Fratura de Fêmur
Autor:
Lucas Santos ZambonDoutorado em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina da USP.
Supervisor do Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Diretor do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente.
Última revisão: 07/08/2015
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Quadro Clínico
Paciente
feminina, 81 anos, portadora de hipotireoidismo em uso de levotiroxina e
diabetes mellitus em uso de metformina teve queda da própria altura em
casa enquanto varria a sala. Procura pronto-socorro relatando intensa
dor no membro inferior direito e sua perna encontra-se em rotação
interna.
Você
examina a paciente e suspeita de fratura de quadril. Realiza analgesia e
solicita uma radiografia de quadril, que pode ser vista na imagem 1.
Imagem 1 – Radiografia de Quadril
Clique na imagem para ampliar
Diagnóstico e Discussão
Vemos
nitidamente nesta radiografia de quadril uma fratura de colo de fêmur à
direita. Vamos discutir alguns aspectos gerais desta condição.
À
medida que a população idosa cresce, o número de fraturas de quadril
tende a aumentar. Em todo o mundo, se espera que o número total de
fraturas de quadril possa ultrapassar 6 milhões no ano de 2050.
Os
idosos têm ossos mais fracos e são mais propensos a cair devido à perda
de controle do equilíbrio, a efeitos colaterais de medicamentos, e
dificuldade de manobra em torno de riscos ambientais (tapetes, piso
molhado, escadas estreitas, etc).
As
fraturas de quadril aumentam substancialmente o risco de morte e de
grande morbidade em idosos. As taxas de mortalidade anuais variam de 12 a
37%. Aproximadamente metade dos pacientes são incapazes de recuperar a
sua capacidade de viver de forma independente.
Os
principais fatores de risco para fraturas de quadril em pacientes
idosos incluem osteoporose e quedas. Cerca de 90% das fraturas de
quadril em idosos ocorrem a partir de uma simples queda da própria
altura, como neste caso.
O
atendimento inicial do paciente com uma fratura de quadril é composto
principalmente de analgesia adequada e da consulta a um cirurgião
ortopédico. Especificamente as fraturas do colo do fêmur devem sempre
ser encaminhadas para um cirurgião ortopédico, pois maioria vai exigir
fixação cirúrgica.
Existe um grande debate sobre qual procedimento deve ser usado para tratamento das fraturas de colo do fêmur. A
dúvida é entre a redução aberta com fixação interna (RAFI) ou a
artroplastia. Em uma revisão sistemática deste assunto que incluiu 19
ensaios (3.044 participantes), a fixação interna resultou em menor
morbidade em várias categorias, incluindo a perda de sangue e o risco de
infecção da ferida profunda. No entanto, os pacientes tratados com
artroplastia tiveram taxas de reoperação significativamente mais baixas.
Não foram identificadas diferenças na mortalidade ou recuperação do
status funcional prévio. O tratamento com uma artroplastia total ou
parcial do quadril permite a recuperação mais rápida e pode reduzir o
risco de necrose avascular e pseudoartrose.
As
complicações mais graves associadas à fratura de quadril são as
infecções e o tromboembolismo venoso (TEV). Fraturas do colo femoral têm
uma taxa relativamente alta de complicações em comparação com fraturas
de quadril extracapsulares. As complicações potenciais da cirurgia
incluem infecção, dor crônica, deslocamento, não união, necrose
avascular e as mudanças artríticas pós-traumáticas.
Bibliografia
LaVelle DG. Fractures of hip. In: Campbell's Operative Orthopaedics, 10th, Canale ST. (Ed), Mosby, Philadelphia 2003. p.2873.
Wolinsky
FD, Fitzgerald JF, Stump TE. The effect of hip fracture on mortality,
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Health 1997; 87:398
Baumgaertner
MR, Higgins TF. Femoral neck fractures. In: Rockwood and Green's
Fractures in Adults, Bucholz RW, Heckman JD, Rockwood CA, Green DP.
(Eds), Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia 2002. p.1579.
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