Trabalhar demais aumenta o risco de derrame e doença cardíaca
O trabalho, além de ser uma necessidade
indispensável para o sustento da maior parte das pessoas, para muitos é
uma fonte de prazer e para alguns chega a ser um vício. O estilo de vida
contemporâneo, com a crescente urbanização, tem mudado tanto as formas
como os locais de trabalho.
A associação entre longos períodos de trabalho e
maior risco de doenças, principalmente de natureza cardiovascular, tem
sido alvo de pesquisas já faz algum tempo. Porém, evidências baseadas em
estudos prospectivos, que são mais robustos do ponto de vista
metodológico, são escassas e limitadas a doenças coronarianas. Em uma
pesquisa recentemente publicada na revista médica The Lancet este tema
volta a ser abordado utilizando a metodologia de meta-análise, onde é
feita uma compilação de vários trabalhos publicados sobre o tema, sendo
os dados agrupados e analisados em conjunto, o que proporciona uma maior
eficácia estatística.
A pesquisa analisou dados de 25 trabalhos,
somando mais de 600.000 participantes em 11 países, o que compõe o maior
estudo já realizado sobre o assunto. Os resultados demonstram
claramente uma associação entre longos períodos de trabalho (definidos
como mais de 55 horas por semana) e maior risco da ocorrência de acidente vascular cerebral (também chamado de AVC ou derrame).
Além disso, o conjunto de dados apresenta uma
relação de dose-resposta. Partindo de períodos de trabalho padrão
(definidos como 35 a 40 horas por semana), o aumento da carga horária
semanal produz um aumento proporcional no risco de AVC. Esta curva
dose-resposta é um indicativo da consistência do resultado. Esta relação
também foi observada com doenças cardiovasculares, porém, com menor intensidade.
São muitos os mecanismos que poderiam explicar
esta relação, sendo o estresse o principal deles, além do comportamento
sedentário e do tempo em que a pessoa permanece sentada durante o dia.
No entanto, este tipo de estudo não permite que se tire nenhuma
conclusão sobre as causas que levam um maior tempo de trabalho ao
aumento do risco de derrame e doença cardíaca.
Estes resultados alertam para um novo fator
de prevenção de doenças que deve ser considerado, o tempo dispendido com
o trabalho. Talvez trabalhar um pouco menos (para quem têm esta opção),
mesmo tendo como consequência um padrão de vida aparentemente mais
modesto, pode trazer um grande benefício à saúde e evitar uma invalidez
ou morte precoce.
Fonte:
Autor: Dr. Gilberto Sanvitto - ABC da Saúde
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