ENDOCARDITES
O que são endocardites?
Endocardite é o nome dado às afecções, infecciosas ou não, do endocárdio.
O
coração é formado por três camadas: o pericárdio é a externa, o
miocárdio é a medial e o endocárdio é a interna, da qual fazem parte as
válvulas cardíacas.
A maioria das endocardites tem uma origem infecciosa e os microorganismos mais freqüentemente causadores dessa doença são:
bactérias | |
fungos | |
micobactérias | |
riquetsias | |
clamídias | |
micoplasmas |
Os agentes mais comuns são:
estreptococos | |
estafilococos | |
enterococos | |
alguns germes gram-negativos |
Também
existem reações inflamatórias do endocárdio provocadas por doenças
auto-imunes, nas quais não encontramos um agente infeccioso na reação
inflamatória do endocárdio.
A endocardite se
localiza preferencialmente nas válvulas do coração, mas pode ser
encontrada em qualquer parte do endocárdio, podendo ser classificada em
aguda e subaguda.
A aguda se caracteriza pela
intensa toxicidade e rápida progressão, podendo evoluir em dias para a
morte. Costuma provocar infecções à distância, como no cérebro, rins,
pulmões, fígado, olhos. O agente etiológico mais comum é o estafilococos
aureus.
Já a subaguda tem a evolução mais
lenta, persistindo por até meses e, na maioria dos casos, é causada por
Estreptococos viridans, enterococos, estafilococos coagulase negativos
ou bacilos gram-negativos.
A endocardite pode atingir as pessoas em qualquer idade e os sintomas e sinais principais são:
febre de longa duração | |
suores noturnos persistentes | |
astenia, baço aumentado de volume | |
alterações cardíacas, como o agravamento súbito de uma doença cardíaca previamente existente. |
O que favorece o aparecimento de endocardites ?
As
pessoas portadoras de lesões valvulares do coração, congênitas ou
adquiridas, são as mais propensas a apresentarem a doença. Contudo, a
endocardite também ocorre em pessoas que não tenham lesões cardíacas.
As
endocardites surgem principalmente depois de procedimentos invasívos,
em que há a invasão do organismo, como cirurgias, extrações dentárias,
colocação de sondas, manipulação de abscessos (cuidado com espremer
espinhas ou furúnculos!). Em alguns grupos, a metade dos casos
encontrados de endocardite é em pessoas que fizeram ou fazem uso de
drogas injetáveis.
Um outro grupo de pessoas
seguidamente acometido de endocardite encontra-se entre os que foram
submetidos a cirurgia cardíaca. Existem trabalhos que relatam que até
30% das válvulas artificiais implantadas nos corações são atingidas por
infecção.
Diagnóstico
O
diagnóstico de endocardite é feito principalmente quando existe um alto
índice de suspeita do médico naqueles pacientes que tenham febres
prolongadas e sem um outro diagnóstico que explique a elevação da
temperatura. A história de procedimentos cirúrgicos, dentários e uso de
drogas aumentam a suspeita. Para um diagnóstico de endocardite, o médico
se vale de um bom exame clínico do sistema cardiovascular, no qual se
destacam o surgimento ou a alteração em sopros anteriormente existentes,
o aumento do baço, alterações ecocardiográficas e culturas do sangue.
Atualmente,
um dos exames que mais auxilia para o diagnóstico de endocardite é a
ecografia trans-esofágica. Em um grande número de casos, não se consegue
obter uma cultura positiva do sangue para identificar o agente causador
da endocardite. Nos melhores laboratórios, que tenham acesso às
técnicas mais apuradas, em cerca de 70 a 80% dos casos em que se colhe o
sangue dos pacientes se consegue obter culturas positivas que
identifiquem o agente etiológico. Uma das razões para a falta de
identificação está no fato da maioria dos pacientes estarem recebendo
antibióticos administrados às cegas, isto é, sem ter um diagnóstico
etiológico confirmado.
Tratamento
O
tratamento é feito com antibióticos em doses generosas e durante um
tempo prolongado, em média 30 dias. Alguns pacientes, uma vez curada a
infecção do coração, havendo alterações severas de válvulas, devem ser
submetidos a troca cirúrgica dessa válvula. Denomina-se de endocardite
hospitalar aquela que ocorre em pessoas tratadas em hospital, que não
foram submetidas a procedimentos sobre o coração, e que tendo ou não uma
lesão cardíaca ou uma válvula artificial, desenvolvem endocardite
atribuída ao uso de agulhas ou cateteres infectados, instrumentação ou
cirurgia de vias urinárias ou digestivas.
Microrganismos mais freqüentemente envolvidos na endocardite
Estreptococcus viridans | |
de 30 a 65% dos casos de endocardite não relacionados ao uso de drogas ilícitas, são causados por esse agente. Ele é um habitante normal das nossas vias aéreas e orofaringe. Essa endocardite é muito encontrada em portadores de lesões valvulares que foram submetidos a tratamentos dentários nos dias precedentes à descoberta de endocardite. | |
Estreptococcus bovis (e outros) | |
é geralmente um habitante normal do trato digestivo, estando envolvido em cerca de 27% dos casos de endocardite. É mais freqüente em pacientes portadores de câncer ou pólipos intestinais. | |
Estreptococcus pneumoniae | |
Embora esse germe seja muito encontrado no sangue dos portadores de infecções causadas por ele, só em 1 a 3% ele atinge o coração. É encontrado em alcoolistas e costuma estar associado a meningite e pneumonia. | |
Enterococcus | |
Em 85 % dos casos de endocardite provocada pelos enterococos, os responsáveis são e E. faecalis ou o E. faecium. São habitantes normais do trato digestivo e urinário e os casos de endocardite por eles causados costumam ser em pessoas jovens, principalmente em mulheres jovens e homens idosos, como conseqüência da manipulações do trato genitourinário. | |
Estafilococos | |
O E. aureus dos coagulase positivos e o E. epidermidis entre os coagulase negativos, são os mais encontrados em casos de endocardite provocados pelo uso de sondas, drenos e próteses de uso hospitalar. | |
Fungos | |
Os fungos podem estar envolvidos em casos de endocardite, bacteriana ou não, que se caracterizam por lesões vegetantes de proporções maiores causando embolias. São particularmente encontrados em pacientes que tiveram válvulas cardíacas trocadas e em usuários de drogas ilícitas injetáveis. | |
Endocardite não bacteriana trombótica | |
Pode surgir em pacientes que tenham sofrido uma lesão no endocárdio e em portadores de doenças que se acompanham de hipercoagulabilidade do sangue. É mais encontrada em pessoas idosas, em portadores de doenças malignas, lesões de válvulas, portadores de lupus eritematoso sistêmico e em pacientes que tiveram cateteres implantados em procedimentos hospitalares. Esse tipo de endocardite chega a ser detectado em l,3% das necrópsias. |
Sintomas e sinais
Sintomas de endocardite, mais freqüentes:
Calafrios - 40 a 70% | |
Suores, principalmente noturnos - 25% | |
Emagrecimento - 25 a 35% | |
Falta de ar - 20 a 40% | |
Tosse - 25% | |
Confusão mental - 10 a 20% | |
Dores diversas - 5 a 35%. |
Sinais de endocardite, os mais freqüentes:
Febre - 80 a 90% | |
Sopro no coração - 80 a 85% | |
Mudanças dos sopros cardíacos - 10 a 40% | |
Agravamento súbito de doença cardíaca preexistente - 30% | |
Alterações neurológicas - 30 a 40% | |
Embolias arteriais ou pulmonares - 20 a 40% | |
Aumento do baço - 15 a 50% | |
Manifestações periféricas - 5 a 40% (em pele, unhas, fundo do olho) |
É
importante saber que qualquer endocardite necessita do acompanhamento
urgente de um médico para orientar o diagnóstico e o tratamento.
Título: Endocardites
Link : https://www.abcdasaude.com.br/cardiologia/endocardites |
Data de Acesso : 31/03/2016 - Código do Conteúdo : Artigo 177 |
Palavras-Chave : Endocardites - Cardiologia -
Infecção no Coração
, Febre Reumática
, Infecção nas Válvulas do Coração
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