Comer fora significa comer mais do que o necessário
São várias as razões que podem ser arroladas
para explicar o crescimento do hábito das pessoas fazerem suas refeições
fora de casa. A urbanização associada a um aumento na dificuldade de
mobilidade, a carga de trabalho que deixa pouco tempo para a refeição, a
inserção de um maior número de pessoas da mesma família no mercado de
trabalho, a redução do preço médio pago por uma refeição em restaurantes
ou lanchonetes. Enfim, todas são razões justificáveis. Comer fora, que
era uma situação especial poucas décadas atrás, passou a ser a regra e o
fogão, na maioria das residências modernas, deixou de ser um
eletrodoméstico de primeira necessidade.
As consequências para a saúde deste novo
comportamento estão sendo estudadas. Uma pesquisa recente publicada na
revista científica Journal of the American of Nutrition and Dietetics
indica que uma refeição de restaurante ou fast-food, nos Estados
Unidos, contém uma quantidade de calorias muito superior à recomendada
como saudável. O estudo fez uma análise da quantidade de calorias
contidas em refeições únicas de 364 restaurantes, tanto de grandes
cadeias de fast-food quanto em pequenos restaurantes locais, no período
de 2011 a 2014. Noventa e dois por cento dos restaurantes analisados
tinham a quantidade de calorias por refeição superior a que é
recomendável. A média foi de 1200 calorias por refeição. Considerando
as 570 calorias recomendadas para uma mulher ingerir no almoço ou no
jantar (para homens é um pouco mais), este valor é maior que o dobro das
necessidades.
Impressiona ainda mais o fato que foram
consideradas somente as calorias do prato principal, não sendo
computados no estudo os valores da entrada, das bebidas e da sobremesa.
Uma das explicações para estes excessos está na
competição no ramo de refeições, o que tem levado os estabelecimentos a
aumentar suas porções para cativar seus clientes. Ao comer com
frequência em restaurantes e lanchonetes as pessoas acabam ingerindo um
excesso de energia que será armazenado sob forma de gordura. Isto sem
contar a quantidade de sódio e gorduras saturadas e gorduras trans
contidas nestas refeições que, independente das calorias, pode por si só
trazer danos à saúde.
Outro aspecto exposto pelo estudo é o de que as
cadeias de fast-food não são as únicas culpadas, já que a média de
calorias por refeição destas lanchonetes foi semelhante ao de
restaurantes, mesmo os pequenos e locais.
Algumas dicas dos pesquisadores para tentar diminuir o impacto do problema são:
- diminuir a frequência com que a pessoa come em restaurantes (cozinhar sua própria comida é a melhor opção);
- dividir uma porção entre 2 ou 3 pessoas;
- solicitar a porção para crianças.
Em relação aos restaurantes, a oferta de porções menores com preços proporcionais poderia ser uma alternativa interessante.
Estes resultados servem de alerta para que
os novos hábitos e comportamentos induzidos pelas rápidas mudanças
socioeconômicas devam ser continuamente analisadas quanto aos seus
potenciais efeitos sobre a saúde.
Autor: Equipe ABC da Saúde
Referência Bibliográfica
- -Journal of the American of Nutrition and Dietetics - Jan 19 DOI: 10.1016/j.jand.2015.11.009.
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