sábado, 28 de novembro de 2015

O mapa da fuga dada Família Real


 
O mapa da fuga  dada Família Real

Uma decisão covarde ou um ato brilhante com vistas ao futuro? Seja como for, a fuga da Família Real de Portugal deu ao Brasil um status único no continente americano e fez do Rio de Janeiro uma capital europeia.
Em 1807, a Europa vivia um pandemônio. A França de Napoleão Bonaparte e a Inglaterra já em vias de industrialização lutavam pela hegemonia do continente. Para sufocar a Inglaterra e impedir que exportasse seus produtos, Napoleão decreta o Bloqueio Continental, ou seja, a proibição do desembarque de mercadorias inglesas em todos os portos europeus. Portugal, aprisionado por diversos tratados econômicos à Inglaterra, fica entre dois fogos: se desobedece à ordem francesa, corre o risco de invasão (e o exército francês já estava na Espanha, bem perto da fronteira); se fecha as portas para a Inglaterra, estaria desagradando a maior potência naval de então, que certamente pensaria em represálias.
A corte se divide: uma parte quer a adesão à França, outra sustenta a preservação da aliança com os ingleses. Predomina a segunda posição, não deixando ao Príncipe Regente D. João VI outra opção que não fosse colocar-se em segurança no Brasil, fugindo do risco de um confronto direto com o poderoso exército francês.
A fuga não foi tão súbita e atabalhoada quanto se costuma pensar. Um único fato é suficiente para demonstra-lo: ao chegar ao Brasil, a corte portuguesa desembarca com todo o acervo da Biblioteca Real - origem da atual Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro - devidamente embalado e catalogado, o mesmo acontecendo com obras de arte e documentos do arquivo real. Numa fuga decidida às pressas, ninguém pensaria em cuidar do acervo cultural e artístico com tanto esmero e tantas atenções técnicas. Não foi, portanto, um "salve-se quem puder", mas uma alternativa longamente planificada e preparada.
Mesmo assim, os fatos parecem ter-se precipitado, criando, nos últimos dias da permanência da corte em Lisboa, um clima de forte agitação e correria. O embarque da família real é ordenado por D. João VI para o dia 27 de novembro de 1807, pela manhã. Naquele dia, sob os olhares apreensivos da gente comum, nobres desembarcam de suas carruagens o dia inteiro no cais de Lisboa e embarcam nos escaleres que os levariam aos navios. A frota deveria partir na manhã do dia 28, mas o mau tempo retém os navios no porto por mais 24 horas, enquanto as tropas francesas se aproximam perigosamente da cidade. Na manhã do dia 29, enfim, "ao nascer do dia", põem-se em movimento as oito naus de linha, as quatro fragatas e quatro embarcações menores, que levavam a corte, e mais uns quarenta navios mercantes, onde viajava a elite econômica e social de Portugal. No total, mais de 15 mil pessoas, numa das maiores fugas oceânicas de que se tem notícia. Com a corte, vão todos os tesouros do reino, deixando-se nos cofres públicos apenas os títulos de dívidas que nunca seriam pagas.
A fuga muda a história do Brasil. A colônia, promovida de um momento para outro na capital de um império ultramarino, jamais seria a mesma.
Naquele dia 29 de novembro, um final de outono frio e chuvoso, o sol raiou logo depois das 7h da manhã, hora local de Lisboa. O Ascendente estaria em Sagitário, assim como Sol, Lua, Mercúrio e Netuno. Se a partida da frota ocorreu realmente logo ao nascer do sol, é esse o mapa do evento que tantas conseqüências traria para a história brasileira. Mas há outras versões que dão a partida ocorrendo apenas no final do dia e, qualquer que seja a verdade, sempre será difícil precisar uma hora exata. Talvez o mais sábio seja tomar o grande acontecimento astrológico daquele dia - a Lua Nova - e traçar o mapa para seu momento exato, em Lisboa e no Rio de Janeiro. Luas Novas têm uma conotação de início de ciclo. São um símbolo de algo que nasce.
A Lua Nova aconteceu no final da manhã, quando a frota, provavelmente, começava a deixar o Tejo e ganhar o oceano. Levantando um mapa para às 11h10, hora local, temos Sol, Lua e Netuno conjuntos em Sagitário, na casa 10, enquanto o regente deste signo, Júpiter, apresenta-se colado ao Ascendente Aquário. É um mapa significativo. Para Portugal, representa a possibilidade de uma expansão (Júpiter) e de um recomeço (Ascendente) mediante a abertura de vastos horizontes e a busca de terras distantes. O regente de Escorpião no Meio-Céu é o transformador Plutão na casa 1 e em Peixes, signo do oceano infinito. Mais uma vez, a única saída para Portugal estava no mar aberto, idéia que se reforça pela presença de Netuno junto à conjunção Sol-Lua. Urano, regente do Ascendente, na cúspide da casa 9 - das grandes viagens, em analogia com Sagitário - confirma o significado impressionante deste mapa, que parece um eco distante do mapa da partida de Cabral, em 9 de março de 1500. Considerem-se as analogias:
 









Lua Nova ocorrida durante a partida da Família Real para o Brasil - 29.11.1807, 11h10 LMT - Lisboa, Portugal - 38n43, 09w08.
Partida da frota de Pedro Álvares Cabral - 09.03.1500, 12h LMT - Lisboa, Portugal - 38n43, 09w08.
PARTIDA DE CABRALFUGA DA FAMÍLIA REAL (LUNAÇÃO)
Netuno em conjunção com Sol e Lua.Netuno angular em oposição à Lua.
Urano na cúspide da 9.Urano na cúspide da 9.
Sol em Peixes, signo regido por Júpiter e Netuno.Sol em Sagitário, regido por Júpiter, e em conjunção com Netuno.
Saturno em TouroSaturno em Escorpião, em oposição a sua posição na partida de Cabral.
Mercúrio, regente da casa 12 (exílio e transcendência) na casa 9 (viagem intercontinental).Saturno, regente da casa 12, na casa 9, reiterando a mesma conexão.
Urano sobre o Ascendente e Plutão sobre o Meio-Céu do mapa da Independência do Brasil, em 1822.Meio-Céu da fuga da família real em conjunção com o Meio-Céu da Independência do Brasil.

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