Zumbis contemporâneos e a morte da vida real
O apocalipse é agora e pode estar a um clique de você
Recentemente, me deparei com um texto
que despertou em mim uma epifania, destas que talvez nem mesmo o melhor
dos analistas conseguisse provocar. Trata-se do texto de Roberta Simão,
intitulado – Ensaio sobre nossas pequenas mortes diárias.
Enquanto lia, imediatamente fiz conexões
com outros textos que de certa forma, me remetiam ao tema, como o
escrito pelo jornalista Fábio Bandeira, chamado – Cancelei minha conta no Whatsapp.
E a pergunta que ficou foi: Será que não estamos vivendo demais nossa
vida “social” e matando nossa vida real? Não falo daquele encontro com a
família ou da esticada com os amigos depois do trabalho. A vida social
que me refiro é aquela recompensada por likes e coraçõezinhos, ou mesmo
aquele aplicativo que meu amigo Fábio cancelou e que faz os olhos das
pessoas brilhar a cada barulhinho indicando mensagem recebida.
Suspeito que a vida real para algumas
pessoas, se tornou tão tediosa a ponto de muitos não querer mais ter
contato com ela, no entanto, ainda me recuso a acreditar nesta hipótese,
mesmo com tantas provas que tenho visto por aí.
Semana passada fui a um restaurante com
dois amigos, na mesa ao lado um casal tomava uma espumante, logo pensei:
que bacana, devem estar comemorando! Tamanha foi a minha surpresa ao
constatar que o casal não trocou uma palavra durante o encontro, apesar
de toda gentileza do homem com o garçom. Ela presa ao celular e ele ao
seu tablet, deixaram de existir um para o outro naquele momento. E não
pense que eles estavam brigados pois ao terminarem o almoço se
entreolharam com certa cumplicidade daquelas que só os casais
apaixonados tem, sorriram e caminharam juntos até o caixa. Outra
constatação, foi de um vídeo que tem corrido a internet, onde uma mãe
“amarra” o celular a própria cabeça e exibe um desenho infantil enquanto
oferece papinha ao seu bebê, que fica encantado pela música chiclete e
pelo colorido da tela, abrindo e fechando a boca, sem se dar conta que
está sendo alimentado.
O fato é que estamos nos tornando zumbis
hipnotizados pelas telas, morrendo a cada dia e não falo somente deste
destino que cabe a todos nós, mas da morte do aqui-agora e da sensação
gostosa do convívio com as outras pessoas.
Assassinamos nossa alegria, quando a selfie
para o Instagram é mais importante que o evento em que estamos
participando. Cometemos homicídio da gratidão pelo que conquistamos,
quando comparamos nossas vidas, baseadas no conto de fadas do Facebook
alheio, mesmo sabendo que aquilo é pura fantasia e mesmo assim,
insistimos em acreditar, ultimamente temos nos tornamos serial killers
da felicidade real em detrimento da ilusão virtual.
Este é um bom momento para deixar de lado
um pouco sua imagem nas mídias sociais e pensar na vida que leva fora do
mundo on-line. Aproveite seus momentos, preocupe-se menos com os
filtros e mais com a felicidade verdadeira, esta sim fica bem na foto.
Desconecte-se desta eutanásia virtual, pare
de viver como um zumbi e aprecie a vida ao seu redor, você pode estar
perdendo excelentes oportunidades. Talvez já esteja cansado de saber,
mesmo assim acho que vale a pena lembrar: A vida acontece mesmo fora dos
tablets e smartphones, portanto não faça dela apenas uma coexistência,
mas algo que vale a pena curtir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário