Zumbi dos Palmares
Nascido no ano de 1655, livre, já no Quilombo que faz alusão ao seu próprio nome (Palmares), Zumbi (que quer dizer o mesmo que fantasma ou espírito, no idioma africano quimbundo, e na concepção brasileira da palavra, guerreiro)
foi um dos, senão o principal, ícone da resistência negra ao trabalho
escravo no período do Brasil Colônia. Com aproximadamente 6 anos de
idade, Zumbi tinha sido capturado em um dos ataques das tropas da
colônia ao quilombo, sendo entregue a um missionário português, que o
batizou com o nome 'Francisco' Zumbi, e educou-o com os sacramentos da
igreja católica, em português e latim. Aos 15 anos de idade, Zumbi
consegue fugir e retornou aos Palmares, substituindo, mais tarde, devido
ao seu grande destaque como estrategista e líder, o seu tio então
falecido Ganga Zumba.
Zumbi
era muito respeitado por ter sido educado por brancos e ainda assim,
não ter abandonado suas raízes. Em sua liderança ou reinado, como os
próprios quilombolas lhe atribuíam o título de rei, conduziu o Quilombo dos Palmares ao
seu apogeu militar, econômico, territorial e social, liderando os
guerreiros em enfrentamentos com surpreendentes estratégias militares e
táticas de guerrilha, onde se invadiam e atacavam fazendas de
cana-de-açúcar e engenhos para resgatar escravos e assim adquiriam
também um incrível poderio bélico, com muitas armas, usurpadas como
despojo desses ataques.
A Lenda: Zumbi dos Palmares Imortal
Devido
à grande dificuldade enfrentada pelas tropas da colônia sob a
autoridade da capitania de Pernambuco, e até mesmo de invasores
holandeses que derrotaram a própria capitania dominante, mas não os
quilombolas, criou-se entre o povo, e entre o próprio quilombo, o mito
sobre a imortalidade de Zumbi, exímio comandante e capoeirista,
que tinha estratégias de ataques e defesa incríveis, com metodologias
bem elaboradas, Zumbi promovia ataques épicos às tropas da Capitania e
mais tarde, aos holandeses que também tentaram subjugar Palmares. Zumbi,
por muito tempo gerava essa atmosfera legendária de uma possível
imortalidade concedida por seus deuses, que supostamente lhe fecharam o
corpo, dando-o muito poder sobre seus inimigos.
O Outro Lado da História
Alguns
historiadores e autores levantam Zumbi não como um herói em sua
totalidade da palavra, mas sim o oposto, relatando-o em seus registros e
obras como uma espécie de tirano que, muitas vezes, impunha por meio de
captura aos escravos que se negavam a seguir com as caravanas de Zumbi
para o quilombo, uma adesão forçada à vida nos Palmares. Considera-se
até o fato de um regime de escravidão entre os próprios quilombolas e o
despotismo, que era executado a negros fugitivos do quilombo,
recapturados e mortos, a servir de exemplo para não se transgredir a lei
dos Palmares.
A Morte de Zumbi
Após
muitas tentativas de exterminar com Palmares (um século, a contar da
liderança de Ganga Zumba, para ser mais preciso) por parte da capitania
de Pernambuco, o governador, ouvindo falar dos feitos, da valentia e
da habilidade dos bandeirantes que exploravam a região de São Paulo e o sudeste brasileiro, resolve contratar o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho com
suas tropas a organizar uma invasão ao quilombo, quinze anos após Zumbi
ter assumido a liderança dos Palmares. Em uma das investidas, em 06 de
fevereiro de 1694, a capital de Palmares foi destruída e Zumbi, apesar
de ferido, consegue fugir. Porém, refugiado quase dois anos depois, foi
traído por Antônio Soares,
um de seus aliados que, capturado pelos bandeirantes e sob a promessa
de liberdade, revelou o local onde se escondia Zumbi. Esse, por sua vez,
foi surpreendido e morto pelo capitão Furtado de Mendonça na Serra dos
irmãos, região de Alagoas.
O herói foi decapitado e teve, por ordem do governador, em 20 de novembro de 1695, sua cabeça exposta na capital, Recife, como uma prova de que a suposta imortalidade de Zumbi não passara de uma lenda e de que Palmares, enfim tinha sido derrotado. |
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