Empresários brasileiros criam 'água gourmet' a partir do ar da Amazônia
Marlene Bergamo/Folhapress | ||
Os sócios da A2BR, a partir da esquerda, Cal Júnior, James Figueiredo, Rozgrin e Ferreira |
Após quatro anos de pesquisas, os sócios da empresa A2BR se preparam para levar ao mercado uma água chamada Ô Amazon Air Water, retirada da umidade do ar no município de Barcelos, às margens do rio Negro, na Amazônia.
Com o uso de energia solar, as máquinas vão aproveitar o espaço de uma antiga fábrica de palmito desativada, sem derrubar nem uma árvore sequer, segundo a empresa. O terreno de 1,75 milhão de metros quadrados de floresta foi uma concessão da prefeitura por 30 anos.
Em uma explicação simplificada do processo, trata-se de um ventilador que suga o ar externo para dentro do sistema, onde ocorre a condensação, fazendo a água pingar dentro de um reservatório para em seguida ser purificada e receber minerais.
O volume de umidade retirado do ar é restituído diariamente pelas chuvas.
"A Ô será vendida em garrafas de vidro, material infinitamente reciclável, diferentemente da garrafa pet, que tem um número limitado de reciclagens", afirma Paulo Ferreira, um dos sócios.
A garrafa levará também uma tampa recheada com sementes, que pode ser plantada e monitorada pelo site da empresa por meio de um aplicativo. Produzidas com um polímero de amido de milho que se decompõe no ambiente, as tampas transformam-se em fertilizante, disse o sócio Cal Júnior, que também é documentarista e fundador de projetos socioambientais.
RESTRIÇÃO
Mas nem todos terão acesso ao alto valor agregado dessa bebida insípida. No mercado de águas premium, onde alguns dos concorrentes têm produção na casa dos bilhões, a Ô terá distribuição inicial de apenas 6 milhões de garrafas por ano, sendo 95% destinadas a restaurantes, free shoppings e hotéis cinco estrelas na Europa.
O preço sugerido será de € 6,5 (cerca de R$ 21).
Os 5% restantes da "safra", termo usado pelos sócios, poderão ser comprados por brasileiros no comércio eletrônico, pagando o frete.
"O plano de expansão prevê uma produção de 12 milhões de unidades e distribuição para 20 cidades americanas em 2019", conta o sócio e planejador financeiro Ricardo Rozgrin.
O custo logístico e tributário foi o que fez os empreendedores excluírem o Brasil dos planos iniciais de expansão, apesar das referências do produto ao país de origem.
Fonte: Folha de São Paulo.
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