Efeitos da maconha sobre a saúde
Em vários países vem sendo debatida a
possibilidade de legalizar o uso de maconha, tanto para fins
terapêuticos como recreacionais. Um dos principais eixos desse debate
está relacionado aos potenciais efeitos prejudiciais da droga à saúde.
Muitos estudos já foram realizados sobre este assunto, porém, devido à
diversidade de abordagens e os tipos diferentes de ensaios
desenvolvidos, apresentaram resultados conflitantes.
Para sistematizar e ponderar os principais
resultados existentes, um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional
sobre o Abuso de Drogas dos Estados Unidos produziu uma nova revisão de
dados da literatura científica sobre os efeitos do uso da maconha para a
saúde, que foi publicada recentemente na revista médica The New England Journal of Medicine.
O estudo aponta as evidências de vários efeitos
adversos do uso da maconha sobre a saúde. Em torno de 9% das pessoas
que experimentam a droga tornam-se adictas (ficam viciadas), e, se são
consideradas somente pessoas com menos de 18 anos, esta proporção sobe
para 17%.
Se o primeiro contato com a droga ocorre no
período da pré-adolescência e adolescência, aumenta a chance de adição
(vício). Além disso, a droga produz síndrome de abstinência, o que
dificulta a pessoa parar de usá-la, e seu uso está associado a um maior
risco de uso de outras drogas.
O uso da droga na adolescência traz um
agravante. O cérebro humano se desenvolve desde o período antes do
nascimento até os 21 anos de idade. Neste período de desenvolvimento o
cérebro é muito mais vulnerável a agressores ambientais (como a
maconha), e o déficit de desenvolvimento leva a efeitos permanentes.
Adultos que fumavam maconha regularmente na adolescência apresentaram
deficiências relacionadas com atenção, alerta, aprendizado e memória.
Outro aspecto abordado diz respeito à piora na
capacidade de dirigir automóvel nos usuários de maconha. Este efeito é
observado tanto de forma imediata após o uso, como também a longo prazo.
Os pesquisadores salientam que a noção que se
tinha da maconha como uma droga inofensiva não combina com os crescentes
efeitos adversos apresentados pelos usuários, e sugerem que esta
incongruência pode ser devido ao aumento verificado nos últimos anos no
conteúdo do principio ativo da maconha, o tetrahidrocanabinol, que pulou
de 3% nos anos 80 para 12% em 2012.
Autor: Equipe ABC da Saúde
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