Adolescentes obesos. Como lidar com o excesso de peso nos jovens
Gianpaolo De Filippo, endocrinologista pediátrico no Hospital
Bicêtre, na França, explica as especificidades dos cuidados com jovens
com obesidade grave. O problema das crianças e adolescentes com excesso
de peso é cada vez maior, sobretudo nos países desenvolvidos.
A obesidade, com seu impacto sobre a saúde, física e psicológica, representa um problema importante de saúde pública, que não poupa nenhuma faixa etária. Os programas implementados em todo o mundo para conter o que foi definido como epidemia, tem demonstrado uma eficácia na prevenção, mas o problema surge quando o excesso de peso significativo já está presente.
Em todo o mundo desenvolvido, dezenas de milhares de crianças e adolescentes estão com sobrepeso. A maioria tem apenas um excesso de alguns quilos, mas uma pequena parte entra na definição de «superobesidade», o que corresponde a um IMC (índice de massa corporal) de 50 na idade adulta – um homem de 1,75 m que pesa 153 kg. Trata-se de adolescentes com peso que ultrapassa com frequência os 120 kg (por comparação, o peso normal médio de um rapaz de 16 anos de idade, é de cerca de 60 kg).
• Quais são as consequências do excesso de peso significativo em um organismo em pleno crescimento?
Até recentemente, a maioria das doenças conhecidas por estarem ligadas à obesidade eram consideradas como privilégio da idade adulta. No entanto, não somente podemos encontrar em idade precoce, hipertensão arterial como também a esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado), apneias do sono (distúrbios da respiração que ocorrem durante o repouso noturno), até predisposição para o diabetes, mas esses adolescentes acumularão os efeitos do excesso de peso significativo com o passar do tempo.
• Qual é o impacto do excesso de peso na vida dos adolescentes?
• Quais são as propostas uma vez que a prevenção falhou?
De 1995 a 2010, temos tratado um grande número de crianças e adolescentes obesos: mais de 90 % não puderam estabilizar o seu peso e nem melhorar visivelmente as consequências da obesidade. As regras habituais de higiene alimentar, eficazes, sobretudo para a prevenção ou para a correção da obesidade moderada, se revelaram rapidamente um fracasso para as obesidades graves.
Após uma primeira experiência com o anel gástrico (um anel é preso ao redor do estômago, com a criação de uma bolsa promovendo uma sensação de saciedade mais precoce e importante), nossa equipe focou sua atenção na gastrectomia vertical: trata-se da redução definitiva do volume do estômago, que é realizada graças à experiência da equipe cirúrgica do Hospital Antoine-Béclère com quem nós trabalhamos, por via única. Isto significa que o cirurgião cria uma passagem com uma única incisão no abdômen, de 2,5 cm em vez das 4-5 incisões da técnica convencional, reduzindo assim a agressividade do procedimento cirúrgico.
Atualmente, nossa unidade assegura cerca de trinta intervenções por ano. Os resultados foram brilhantes, sem complicações até o momento e, sobretudo com a percepção por todos os pacientes de uma melhoria da qualidade de vida. A evidência de obesidade massiva, resistente, evoluindo rapidamente na adolescência, se tornou nossa indicação. A cirurgia está no centro de um percurso de cuidados que acompanhará a pessoa ao longo de sua vida, pois uma gestão eficaz deve considerar a obesidade como uma doença crônica em si.
Na França, a cirurgia bariátrica é permitida em adolescentes apenas por derrogação. Não se trata do tratamento ideal, mas é o único a ter mostrado sua eficácia a curto e médio prazo em situações de obesidade grave e evolutiva.
Quando esses pacientes perdem 40 kg, abrimos-lhes um horizonte completamente novo que eles anteriormente não se permitiam mais levar em consideração.:Fonte: 247.com
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