As 12 características das pessoas altamente criativas
Pessoas criativas têm várias características e qualidades específicas que as diferenciam bastante de indivíduos menos criativos. Conhecendo essas características e desenvolvendo-as conscientemente, todos nós acabaremos incorporando automaticamente esses atributos e habilidades às nossas competências profissionais e pessoais
1. Abertura para o inconsciente
Nosso cérebro pulsa e emite vibrações contínua e regularmente. É composto por cerca de 100 bilhões de células nervosas chamadas neurônios, que emitem pequenas correntes eletromagnéticas, as ondas cerebrais, as quais se alteram de acordo com nosso estado de consciência. O eletroencefalograma detecta perfeitamente essas ondas que são medidas em ciclos por segundos (CPS), ou Hertz.
Existem quatro categorias de ondas cerebrais: Beta, Alfa, Teta e Delta. Quanto mais alta a ciclagem por segundo, mais despertos estamos; é o estado Beta (13 a 40 CPS). Ciclagens mais baixas evidenciam estados menos ativos de consciência. O Alfa (8 a 12 CPS) é uma onda cerebral mais lenta, estável e rítmica.
É o nível do estado mental de serenidade, paz e quietude. Ocorre durante o relaxamento induzido em estado de vigília – quando fechamos os olhos - e, também, quando praticamos visualização criativa, meditação e técnicas de auto-sugestão. A criatividade é fortemente despertada no nível Alfa porque, no estado de quietude por ele provocado, pensamentos e imagens antes impedidos de aflorarem por causa da agitação mental do estado Beta, ficam liberados e emergem até o nível consciente. É aquela ideia ou palpite que surge repentinamente e que dá certo; é o “eureca, achei!”; é o insight.
2. Base de conhecimentos essenciais
Quanto mais ampla a faixa de conhecimentos em outras áreas, maior a capacidade criativa do indivíduo. Pessoas que se interessam por outros assuntos (ou que praticam outras atividades) além de suas atividades habituais levam grande vantagem criativa sobre as que não procedem assim. Você não pode retirar da sua mente o que não foi colocado antes lá dentro.
A qualidade dos depósitos efetuados na nossa mente é que irá determinar a qualidade das ideias e insights que surgirão. Nenhum especialista ou profissional é capaz de fazer contribuições expressivas sem que tenha conhecimento de inúmeros outros assuntos paralelos à sua especialização. Sem estudo e aprendizagem contínuos em áreas diferentes, é impossível produzir resultados criativos ou inovativos, pois a criatividade é fortemente estimulada pelo conhecimento e vivência em outros campos de atividade, além dos da sua especialidade.
3. Capacidade de análise e síntese
A capacidade de fazer análises - e também de sintetizar - é uma habilidade típica de pessoas criativas. Embora a análise possa dar a impressão de ser algo não criativo, ela é uma fase fundamental do processo de concepção, pois permite avaliar problemas ou obstáculos e dividi-los em partes menores essenciais e enxergar a relação entre a parte e o todo. Indivíduos criativos dedicam muito tempo a análise e síntese de solução de problemas, porque dessas observações depende a qualidade das decisões criativas que serão tomadas, enquanto que pessoas menos criativas parecem querer “arrancar” a solução - sem perder tempo com análises -, antes mesmo de compreenderem a estrutura do problema ou do desafio.
4. Capacidade de perceber e solucionar problemas
Teorias, hipóteses e fatos poucas vezes estimulam a criatividade. O grande combustível da criatividade são as situações problemáticas, aquelas que requerem soluções que aparentemente não têm saída, ou situações difíceis de resolver. É aqui que se revela o diferencial da criatividade e que a torna tão especial através do uso de métodos lineares (isto é, lógicos) e intuitivos. As técnicas ESCUTAR, Quadro de Ideias, Brainstorming, Incubação, são algumas das metodologias criativas extremamente práticas para solucionar problemas e muito fáceis de usar.
Indivíduos criativos possuem grande habilidade de perceber problemas e desafios que escapam à maioria das pessoas. Eles têm uma sensibilidade de entender aspectos menos óbvios ou os pontos mais promissores de uma situação, aquelas oportunidades ocultas que poucos notam. Não por acaso Martinho Lutero disse: "Se você está procurando uma grande oportunidade, descubra um grande problema”.
5. Curiosidade
Curiosidade é ter interesse pelas coisas. Pessoas curiosas não ficam quietas esperando que as coisas aconteçam. Ser curioso permite que o indivíduo esteja aberto a novas experiências, a conhecer novos lugares, pessoas, objetos, vivenciar novas situações. É algo que vamos perdendo à medida que crescemos, pois já catalogamos, mentalmente, tudo o que julgamos ser importante para nós; desse modo, entramos num rotina diária apenas repetindo as experiências e deixamos de lado o fascínio da curiosidade e a busca pelas coisas novas.
6. Flexibilidade
Pessoas criativas têm grande flexibilidade de raciocínio e conseguem enfocar problemas por vários ângulos diferentes. Quando surgem novos fatos ou circunstâncias, adaptam-se rapidamente à nova situação, não hesitando em abandonar uma linha de raciocínio, substituindo-a por outra mais plausível.
Elas gostam de testar, examinar, avaliar, imaginar diversas alternativas e configurações antes de se decidirem por aquela que consideram a melhor solução para resolver o problema ou descobrir oportunidades. Uma das áreas em que o indivíduo flexível mais se dedica é a de fazer perguntas. “E se fizéssemos desse jeito, em vez daquele?”, “Se olhássemos a situação de outro ângulo, o que aconteceria?”
7. Fluência
A fluência é uma das características fundamentais para a resolução criativa de problemas ou descobrir novas alternativas. Pessoas criativas conseguem gerar muitas ideias diferentes para as mais variadas situações, e não se deixam levar pelo tradicionalismo ou por rotinas estabelecidas. Por exemplo: Quantos usos diferentes você daria a um clipe, além de prender papel?
Eis algumas possibilidades: palitar dentes, limpar ouvidos, pendurar roupa, gancho, anzol, molho de chaves, marcador de página de livro, desentupir tubo de cola, limpar unhas etc. etc. Certa ocasião, em um curso de criatividade que ministrei, um dos participantes relacionou mais de 50 usos para um clipe, em menos de cinco minutos. Especialistas afirmam que existem mais de 500 utilidades para o clipe. Quantas você consegue encontrar?
8. Habilidade de raciocinar por metáforas
O que as seguintes frases têm em comum? “Tempo é dinheiro”. “Barriga da perna”, “Na flor da idade”, “Cheque sem fundo”, “Esfriar a cabeça”, “Dente de alho”. Resposta: todas elas são metáforas. A metáfora é uma figura de linguagem que interliga diferentes realidades através de suas semelhanças. Ela ajuda a compreender uma ideia recorrendo a outra ideia. Ela é um dos instrumentos mais úteis ao trabalho criativo, qualquer que seja o campo de atuação profissional.
Utilizamos a metáfora o tempo todo. Ela é importantíssima na comunicação do dia a dia. É quase impossível nos comunicarmos sem recorrer à metáfora. Pesquisas revelam que, durante as conversações, usamos de 3 a 4 metáforas por minuto, através de simbologias, comparações e analogias. O GPS - ou um mapa - também é uma metáfora, pois embora não seja uma cidade, ele representa graficamente a estrutura viária da cidade, o que permite encontrar facilmente o endereço desejado.
A parábola também é uma metáfora, pois através dela são ensinados ou expostos conceitos, às vezes complexos, que de outra forma seriam difíceis de entender. Por isso mesmo Jesus Cristo utilizou inúmeras parábolas para ilustrar melhor suas mensagens e facilitar a compreensão delas pelas pessoas.
9. Motivação
Pessoas altamente criativas criam, não porque alguém exigiu que criassem algo, mas porque sentem necessidade de fazê-lo. O desejo e a motivação de criar são elementos básicos para elas. Não importa as dificuldades e obstáculos, o indivíduo criativo seguirá em frente sem desanimar, pois seus estímulos são internos, não externos. Ele é movido por entusiasmos internos.
Pessoas criativas encontram no trabalho que elas escolheram o caminho mais importante para alcançar sua realização pessoal. De tão motivadas e concentradas, elas, não raro, perdem a noção de tempo e espaço ao se envolverem com suas atividades.
10. Originalidade
Ser original significa livrar-se de estereótipos, ir além do comum e corriqueiro, e imaginar soluções diferentes, mais avançadas e singulares para problemas existentes ou oportunidades que surgem. Pessoas criativas conseguem desestruturar sistemas e processos tradicionais e enxergar além das limitações impostas por regras e regulamentos, criando novas combinações e novas alternativas. Indivíduos que pensam de forma original quebram paradigmas.
Em outras palavras: elas pensam “fora da caixinha”. Elas fazem conexões e associações mentais entre coisas muito diferentes entre si dando origem a eventos, fenômenos e experiências totalmente novas ou inusitadas. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a cirurgiã-dentista Beatriz Zorowich, cuja empregada vivia entupindo a pia da cozinha quando lavava arroz. Então, uma noite, assistindo televisão, Beatriz teve um “estalo” e veio a ideia completa de como fazer um lava-arroz.
Auxiliada pelo marido, colocou papel-alumínio em duas tigelas, grampeou uma na outra e fez furos com prego. Pronto! Estava inventado o protótipo do escorregador de arroz, útil também para escorrer verduras, feijão, morango etc. O invento foi aperfeiçoado, patenteado e passou a ser produzido industrialmente pela Trol S/A, tornando-se um extraordinário sucesso de vendas, rendendo polpudos dividendos à inventora. Algo simples e útil, no qual ninguém ainda havia pensado antes.
11. Percepção
Um dos pontos-chave da criatividade é a percepção. É aquilo que muitas vezes está bem à nossa frente, mas não enxergamos. Vemos, mas não percebemos, olhamos, mas não distinguimos. A pessoa perceptiva enxerga além das coisas, além do óbvio, além das aparências. Foi o que Ray Krock viu no sistema de fast food criado pelos irmãos McDonalds.
Os irmãos haviam criado o processo, mas não haviam se dado conta do alcance do seu invento. Ray Krock percebeu suas imensas possibilidades e adquiriu os direitos de terceirização da metodologia, implantando-o em seus restaurantes e lanchonetes, tornando-se proprietário da maior cadeia de lanchonetes do mundo.
12. Perseverança e concentração
Pode-se afirmar categoricamente que perseverança e concentração são dois componentes fundamentais e indispensáveis da criatividade e inovação. Muitos imaginam que ser criativo é sentar na poltrona, relaxar, dar vazão às ideias e que, depois disso, as coisas se concretizarão automaticamente como num passe de mágica.
Nada mais distante da realidade.Ter ideias é uma coisa, colocá-las em prática, é outra, bem diferente. Por isso mesmo, criatividade não é para preguiçosos e indolentes. Ela exige esforço e trabalho concentrado tanto na fase de experimentação quanto na implantação.
Thomas Edison, que patenteou 1.093 inventos, afirmava que a perseverança era uma de suas maiores armas para descobrir novos dispositivos. A lâmpada elétrica, por ele inventada em 1879, teve cerca de 1.300 experiências fracassadas, antes do primeiro sucesso. Ele considerava os malogros apenas etapas indispensáveis para o triunfo final.
Logo, quando Edison afirmava que a genialidade é 1% inspiração e 99% transpiração, ele queria dizer que a ideia representava somente 1% do processo, os outros 99% eram de pura transpiração para concretizá-la, isto é, tinha que “suar a camisa”. Pessoas criativas demonstram persistência inabalável perante obstáculos e frustrações.
O raciocínio ininterrupto e trabalho continuado estão entre suas melhores características. Einstein observou: “Eu penso sem parar durante meses e anos. Noventa e nove vezes a conclusão é errada. Na centésima vez eu acerto.” Mentes produtivas são disciplinadas e concentradas naquilo que fazem, a ponto de, às vezes, perder a noção de tempo e desligar-se do que acontece à sua volta.
Texto extraído e condensado do livro “Manual de Criatividade Aplicada”, de Ernesto Artur Berg, Juruá Editora.
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