Alguns meninos tiveram crescimento da mama ao fazer tratamento com óleos essenciais
Crianças expostas frequentemente aos óleos naturais como óleo de malaleuca e óleo de lavanda podem sofrer com um problema raro que faz com que o tecido da mama inche de forma anormal. Este estudo foi apresentado no encontro anual da Sociedade de Endocrinologia, que aconteceu entre os dias 19 e 21 de março, na Califórnia.O estudo relata o caso de três meninos, de quatro, sete e dez anos de idade que exibiram sinais de ginecomastia pré-pubescente, o crescimento das mamas em meninos que ainda não chegaram à adolescência. Nessas crianças, o inchaço do tecido das mamas coincidiu com a aplicação na pele de produtos que continham óleo de lavanda e de malaleuca, e felizmente os efeitos passaram quando a substância deixou de ser aplicada.
Os pesquisadores também analisaram em laboratório células humanas expostas aos óleos essenciais.
Isso traz maiores evidências de que alguns óleos derivados de plantas são capazes de interferir com os hormônios humanos. Só porque algo vem da natureza, não necessariamente é bom para nossa saúde.
“Nossa sociedade vê os óleos essenciais como seguros, mas eles possuem muitas substâncias que devem ser usadas com cuidado porque algumas delas são potenciais desreguladoras endócrinos”, alerta o biólogo J. Tyler Ramsey, do Instituto Nacional das Ciências da Saúde Ambientais dos EUA (NIEHS).
Os óleos essenciais não têm este nome porque são indispensáveis, mas porque contêm essência das plantas. Eles são utilizados em inúmeros produtos com os quais temos contatos o tempo todo, como sabonetes e hidratantes, até tratamentos médicos alternativos, óleos de aromaterapia e produtos de limpeza.
Esta onipresença tem preocupado pesquisadores, que querem confirmar se eles realmente são seguros para todos ou se há contra-indicação para alguns.
O pesquisador Kenneth Korach do NIEHS levantou essas possibilidades em 2008, quando descobriu que o óleo de lavanda e de melaleuca contêm substâncias que imitam o estrógeno e inibem a testosterona.
Uma pesquisa com ratos realizada depois de 2008 colocou em dúvida esta hipótese de que os óleos interferem com o estrógeno, mas Korach e Ramsey têm novas evidências que podem explicar por que esses óleos podem ser prejudiciais para meninos.
Os pesquisadores testaram oito substâncias entre as dezenas que compõem esses dois tipos de óleo, testando-os em células humanas de câncer de mama. Os experimentos revelaram que todas as oito substâncias testadas classificam-se como substâncias desreguladoras endócrinas.
Enquanto algumas das substâncias não têm grandes efeitos nas células, outras estimularam as glândulas mamárias de meninos. O mais preocupante é que essas substâncias não estão apenas nesses dois óleos, mas em pelo menos outros 65 tipos de óleos essenciais.
Nos Estados Unidos, os óleos essenciais não são regulados pelo Food and Drug Administration, órgão que administra a produção e venda de medicamentos, e os pesquisadores alertam que devemos aprender mais sobre os riscos em potencial do uso dessas substâncias.
Por enquanto, essas pesquisas ainda estão em fase inicial e ainda não foram revisadas pela comunidade científica, portanto não devemos nos precipitar e condenar o uso dos óleos essenciais. Mais pesquisas devem ser realizadas o quanto antes para averiguar a porcentagem e o perfil das pessoas que sofrem efeitos-colaterais do uso dos óleos.
O pediatra e pesquisador da Universidade de Cambridge (Reino Unido), Ieuan Hughes, diz que precisamos descobrir por que algumas pessoas apresentam esta reação das glândulas mamárias, enquanto a maioria não apresenta. “Nem todo mundo exposto a esses óleos tem feitos colaterais, então é possível que haja indivíduos particulares que podem ser sensíveis aos efeitos das substâncias, ou talvez estejam usando o produto em excesso”, afirmou ele à BBC. [Science Alert, BBC} - Fonte:HScyence - Mar/18)
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