Vanguardas europeias
Literatura
Conjunto de tendências artísticas oriundas de diferentes países europeus, as vanguardas europeias influenciaram as artes plásticas e a literatura em todo o mundo ocidental.
Você sabe o que são as vanguardas europeias?
Saber mais sobre essa questão é fundamental para compreender as origens
de um dos mais importantes movimentos da literatura brasileira, o Modernismo.
Inspirados nas tendências artísticas que eclodiram na Europa no início
do século XX, os modernistas brasileiros criaram um projeto artístico
que tinha como objetivo inovar as artes, rompendo, assim, com os padrões
clássicos que até então ditavam as regras na literatura e nas artes
plásticas.
Podemos afirmar que na Europa não houve
uma arte moderna uniforme, isto é, não houve um projeto artístico em
comum que agregasse os artistas em uma única causa; o que houve foi um
conjunto de tendências artísticas oriundas de diferentes países e com
propostas específicas, ainda que próximas no que dizia respeito ao
sentimento de inovação e à vontade de romper com a cultura passadista. A
palavra de ordem era inovar, permitir que a liberdade criadora se
manifestasse para que uma arte completamente nova, influenciada pela
subjetividade e certo irracionalismo, pudesse substituir aquilo que já
estava convencionalizado.
Paris era o principal centro cultural da
Europa. Era natural, portanto, que de lá irradiassem as principais
ideias artísticas que influenciariam não só o continente europeu, mas
também o mundo ocidental. Essas tendências surgiram em um contexto
histórico-político-social conturbado – antes, durante e depois da
Primeira Guerra Mundial – e receberam o nome de correntes de vanguarda. A palavra “vanguarda” tem origem no francês avant-garde
e significa “o que marcha na frente”, ou seja, as correntes de
vanguarda antecipavam o futuro com suas práticas artísticas inovadoras e
nada convencionais, compreendendo antes de todos aquilo que
posteriormente seria considerado como senso comum.
Entre as principais correntes de
vanguarda estão o Cubismo, o Futurismo, o Expressionismo, o Dadaísmo e o
Surrealismo. Conheça algumas de suas principais características:
Cubismo: A principal expressão artística do Cubismo
foi o pintor espanhol Pablo Picasso. Depois dele, outros artistas
reuniram-se para cultivar as técnicas cubistas até o término da Primeira
Guerra Mundial, em 1918. A convivência entre os escritores e artistas
plásticos propiciou uma intensa troca de ideias e técnicas, o que
possibilitou um interessante diálogo entre as diversas manifestações
artísticas. Entre suas principais características no que diz respeito à
pintura (campo onde o Cubismo se desenvolveu com maior expressividade),
estão a decomposição das figuras em formas geométricas, a não retratação
da realidade de forma real (realidade fragmentada), a não utilização da
perspectiva e tridimensionalidade e o uso do humor. É importante
observar que o Cubismo influenciou consideravelmente o Concretismo, movimento literário brasileiro surgido na década de 1950.
Futurismo: O marco inicial do Futurismo ocorreu com a publicação no jornal parisiense Le Figaro, em 1909, do Manifesto Futurista,
escrito pelo italiano Filippo Tommasio Marinetti. O movimento, que
chocou os meios culturais europeus em virtude do caráter violento e
radical de suas propostas, difundiu-se principalmente por meio de
manifestos e conferências, tendo maior receptividade na Itália, país de
Marinetti. Entre as propostas do Futurismo – que encontrou maior
penetração de suas propostas na literatura –, estão a destruição da
sintaxe, a abolição dos adjetivos e advérbios, a abolição da pontuação e
a destruição do eu psicologizante. Entre os principais adeptos do
Futurismo na literatura brasileira estão os escritores Mário de Andrade e
Oswald de Andrade, precursores do Modernismo no Brasil.
Expressionismo: Embora tenha surgido no final do século XIX, foi nas primeiras décadas do século XX que o Expressionismo alcançou seu auge. O movimento artístico surgiu na França e na Alemanha quando um grupo de pintores denominados de expressionistas e fauvistas
propuseram o combate ao Impressionismo, tendência da qual eram oriundos
e que dominava as artes àquela época. O Impressionismo era uma arte
basicamente sensorial, uma vez que valorizava a impressão, isto é, o
modo de captação da realidade. Durante e depois da Segunda Guerra
Mundial, o Expressionismo assumiu uma postura mais combativa,
denunciando os horrores do conflito e as condições desumanas às quais as
populações carentes eram submetidas (elementos que se manifestaram com
maior força na literatura). Entre suas principais características, estão
a ênfase na subjetividade, a utilização arbitrária das cores, os traços
fortes e o uso de formas dramáticas.
Dadaísmo: A Suíça, por
ter se mantido neutra durante a Primeira Guerra Mundial, recebeu
inúmeros artistas provenientes de outros países da Europa, o que
propiciou o encontro desses “fugidos de guerra” que tinham a intenção de
criar um movimento artístico para criticar, por meio do deboche e da
ironia, a civilização decadente representada pelo conflito bélico. Dessa
necessidade de escarnecer da situação social europeia, nasceu o
Dadaísmo, cujas principais características foram, especialmente no que
diz respeito à literatura, o humor e a irreverência, a agressividade e o
ilogismo dos textos, a posição contrária ao capitalismo e o rompimento
com as tradições artísticas, elementos que conferiram à arte dadá um
caráter anárquico.
Surrealismo: O movimento surrealista teve início na França, mais especificamente em Paris, na década de 1920, com a publicação do Manifesto do Surrealismo (1924),
do escritor francês André Breton. Entre as principais propostas de
Breton, estava a junção da psicanálise à literatura e artes plásticas, o
que despertou o interesse de diversos pintores. O Surrealismo destacava
a importância de extravasar os impulsos criadores do subconsciente sem
que houvesse qualquer tipo de controle da razão ou do pensamento. Essa
técnica, quando transportada para a literatura, ganhou o nome de
“escrita automática” e foi apoiada por elementos como o ilogismo, o
humor negro, o devaneio e uso de imagens surpreendentes.
No Brasil, a manifestação de todas essas tendências inovadoras oriundas da Europa ficou conhecida como Modernismo,
movimento que equivale ao Futurismo, para os italianos, e ao
Expressionismo, para os alemães. O encontro dos principais artistas que
seguiam as vanguardas europeias aconteceria durante a célebre Semana de Arte Moderna
de 1922, evento que possibilitou a divulgação dos ideais modernistas,
que emergiram principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, para
outras partes do país. A partir de então, a arte e, sobretudo, a
literatura romperiam com a tradição passadista e dariam início a um
projeto artístico que privilegiasse a criação de uma identidade
literária autônoma e alinhada com a cultura brasileira.
Por Luana Castro
Graduada em Letras
PEREZ, Luana Castro Alves. "Vanguardas europeias"; Brasil Escola. .
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