desenvolvam-se, lembrando que essas são as áreas da economia que mais utilizam água. Com isso, além da própria água, torna-se necessário importar uma grande quantidade de produtos, o que faz com que se elevem as relações de dependência econômica, isso sem falar na baixa geração de emprego e poucas expectativas de crescimento local.
Existem algumas situações em que o estresse hídrico é provocado não pela escassez propriamente dita dos recursos hidrográficos regionais, mas sim pela poluição das águas, dos mananciais e reservas. Assim, mesmo com certa quantidade de água disponível, ela torna-se inutilizável, o que faz com que o estresse hídrico torne-se mais intenso ou aconteça em regiões onde a sua manifestação, em tese, seria improvável.
Em outros casos, o estresse hídrico está relacionado com problemas de gestão pública, a exemplo de um incorreto planejamento do manejo da água ou da não adequação dos sistemas de reservatórios para a população. Em São Paulo, atualmente, vive-se uma problemática nesse sentido, pois mesmo havendo, em volume total, uma quantidade de água adequada para a população da região, há ocorrência de escassez física desse recurso, o que vem provocando uma grande preocupação por parte da população local e também das autoridades.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), o estresse hídrico poderá afetar até 18 milhões de pessoas até 2020, mas existem outras previsões que falam em números maiores. Nos países andinos, a situação parece se complicar, pois boa parte dos rios que abastecem a região é proveniente do derretimento do gelo nas montanhas que compõem os Andes. Com a elevação das temperaturas em razão do aquecimento global, a quantidade desse gelo diminuirá e a vazão desses rios poderá ser menor.
Dessa forma, para que o mundo evite a ocorrência de um “estresse hídrico generalizado”, que afete a maior parte da população mundial, é preciso conservar os cursos d'água e os mananciais, bem como as reservas florestais que auxiliam na preservação das nascentes em seus mais diversos tipos. É necessário que o mundo consiga desenvolver-se a partir de uma perspectiva sustentável, ou seja, de conservação dos elementos naturais para as gerações futuras.

Por Me. Rodolfo Alves Pena

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Fitoterápicos e remédios naturais - Drauzio Varella

Fitoterápicos e remédios naturais - Drauzio Varella

Anthony Wong é médico pediatra e toxicologista. Diretor-médico do CEATOX - Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, e médico assistente doutor do Instituto da Criança. PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS
A UNIP desenvolve, na região do rio Negro, um programa de pesquisas sobre a propriedade farmacológica de determinadas espécies da flora amazônica. Os extratos obtidos dessas plantas são testados na presença de células tumorais malignas e de bactérias resistentes a antibióticos numa tentativa de identificar o composto ativo responsável pelo efeito desejado, uma vez que o extrato em forma de chá contém diversas substâncias diferentes. Isoladas, essas substâncias passam por um longo processo de estudos experimentais em animais de laboratório e depois por uma série de estudos clínicos em seres humanos. Esse processo consome pelo menos dez anos até que um medicamento alopático possa ser comercializado.
Quando se trata de remédios naturais, porém, não há o mesmo rigor. Eles são lançados no mercado sem obedecer à fiscalização mais séria, como se fossem absolutamente inócuos ou representassem uma panaceia universal para todos os males que nos afligem. Muitos, no entanto, não produzem efeito algum e outros podem até prejudicar nossa saúde.
DIFERENÇA ENTRE FITOTERÁPICOS E PRODUTOS NATURAIS
Drauzio – Qual a diferença entre fitoterápico e produto natural
Anthony Wong – O vocábulo fitoterápico é formado por duas palavras de origem grega: fito, que quer dizer planta, e terapia, que significa tratamento, medicação. Portanto, fitoterápicos são substâncias derivadas de plantas reconhecidas por sua eficácia e usadas há milhares de anos no tratamento de determinadas patologias. Remédios naturais são quaisquer substâncias retiradas na sua forma bruta da natureza, praticamente sem purificação alguma e utilizadas como medicamentos. Embora sejam quase sinônimos, os primeiros são produtos cuja ação já foi comprovada cientificamente, enquanto o conhecimento das propriedades medicamentosas dos segundos deriva da sabedoria popular e é transmitido de geração para geração.
Drauzio – Você poderia dar alguns exemplos?
Anthony Wong – Os fitoterápicos são apresentados sob a forma de ampolas, cápsulas ou pó para infusão. O ginseng é um exemplo clássico de fitoterápico, porque é conhecido há milhares de anos e tem eficácia comprovada. Ele é um tônico de múltiplas aplicações: ajuda a combater o desânimo, a impotência e a dor entre outros sintomas. Essa propriedade terapêutica variada advém do fato de o ginseng, que é extraído de uma planta, possuir vários compostos ativos ainda não identificados e de ação não totalmente conhecida.
REMÉDIO QUE SERVE PARA TUDO NÃO SERVE PARA NADA
Drauzio – Tive um professor na faculdade que dizia que remédio que serve para tudo, não serve para nada. Você concorda com isso?
Anthony Wong – Nesse caso, é preciso considerar o peso do efeito placebo. Quando uma pessoa se queixa de dores não muito específicas, remédio com efeito placebo tem valor inestimável. Em relação ao ginseng de que estávamos falando, até os especialistas divergem sobre a quantidade de espécies conhecidas e suas propriedades terapêuticas. De fato, embora tenham sido registradas mais de 150 espécies, existem apenas sete fitologicamente consideradas como ginseng. Sabe-se que, apesar de todas terem alguma utilidade para determinadas patologias, a potência é variável, pois dependendo da época da colheita, do local de origem, do solo e do clima, aumenta ou diminui a dosagem de seu princípio ativo e, consequentemente, aumenta ou diminui seu efeito. No caso do ginseng, ainda, como ele precisa ser purificado, em geral se conhece o nível de concentração dos componentes, mas é necessário tomar cuidado, pois dosagem maior pode provocar intoxicação séria.
Agora, imaginemos as consequências se a planta for usada em sua forma bruta. Nesse sentido, seu professor estava com a razão, uma vez que a substância ativa exigida para determinados distúrbios pode não estar presente na quantidade adequada. Além disso, em muitos casos, pode-se estar usando uma outra planta por engano. Aliás, uma causa importante de morte na China é justamente a intoxicação por produtos naturais. Ao colher uma raiz, a pessoa não muito hábil pode confundir-se e trocar os exemplares. Em 2001, em Hong Kong, 30 pacientes morreram de hepatite fulminante e 70 foram hospitalizados com doenças hepáticas graves.Certos de que estavam tomando remédio para os rins, tinham ingerido uma raiz hepatotóxica, Se isso acontece na China, país milenarmente conhecido pelo emprego da medicina natural, imagine o que pode acontecer no Brasil.
PRODUTOS NATURAIS PODEM FAZER MAL À SAÚDE
Drauzio – É importante desfazer o mito de que produtos naturais não fazem mal, não é mesmo?
Anthony Wong – Exatamente. É bom lembrar o seguinte: as três substâncias mais venenosas que existem são naturais. Uma, até a vovozinha bem intencionada pode oferecer, quando serve as compotas e conservas que preparou carinhosamente: os bacilos botulínicos. Embora seja usada no botox, a toxina do botulismo é o mais potente veneno que se conhece.
A segunda é encontrada num peixe, o baiacu, aquele que incha quando se toca nele. Na Bahia e no norte do país, já foram registrados vários casos de intoxicação grave porque as pessoas comeram esse peixe sem retirar as glândulas que contêm o veneno. O terceiro vem de uma planta e é usado para fabricar um raticida potentíssimo.
Para ser mais preciso, das dez substâncias mais tóxicas que se conhece oito são naturais. Diante de certas circunstâncias e exagerando um pouco, talvez valha mais a pena comer um hambúrguer do que aceitar um remédio ou um sanduíche natural.
KAWA-KAWA
Drauzio – Além do ginseng, a kava-kava também é muito popular?
Anthony Wong – O consumo da kava-kava está disseminado no mundo inteiro. Na Alemanha, um dos países que mais fazem uso de fitoterápicos, era um dos remédios mais vendidos. Trata-se de um tranquilizante. Estudos mostraram, porém, que certas variações de kava-kava, quando não bem purificadas, podem provocar doenças hepáticas graves e até mortes. Por causa disso, esse medicamento já foi retirado do mercado europeu. No Brasil, continua sendo vendido apesar do alerta levantado. Como se vê, estudos epidemiológicos estão evidenciando a verdadeira dimensão da utilidade e do risco que representam os remédios naturais.
ERVA-DE-SÃO-JOÃO
Drauzio – E o que dizer da erva-de-são-joão que é tão popular no Brasil?
Anthony Wong – A erva-de-são-joão é o remédio fitoterápico mais vendido no Brasil. O Hipericum perforatum, nome científico dessa planta, é usado como antidepressivo. Atualmente, há estudos contestando sua eficácia nesse campo, mas muitas pessoas com depressão ou desânimo e submetidas a tratamento com essa erva garantem que ela surte bons resultados. Talvez seja mais um caso de efeito placebo.
No entanto, aqui fica mais um alerta sobre os fitoterápicos. É voz corrente que se não fazem bem, mal não fazem. O Hipericum, se tomado com remédios antirretrovirais, normalmente usados no tratamento da AIDS, com a ciclosporina, que combate a rejeição de órgãos transplantados, com a digoxina, com pílulas anticoncepcionais e diazepínicos, entre outros, reduz em 40% a eficácia desses medicamentos. Que risco isso representa? É fácil deduzir. Suponhamos um paciente fazendo tratamento contra AIDS e tomando o coquetel, vitaminas e, às vezes, talidomida, que se sente deprimido e ouve falar de um remédio natural que pode melhorar seu ânimo. O que acontece? Ele resolve experimentá-lo e, de repente, sua doença se agrava. O mesmo pode ocorrer com os indivíduos transplantados. Inseguros por causa do transplante, eles decidem tomar um remédio natural que infelizmente vai interferir na ação dos medicamentos fundamentais para a aceitação do órgão transplantado.
FUTURO DOS PRODUTOS NATURAIS E FITOTERÁPICOS
Drauzio – Nos tratamentos contra o câncer, é comum a família e os doentes receberem sugestões de remédios naturais e fitoterápicos, naquela base de se não fizerem bem, mal não fazem. Então, o paciente chega no consultório e pergunta se determinado produto apresenta alguma contraindicação. Como saber se a amostra não tem rótulo, não tem bula nem indicação dos componentes ativos? 
Anthony Wong – É realmente muito complicado. No entanto, é bem provável que a medicina natural e principalmente os fitoterápicos tenham um futuro bastante promissor, porque a síntese dos medicamentos alopáticos está chegando ao fim. Muitas indústrias farmacêuticas estão enfrentando problemas sérios por não possuírem nenhuma síntese nova para apresentar nos próximos anos e correm o risco de ver, com o tempo, muitos de seus produtos perderem o direito à patente e se tornarem genéricos.  A solução, talvez, seja recorrer aos medicamentos naturais e fitoterápicos, mas é indispensável antes sujeitá-los a ensaios clínicos mundialmente aceitos e respeitados.
Estive na China há seis anos para dar uma aula de toxicologia e conheci o pessoal da medicina tradicional chinesa. Eles possuem uma biblioteca imensa, mas descrevem apenas poucos casos embora acompanhados durante um período bastante longo. À luz do que conhecemos como investigação científica, fica difícil aceitar essa conduta de trabalho, apesar de ser inegável o seu valor. Afinal, os chineses atravessaram os séculos sendo cuidados de acordo com os conceitos apregoados por esse tipo de medicina que, se não é curativa, pelo menos é preventiva. Pessoalmente, admito sua capacidade curativa, mas é preciso saber como sintetizar os princípios ativos de cada planta.
Drauzio – Em geral, a pessoa faz chás com esses produtos naturais. Na verdade, essa infusão é uma mistura de inúmeras substâncias das quais algumas podem fazer efeito e outras não. Faz sentido tomar essa quantidade de substâncias inócuas ou mesmo tóxicas para obter uma da qual não se pode calcular a concentração exata do princípio ativo, nem precisar a dosagem e a duração do tratamento?  
Anthony Wong – Esse alerta é oportuno para todos que resolverem experimentar fitoterápicos ou medicina natural. Primeiro, porque há necessidade de realizar mais estudos sérios e planejados quanto ao princípio ativo. Depois, por causa da multiplicidade e complexidade de composições de cada produto. Só no ginseng foram identificados 120 componentes potencialmente ativos. Aí começa o dilema: serve para tudo ou não serve para nada? De fato, alguns acabam tendo muitas aplicações exatamente por essa característica. O médico não deixa de associar vários medicamentos, apesar do risco de efeitos colaterais, quando trata de alguém que quer perder peso ou é portador de um caso complicado de diabetes.
De qualquer modo, a fitoterapia e a medicina natural têm passado com certeza e, acredito, provavelmente terão futuro. A elas está reservado um lugar importante na terapêutica ocidental, desde que indicadas por quem tenha conhecimento e experiência a respeito do assunto.
Nesse campo, o Brasil, possuidor de biodiversidade exuberante, é um País que tem tudo para destacar-se. Para tanto, é preciso dinheiro, seriedade e cientistas que se dediquem à pesquisa das propriedades de novas substâncias.
EFEITOS DO ARSÊNICO
Drauzio – O efeito do arsênico pode ser considerado paradoxal. Você poderia explicar como isso acontece?
 Anthony Wong – O arsênico é tóxico e o trióxido de arsênico são um dos mais poderosos poluentes ambientais. Em Bangladesh, por exemplo, já ficou provado que as pessoas apresentam problemas graves de saúde, porque a água é contaminada por esse elemento. No entanto, em recente congresso médico, foi discutido que o trióxido de arsênico As2Oé uma das mais promissoras moléculas para o combate ao câncer. Só o FDA (Food and Drugs Administration), órgão respeitado internacionalmente, reconhece mais de doze indicações formais – por exemplo, leucemia mieloide aguda, leucemia mieloide crônica, leucemia linfoide, câncer de pulmão do tipo pequenas células, etc. – para o uso de arsênico só que em doses infinitamente pequenas. Dados como esse me fazem crer que será necessário rever antigos conceitos da medicina e o conhecimento que temos a respeito de medicamentos fitoterápicos para estabelecer novos critérios terapêuticos.
EMPREGOS TERAPÊUTICOS DO BOTOX
Drauzio – Você falou da toxina do botulismo, o pior veneno conhecido pelo homem e, no entanto, muitas pessoas injetam essa toxina, o famoso botox, para eliminar as rugas. Essas pessoas correm algum perigo?
Anthony Wong – O botox tornou-se popular recentemente por causa de sua aplicação plástica para reduzir rugas. No entanto, ele já era indicado há mais de dez anos para o tratamento de contraturas musculares espásticas e dos  problemas neurológicos que se manifestam em contraturas musculares periódicas e involuntárias, nas quais o músculo se contrai espontaneamente, sem avisar. Para essas pessoasm o botox pode ser uma excelente indicação, assim como o é para crianças com paralisia cerebral que estão com os membros endurecidos. Antigamente, para resolver o problema era necessário operar, cortar os músculos, soltar o tendão ou prescrever um remédio caríssimo que nem sempre funcionava e podia ser tóxico. Hoje, uma simples injeção de botox pode tornar mais fácil o controle da criança e muitas até começam a andar depois de receber o medicamento. Atualmente, além do botox injetável existe um outro de uso tópico em forma de pomada ou de creme que, segundo consta, também funciona.
Há, porém, uma contraindicação. Se usado repetidamente, não só o botox, que é uma proteína, mas os veículos em que é diluído podem provocar uma reação alérgica, causando inchaço e endurecimento no local em que foi aplicado. E tem mais: é preciso prestar muita atenção, porque o botox está sendo manipulado sem o menor critério por profissionais despreparados. Nesse caso, o risco de infecção é grande e as consequências são péssimas. A infecção pode resultar em fibrose, um endurecimento da pele, ou até em necrose, isto é, na destruição dos tecidos. Portanto, atenção: botox só deve ser aplicado por mãos competentes. O Conselho Regional de Medicina pode ajudar a escolher a pessoa habilitada para o serviço, de preferência, um médico.
GUARANÁ EM PÓ
Drauzio – Muita gente afirma que se sente mais disposta depois de tomar guaraná em pó. Por que ele produz essa sensação agradável?
Anthony Wong – O guaraná em pó possui uma das maiores concentrações de cafeína que se conhece. Tanto é assim que, há 15 anos, era indicado no tratamento de crianças hiperativas em vez da ritalina e dos antidepressivos que se receitam hoje. Provavelmente, porém, como todas as substâncias naturais, deve possuir outros componentes ativos e nem todas as pessoas respondem da mesma forma ao seu uso. Eu tentei guaraná em pó uma vez. Sabe o que aconteceu? Fiquei com sono e dormi a tarde inteira. Comigo não deu certo. O efeito depende da reação de cada organismo.
QUINTOSANA E OS NÍVEIS DE COLESTEROL
Drauzio – E o que dizer da casca de camarão cujo uso tem-se difundido bastante nos últimos anos?
Anthony Wong – A casca do camarão é uma substância totalmente inerte que funciona igualzinho às fibras das verduras, isto é, estimula o trânsito intestinal. No entanto, existe na casca do camarão uma substância, a quitosana, encontrada também em outros alimentos (a aveia, por exemplo, é o único autorizado pelo Food and Drugs Administration para colocar isso em seu rótulo), que tem a propriedade de baixar os níveis de colesterol do sangue. A quintosana, ao estimular o trânsito intestinal, ajuda a diminuir a absorção de gordura o que reverte em menor risco de infarto. Ela não é remédio. Sua ação é meramente física.
No caso específico da casca do camarão, há um problema a considerar. Os animais provenientes de algumas regiões da Ásia podem estar contaminados por cromo, um elemento cancerígeno. Portanto, enquanto o Ministério da Saúde não autorizar o registro dos medicamentos à base de camarão, é bom não tomar esses remédios, porque podem ter efeitos colaterais indesejáveis. Artigo publicado recentemente numa revista especializada versou sobre o quadro de intoxicação por cromo de um paciente que estava usando casca de camarão com a finalidade de baixar o colesterol.
REMÉDIOS NATURAIS PARA EMAGRECER E PARA AUMENTAR A MUSCULATURA
Drauzio – Qual sua opinião a respeito dos remédios naturais para emagrecer?
Anthony Wong – A única forma natural de emagrecer é fechar a boca, ou seja, apelar para a força de vontade. Se analisarmos os remédios naturais para emagrecimento que existem no mercado, chegaremos à conclusão de que não há vantagem no seu consumo. Praticamente todos contêm anfetaminas para tirar o apetite, hormônios tiroideanos para acelerar a queima de gorduras ou são laxantes e diuréticos. Nós investigamos os componentes de algumas dessas fórmulas ditas naturais. As mais eficazes continham anfetaminas e tiroxina, ou seja, produtos alopáticos  disfarçados sob a nomenclatura de naturais. Chegamos a essa conclusão, ao acompanhar um trabalho de controle do uso de drogas em algumas empresas. O exame de urina dos empregados ou candidatos a vagas era pedido para controlar a presença ou não de anfetamina, cocaína, metanfetamina, maconha e opiácio. Quando se detectava algo estranho e se perguntava a respeito dos hábitos da pessoa, a resposta mais comum era que estavam tomando remédios naturais para emagrecer. Outros estavam usando medicamentos naturais contra asma.
Drauzio – E o que se pode dizer a respeito desses remédios, que estão na moda, para aumentar a massa muscular?
Anthony Wong – A respeito disso, gostaria de me dirigir aos jovens que estão tomando esses produtos para aumento da massa muscular. Não conheço nenhum que não possua alguma substância condenada pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). Todos contêm hormônios, ou anabolizantes, ou excesso de proteína, principalmente de creatina, porque milagre só existe um e se chama dedicação. O melhor é adotar uma dieta variada, rica em proteínas e verduras e evitar complementos vitamínicos, porque até vitaminas em excesso fazem mal.

As diferenças entre América Latina e Anglo-saxônica


As diferenças entre América Latina e Anglo-saxônica


O continente americano foi colonizado por povos de várias nações europeias, dentre eles: portugueses, espanhóis, franceses, ingleses e holandeses. Esses povos passaram a explorar toda a América e a impor sua cultura de maneira forçada aos povos nativos do continente.

Essa influência cultural oriunda de diferentes nacionalidades produziu distinções entre os países do continente, especialmente no que se refere ao idioma. Diante desse fator, o continente é regionalizado em América Latina e América Anglo-Saxônica.

Essa distinção é proveniente da língua falada nos países do continente. Desse modo, são considerados países latinos todos aqueles que possuem línguas derivadas do latim, como por exemplo, espanhol, francês e português. Já as nações que falam língua de origem anglo-saxônica, como o inglês, formam a América Anglo-saxônica.

O critério usado para essa regionalização não é muito rigoroso, tendo em vista que existem países localizados na América Latina que falam o inglês, dentre os quais podemos citar Guiana, Trinidad e Tobago, além do holandês, falado no Suriname. Sem contar países que preservam suas línguas nativas, como o Paraguai que, além do espanhol, fala o guarani.

Existem países, como o Canadá, considerados anglo-saxônicos, mas que falam tanto o inglês como o Francês (isso em algumas partes do país), língua derivada do latim.
Por Eduardo de Freitas
Graduado em Geografia

domingo, 18 de outubro de 2015

Economia brasileira vai demorar para se recuperar, apontam analistas

Economia brasileira vai demorar para se recuperar, apontam analistas

Mercado vê dólar em R$ 4 até 2019 e PIB negativo no 2º mandato de Dilma
Previsão média para IPCA sobe e contas devem ficar no vermelho até 2016.

Alexandro Martello Do G1, em Brasília
A economia brasileira vai demorar para sair do buraco. Segundo a percepção de economistas do mercado financeiro ouvidos pelo Banco Central e analistas consultados pelo G1, as previsões que, no início de 2015, indicavam um ajuste mais rápido para controle da inflação, para as contas públicas e nível de atividade, agora mostram que esse processo deve demorar bem mais tempo – podendo abranger o segundo mandato inteiro da presidente Dilma Rousseff.
No início deste ano, o mercado financeiro estimava um dólar abaixo de R$ 3 até 2019, um Produto Interno Bruto (PIB) crescendo nos quatro anos do segundo mandato de Dilma, superávit primário das contas públicas (a economia feita para pagar juros da dívida) em todo este período, de 2015 a 2018, e inflação média (nos quatro anos de governo) abaixo de 6% – além de taxas de juros mais baixas. 
Fonte: BC
Na semana passada, menos de dez meses depois, o mercado já vê o dólar acima de R$ 4 até 2019, o PIB médio negativo para o segundo mandato de Dilma, juros mais altos e inflação maior, acima, pela média, de 6,3% – com novo crescimento em relação aos quatro anos anteriores.
De modo geral, os analistas acreditam que a piora do quadro está relacionada, principalmente, com as dificuldades do governo em acertar as contas públicas, o que deve impactar, mais ainda, as taxas de emprego nos próximos anos.
Dificuldades
"Por mais que a economia internacional tenha contribuído para o quadro de dificuldades, a crise no Brasil é fundamentalmente interna e do setor público [contas em desordem]. O que mina a confiança dos agentes e causa instabilidade. Reverter esse quadro é crítico e está se mostrando muito demorado. Uma crise fiscal [das contas públicas] dessa magnitude, talvez você tenha um período longo [de recuperação] como a Europa teve. Em alguns países da Europa, você tem quatro ou cinco anos [para se recuperar]. Eu diria que, de certo modo, pode ser um segundo mandato inteiro [da presidente Dilma] de ajuste", avaliou o chefe da Unidade de Política Econômica da CNI, Flavio Castelo Branco.
Adriano Gomes, sócio-diretor da Méthode Consultoria e professor do Curso de Administração da ESPM, também acredita que o ajuste na economia poderá demandar todo o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
 
"É bem por aí. Na economia real, você tem quebra das empresas, falência grande, desemprego elevado e empresas com pedidos de recuperação judicial como nunca se viu. O ajuste fiscal está jogando a economia mais ainda na recessão. A CPMF [cujo retorno está sendo proposto pela equipe econômica] é um imposto perverso, cumulativo. Nasce no primeiro elo da cadeia e vai até o consumidor final", avaliou ele, que defendeu um corte maior nos gastos para equilibrar as contas públicas ao invés de alta de tributos.
Previsões para o PIB
Segundo pesquisa do BC com mais de 100 instituições financeiras, realizada na semana passada, o Produto Interno Bruto (PIB) terá dois anos de retração, em 2015 e 2016, de respectivamente, 2,97% e de 1,20% – algo que não ocorre desde o início da série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1948.
A previsão é de um retorno ao campo positivo somente em 2017 (+1%), avançando para 2% de alta em 2018. Mesmo assim, no segundo mandato da presidente Dilma, ficaria negativo, pela média, em 0,29% – a pior marca desde o governo Collor, que registrou média negativa de 1,28% entre 1990 e 1992. No início deste ano, a estimativa era de um crescimento médio do PIB de 1,7% no segundo mandato de Dilma.
De 1985 a 1990, no governo Sarney, o PIB avançou, pela média, 4,3%. De 1990 a 1992, no governo Collor, recuou 1,28%. Entre 1992 e 1994, na gestão de Itamar Franco, teve expansão média de 5,3%. No primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 1998, registrou crescimento de 3%. No segundo mandato de FHC, houve expansão de 2,3%.
No primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de 2003 a 2006, o PIB avançou 3,5% e, no seu segundo mandato (2007 a 2010), cresceu 4,6% - ainda pela média dos quatro anos. De 2011 a 2014, no primeiro mandato da presidente Dilma, foi registrado crescimento médio de 2,14%.
'Mãe' de todos os problemas
Segundo Adriano Gomes, a "mãe" dos problemas da economia brasileira é a gestão das contas públicas.
"Nós vemos uma queda constante do superávit primário nos últimos anos, até que se chegou ao desastre total com as tais pedaladas fiscais [nos dois últimos anos], que estão na ordem do dia. As agências de risco têm a mesma visão. Elas acompanham não só este indicador, mas também o aumento da dívida pública, chegando a um número que elas consideram crítico, na casa de 65% [para a dívida bruta]. Isso fez com que o país perdesse o grau de investimento", avaliou ele.
Os economistas das instituições financeiras, consultados pelo BC em sua pesquisa semanal, abrangendo mais de 100 bancos, não acreditam que o governo conseguirá levar adiante o ajuste nas contas públicas prometido. A meta deste ano é de um superávit primário de 0,15% para todo o setor público (governo, estados, municípios e empresas estatais), ou R$ 8,7 bilhões. Até agosto, porém, o resultado está deficitário em R$ 1,1 bilhão.
Para 2015, o mercado prevê um déficit de 0,30% do PIB e, para 2016, um resultado também negativo - de 0,20% do PIB (ainda bem distante da meta de superávit de 0,7% do PIB fixada para o próximo ano) - perfazendo três anos no vermelho, visto que 2014 já foi deficitário. As contas voltariam ao azul somente em 2017 (com superávit de 0,80%).
Turbulências políticas e Lava Jato
Segundo análise da agência Moodys, além da deterioração das contas públicas, as turbulências políticas e as investigações da operação Lava Jato, que apura esquema de corrupção na Petrobras, levaram à uma queda do emprego, do consumo e dos salários, levando a uma retração do PIB em 2015 e 2016.
"O quadro político está muito desgastado para fazer ajustes na magnitude em que eles são necessários, como alterar regras de benefícios previdenciários, assistenciais e regras de vinculação de despesas. Mudar o processo orçamentário. Tudo isso exige maiorias legislativas significativas. Se sele conta no ajuste fiscal com os recursos dessas medidas, e se há dificuldade em aprová-las, isso passa um ambiente de incerteza e instabilidade. O que é mortal para a retomada da economia. O investimento é a mola para iniciar um processo de retomada", avaliou o Flavio Castelo Branco, da CNI.
Os impactos diretos e indiretos da Operação Lava Jato na economia, por sua vez, podem tirar R$ 142,6 bilhões da economia brasileira em 2015, o equivalente a uma retração de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo estudo da consultoria GO Associados antecipado ao G1. “O impacto será um pouco menor, mas ainda muito significativo. No último cálculo consideramos uma redução de 42% nos investimentos da Petrobras”, explicou, em agosto, Gesner Oliveira, professor da Fundação Getúlio Vargas e sócio da consultoria GO Associados.
Desemprego subindo
Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria, a taxa de desemprego metropolitana medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que subiu para 7,6% em agosto deste ano, deve encerrar este ano em 8% e tende a continuar avançando em 2016. "É bem provável que se agrave no início de 2016. É possível que tenhhamos um quadro mais agravado pelo reajuste do salário mínimo [que acontecerá no início do ano que vem]", avaliou Castelo Branco.
Para Rodolfo Torelly, especialista no mercado de trabalho, deverão ser fechadas 1,38 milhão de vagas formais neste ano, no pior resultado da série histórica dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que começa em 1992. Até agosto deste ano, 572 mil vagas com carteira assinada foram fechadas. "O mercado de trabalho está refletindo o que a economia está mostrando. Acho que a gente não chegou no fundo do poço ainda. Todo mês a situação esta piorando", declarou. Para ele, a taxa de desemprego, medida pelo IBGE, certamente vai chegar a 10% em 2016.
Dólar mais alto
No início deste ano, o mercado financeiro estimava um dólar abaixo de R$ 3 até 2019. Na semana passada, segundo estimativas colhidas pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras, porém, o cenário já havia se alterado significativamente.
Aos olhos dos economistas dos bancos, o dólar alto veio para ficar. A previsão é de que o dólar termine este ano em R$ 4, avance para R$ 4,15 no fechamento de 2017, termine 2017 e 2018 em R$ 4 e que suba para R$ 4,11 no fim de 2019.
Essa, porém, é uma estimativa sujeita a erro, uma vez que os próprios economistas costumam dizer que Deus inventou o câmbio para lhes ensinar humildade. Nesta semana, por exemplo, a moeda americana já está operando ao redor de R$ 3,80.
Mais inflação
No campo da inflação, as previsões dos analistas ouvidos pelo BC em sua pesquisa semanal também estão piorando no curto prazo, colocando em xeque a meta do Banco Central de trazer o IPCA para a meta central de 4,5% em 2016 - embora estejam melhores para 2017 e 2018. O objetivo de atingir a meta central de inflação de 4,5% em 2016 foi anunciado no fim do ano passado e, até o momento, ainda não foi alterado.
No início de 2015, o mercado estimava um IPCA de 5,70% para o próximo ano, valor que recuou para até 5,40% em agosto. Depois, porém, com a deterioração das contas públicas e revisão para baixo das metas fiscais, voltou a subir, atingindo 6,05% na semana passada - vem mais próximo do teto de 6,5% do que do objetivo central de 4,5%.
A inflação média projetada para o segundo mandato da presidente Dilma está em 6,36% - considerando as últimas previsões do mercado financeiro (9,70% para este ano, 6,05% para 2016, 5% para 2017 e 4,7% para 2018). Com isso, em termos de mandatos presidenciais, haverá nova piora, se esse cenário se confirmar. No primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, o índice somou 6,16%, contra 5,14% no último mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Seria a maior inflação, por mandatos, desde a primeira gestão de Lula, entre 2003 e 2006 - que teve inflação média de 6,43%.
Juros mais altos
Mesmo sem atingir a meta central de inflação de 4,5% até 2018, o mercado financeiro também não prevê que a taxa básica de juros da economia brasileira, atualmente em 14,25% ao ano - o maior patamar em nove anos e os juros reais (após o abatimento da inflação estimada para os próximos 12 meses) mais altos do mundo - caindo fortemente. A previsão é de que a taxa recue para 12,63% ao ano no fim e 2016, para 11% ao ano no fechamento de 2017 e para 10% ao ano no fim de 2018, ou seja, ainda no patamar de dois dígitos até o fim do segundo mandato de Dilma Rousseff

Adivinha ou advinha? Toda-poderosa ou todo-poderosa? Trezentas ou trezentos gramas?

Adivinha ou advinha? Toda-poderosa ou todo-poderosa? Trezentas ou trezentos gramas?

ADIVINHA ou ADVINHA?
Qual é a forma correta: "ADVINHA [com “D mudo”] quem me ligou!" ou "ADIVINHA [com DI] quem me ligou"?

A língua portuguesa tem muitas palavras iniciadas com o prefixo “AD”, com o “D mudo”: ADMITIR, ADMOESTAR, ADMIRAR, ADVOGADO, ADVERSÁRIO, etc. Por essa razão, muita gente acaba pondo “D mudo” onde não tem.

É o caso do verbo A-DI-VI-NHAR, que muita gente escreve e fala  “advinhar” (com “D mudo”).

A verdade é que o verbo ADIVINHAR tem a sílaba DI em todas as suas formas: eu ADIVINHO, nós ADVINHAREMOS, ela ADIVINHOU, vós ADIVINHARÍEIS, etc.

Portanto a frase correta é "ADIVINHA (ênfase no DI) quem me ligou!".

Quer dizer que a forma ADVINHA não existe, professor?

Existe, sim, mas é do verbo ADVIR, que significa "vir depois", "suceder a", e se conjuga como o verbo VIR.

Por exemplo:
“Quando estive em Belém, sempre ADVINHA uma chuva refrescante após o calor da manhã”.

Essa confusão já tirou muita gente de concurso público. ADIVINHA o que acontecia com quem errava? ADVINHA a reprovação!

Ela é TODA-PODEROSA ou TODO-PODEROSA?
Estamos num mundo em transformação. Quem diria, 50 anos atrás, que veríamos tantos países governados por mulheres?

Nosso país, governado por Dilma Rousseff, a Argentina, por Cristina Kirchner; a Alemanha, por Angela Merkel. E vários outros.

Essas mulheres têm um grande poder nos países que governam. Podemos, então, nos referir a cada uma delas como... TODO-PODEROSA?

Opa, é mulher, será que não é... TODA-PODEROSA?

Nesse caso, a palavra TODO é um advérbio, portanto invariável. Devemos dizer que Merkel é TODO-PODEROSA, que Dilma é TODO-PODEROSA.

É diferente do pronome TODO, que tem plural (TODOS) e feminino (TODA, TODAS). É o caso, por exemplo, da frase "TODAS as mulheres merecem respeito."

Podemos dizer, então, que TODAS aquelas líderes são TODO-PODEROSAS.

TREZENTAS gramas ou TREZENTOS gramas?
Você precisa de umas fatias de mortadela para seu sanduíche. Então vai à padaria e pede como? TREZENTAS ou TREZENTOS gramas de mortadela?

Muita gente se atrapalha na hora de pedir, e acaba indo pela forma mais popular, que é o feminino. Esse uso tem uma explicação: existe a grama, que é aquela cobertura vegetal dos campos de futebol.

Pois é, mas, embora cause estranheza, segundo nossos dicionários, devemos pedir TREZENTOS gramas. A unidade de massa GRAMA é palavra masculina, assim como suas derivadas: centigrama, quilograma, miligrama, etc.

Portanto, é bom tomar cuidado. Já pensou se o atendente é um gaiato que ao ouvir seu pedido de "trezentas gramas”, resolve levar ao pé da letra e lhe oferecer trezentas folhas da gramínea?

Diga sempre DUZENTOS gramas, TREZENTOS gramas, DOIS gramas, UM grama, quando se referir ao "peso" de alguma coisa.

O preço está caro?
Não faz muito tempo, um site de esportes publicou na manchete: "Torcedor acha caro o preço dos ingressos".

Qual o problema com essa frase? Aparentemente, nenhum, não é? Mas o redator escorregou num falso sinônimo.

É comum a confusão entre o uso de CARO e ALTO, e muita gente pensa que são sinônimos, mas não são.

O preço ou o valor pode ser ALTO ou BAIXO, nunca "caro" ou "barato". Já os produtos ou os serviços, esses sim, é que são CAROS ou BARATOS.

Veja os exemplos:
“O tomate está CARÍSSIMO na feira hoje”;
“O preço do tomate está muito ALTO”;
“Aproveite para viajar agora, as passagens estão mais BARATAS”;
“O preço das passagens ABAIXOU, ficou mais fácil ir à Europa”.

O redator daquele jornal acertaria se dissesse:
“Torcedor acha ALTO o preço dos ingressos”

Ou então:
“Torcedor acha CARO o ingresso”

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Desvendando o seguro automotivo

Desvendando o seguro automotivo

Confira dicas e informações para contratar o melhor para você.

Um carro é um investimento. Para muitos, é um sonho que demora anos para ser realizado e só acontece com economias e financiamentos. E, para fazer tudo isso valer a pena, é preciso buscar a melhor forma de preservar seu veículo, tendo cuidado na condução e com sua conservação, e contratando o seguro automotivo que mais se encaixa com as suas necessidades.

De forma prática, a contratação de um seguro significa transferir os riscos que seu carro corre para uma seguradora, para que ela arque com eventuais prejuízos que possam ocorrer a ele, desde que o valor não passe o limite contratado. Mas a oferta é grande e pode ser confusa, por isso reunimos algumas informações e dicas sobre seguros automotivos para facilitar na hora da contratação.
dunlop_seguro (Foto: Divulgação Dunlop)
• Quando for contratar uma seguradora, pesquise e se informe bem. Procure a que mais se adequa às suas necessidades, oferece os melhores valores e melhor condiz com seus interesses. Leia bem o contrato e tire suas dúvidas antes de assinar, sem esquecer de se informar sobre coberturas adicionais.

• Entenda os valores: você precisará pagar uma taxa anual de contratação do seguro. Caso aconteça algum acidente (o chamado sinistro) e a seguradora for acionada para efetuar algum reparo, você precisará pagar a franquia, valor previamente acordado para toda e qualquer vez que você requisitar os serviços da seguradora. Mas, atenção: caso o valor do sinistro seja menor que o da franquia, não compensará acionar o seguro e você pode arcar com as despesas sozinho.

• Ao contratar um seguro automotivo, preste atenção ao questionário que você precisa preencher e forneça seus dados corretamente. Muitas taxas e descontos são determinados por ele, de acordo com gênero e idade das pessoas que conduzem o veículo e onde ele fica estacionado, por exemplo.

• Uma cobertura útil que deve ser considerada é a que trata de danos a terceiros, a Responsabilidade Civil Facultativa de Veículos (RCF-V). Com ela, no caso de colisões causadas por você, os prejuízos causados a outros veículos são de responsabilidade da seguradora, muitas vezes sem o pagamento da franquia. É uma forma de se sentir ainda mais seguro no trânsito.

• Outras coberturas adicionais, como para o caso de furtos de acessórios do automóvel, carro reserva caso seu veículo necessite de algum reparo, reposição de vidros, assistência 24h, dentre outras, podem fazer a diferença no caso de algum acidente, e nem sempre têm um custo extra muito alto. Por isso, pesquise e analise bem todas as possibilidades que as seguradoras têm a oferecer.
Depois que escolher e contratar o seguro que mais te agrada, lembre-se sempre de tomar as providências corretas na ocorrência de um sinistro como, eventualmente, um boletim de ocorrência. Além disso, o maior número de informações e descrições do que houve também ajudará, e você pode sempre entrar em contato direto com a seguradora por telefone, que te informará todos os passos a seguir caso aconteça alguma coisa.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

DOR ABDOMINAL

DOR ABDOMINAL

Sinônimos ou nomes populares:
Dor de barriga.
O que é?
Dor é uma resposta orgânica de que algo errado está ocorrendo. A dor é, portanto, uma forma de proteção do corpo para que evitemos suas causas ou fatores de piora. Decorre daí que busquemos diminuí-la, por exemplo, através do repouso, do jejum, de analgésicos e de outros tratamentos.
A dor pode ocorrer em qualquer parte do abdome, que é a região do corpo limitada, superiormente, pelo tórax (região dos pulmões e coração) e inferiormente pela pelve (região contida pelos ossos da bacia). O abdome contém um grande número de órgãos e estruturas que podem sediar a dor. São eles: estômago, intestino delgado, intestino grosso (cólon), fígado, pâncreas, vesícula biliar, baço, rins, músculos e ligamentos. Além destes, as dores sentidas como na barriga, podem ter origem na bexiga, órgãos genitais e sistema circulatório (principalmente artérias). Certas dores, como veremos adiante, são características de determinados órgãos; outras, porém, não permitem que se identifique exatamente a origem.
O que se sente?
A melhor explicação para o que se sente é dada por quem está sentindo. As referências aos tipos de dor – queimação, fincada, cólica, pressão, assim como a sua localização, irradiação, intensidade, duração, forma de início, piora e alívio, variam de pessoa para pessoa conforme a sensibilidade (limiar) e a tolerância de cada uma.
É muito comum que dores das mais diversas causas e órgãos de origem comecem no meio da barriga, em torno do umbigo, ou mais acima, na “boca do estômago”. Com o passar do tempo, quando houver agravamento do quadro, a dor irá se localizar na área onde está sua causa.
Nenhum quadro de dor é totalmente específico de uma determinada doença. Mesmo assim, descreveremos algumas dores, procurando relacioná-las a sua causa.
A queimação, a ardência e a dor tipo “sensação de fome” localizadas na boca do estômago, com ou sem azia, estão muito associadas a doenças do esôfago, do estômago ou do duodeno, como Esofagite de Refluxo, Gastrite Aguda e Úlcera Péptica, entre outras. A associação com diminuição da fome, apetite e peso torna necessária a diferenciação com câncer. A confirmação dos diagnósticos costuma vir através de exames complementares. Convém lembrar que doenças do coração – angina do peito e infarto do miocárdio, com alguma freqüência, podem manifestar-se por dor na área superior e central do abdome (ver tópico relacionado à cada doença).
Dores localizadas no quadrante superior direito e logo abaixo das últimas costelas deste lado relacionam-se, muitas vezes, ao fígado ou à vesícula biliar. Dores do tipo cólica, que aumentam rapidamente de intensidade, seguidas de alívio progressivo até que outro episódio ocorra, podem estar relacionadas a cálculos (“pedras”) na vesícula ou nos canais biliares. Dor moderada, mas duradoura, nesta mesma zona, associada à falta de vontade de comer, náusea, icterícia (coloração amarelada das mucosas e da pele), forte escurecimento da urina e branqueamento das fezes são, muitas vezes, causadas por hepatites (inflamações do fígado causadas por viroses e substâncias tóxicas, por exemplo). Pneumonias que atingem a parte inferior do pulmão direito podem ser responsáveis por dor nessa região (ver tópico relacionado a cada doença).
Dor em cólica, no meio da barriga, associada à diarréia, com ou sem vômitos, muitas vezes, é causada por gastrenterites, sejam alimentares (intoxicações) ou infecciosas (ver diarréia aguda). Episódios de dor abdominal, não bem localizada, intensa, num período seguinte e próximo às refeições, particularmente em idosos ou pessoas com doença circulatória, podem ser causados por deficiente irrigação sanguínea (isquemia) intestinal, necessitando de avaliação médica urgente.
Dor localizada na porção inferior direita do abdome que piora com o tempo, tornando-se, muitas vezes, intensa e associada à febre é característica da Apendicite Aguda. Em mulheres, é necessário diferenciar essa dor daquela causada por doenças ginecológicas, como gravidez ectópica ou torção de ovário direito.
A diverticulite causa dor – freqüentemente com febre – na parte inferior esquerda do abdome, pois ali passa o cólon sigmóide (porção do intestino grosso antes do reto), local onde há maior ocorrência dos divertículos. Nessa mesma região, algumas pessoas com constipação (intestino trancado ou preguiçoso), queixam-se de dor. As doenças dos órgãos ginecológicos esquerdos também causam dor nesta região.
Dores na porção superior do abdome, em faixa, com irradiação para as costas, podem ser relacionadas a pancreatites agudas ou a agudizações das pancreatites crônicas. História de consumo freqüente ou excessivo de bebida alcoólica, de cálculos na vesícula biliar ou de episódios dolorosos semelhantes, tornam essas hipóteses diagnósticas bastante prováveis.
Na porção média e posterior do abdome, situam-se os rins. Dor na região lombar, em geral, de um lado só, e que se irradia para frente, associada à ardência para urinar, sugere o diagnóstico de cálculo das vias urinárias associada ou não à infecção urinária, que pode alcançar o rim.
A dor localizada ou difusa e a distensão abdominal associada a um aumento da freqüência de evacuações e alteração na consistência das fezes (diarréia ou constipação) podem ser manifestações da Síndrome do Intestino Irritável (ver tópico específico).
Existem inúmeros tipos de dores, causadas por incontáveis causas para dor abdominal, e, somente avaliando caso por caso, na maioria das vezes, com ajuda de exames, é possível chegar a uma conclusão sobre o quadro.
Como o médico faz o diagnóstico?
A dor, como é uma sensação, não pode ser diretamente medida por outras pessoas, nem pelos médicos. Assim, sua avaliação e compreensão dependem muito da explicação do paciente.
O exame clínico ajuda na busca da causa da dor e na determinação da gravidade do quadro. Exames complementares serão solicitados conforme a suspeita do médico. São comumente solicitados exames de sangue na tentativa de verificar a presença de infecção, de alteração do fígado, do pâncreas ou das vias biliares. Exames de urina são úteis quando há suspeita de dor relacionada à infecção ou a cálculo nas vias urinárias.
Os exames de imagem, apesar de nem sempre imprescindíveis, são importantes na documentação diagnóstica. Geralmente, a ecografia (ultra-sonografia) é a primeira opção. Ela permite uma boa visão dos órgãos da barriga, exceto estômago e intestinos, identificando obstruções biliares ou urinárias, abscessos, tumores, doenças ginecológicas e algumas alterações pancreáticas. O Rx de abdome sem contraste é usado geralmente para diagnóstico ou exclusão de quadros agudos graves, como perfurações e oclusão intestinal. Seguindo a avaliação, poderemos solicitar: tomografia computadorizada, ressonância magnética ou outros exames específicos.
Como se trata?
Assim como o diagnóstico, o tratamento é amplo e variável, dependendo da causa da dor, de sua intensidade e duração. Em casos em que o médico não detecta risco, medicações para o alívio da dor podem ser usadas isoladamente. Em outros casos, além do manejo da dor com remédios, é necessário seguir a investigação da causa. Apesar de todos os recursos diagnósticos, e mesmo após cirurgias, existem casos onde a causa da dor não é descoberta. Nesses casos, depois de afastadas causas mais ameaçadoras à vida do paciente, pode se iniciar um tratamento somente analgésico, mantendo o paciente em observação. Algumas vezes, a dor exige a necessidade de uma cirurgia para o seu alívio.
Como se previne?
Não há um método único para a prevenção da dor e, geralmente, previne-se novos episódios, tratando-se a causa básica, quando reconhecida.
Perguntas que você pode fazer ao seu médico
Por que tenho essa dor?
Essa dor tem cura?
Essa dor tem relação com câncer ou outra doença grave?
Quando devo procurar o médico ou hospital por causa da dor?
O que posso ou não usar de remédio para essa dor?
Preciso repetir exames?   
http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?160