sábado, 8 de agosto de 2015

Fratura de Fêmur



Fratura de Fêmur

Autor:
Lucas Santos Zambon
Doutorado em Ciências Médicas pela Faculdade de Medicina da USP.
Supervisor do Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Diretor do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente.
Última revisão: 07/08/2015
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Quadro Clínico

Paciente feminina, 81 anos, portadora de hipotireoidismo em uso de levotiroxina e diabetes mellitus em uso de metformina teve queda da própria altura em casa enquanto varria a sala. Procura pronto-socorro relatando intensa dor no membro inferior direito e sua perna encontra-se em rotação interna.
Você examina a paciente e suspeita de fratura de quadril. Realiza analgesia e solicita uma radiografia de quadril, que pode ser vista na imagem 1.

Imagem 1 – Radiografia de Quadril

Clique na imagem para ampliar


Diagnóstico e Discussão

Vemos nitidamente nesta radiografia de quadril uma fratura de colo de fêmur à direita. Vamos discutir alguns aspectos gerais desta condição.
À medida que a população idosa cresce, o número de fraturas de quadril tende a aumentar. Em todo o mundo, se espera que o número total de fraturas de quadril possa ultrapassar 6 milhões no ano de 2050.
Os idosos têm ossos mais fracos e são mais propensos a cair devido à perda de controle do equilíbrio, a efeitos colaterais de medicamentos, e dificuldade de manobra em torno de riscos ambientais (tapetes, piso molhado, escadas estreitas, etc).
As fraturas de quadril aumentam substancialmente o risco de morte e de grande morbidade em idosos. As taxas de mortalidade anuais variam de 12 a 37%. Aproximadamente metade dos pacientes são incapazes de recuperar a sua capacidade de viver de forma independente.
Os principais fatores de risco para fraturas de quadril em pacientes idosos incluem osteoporose e quedas. Cerca de 90% das fraturas de quadril em idosos ocorrem a partir de uma simples queda da própria altura, como neste caso.
O atendimento inicial do paciente com uma fratura de quadril é composto principalmente de analgesia adequada e da consulta a um cirurgião ortopédico. Especificamente as fraturas do colo do fêmur devem sempre ser encaminhadas para um cirurgião ortopédico, pois maioria vai exigir fixação cirúrgica.
Existe um grande debate sobre qual procedimento deve ser usado para tratamento das fraturas de colo do fêmur.  A dúvida é entre a redução aberta com fixação interna (RAFI) ou a artroplastia. Em uma revisão sistemática deste assunto que incluiu 19 ensaios (3.044 participantes), a fixação interna resultou em menor morbidade em várias categorias, incluindo a perda de sangue e o risco de infecção da ferida profunda. No entanto, os pacientes tratados com artroplastia tiveram taxas de reoperação significativamente mais baixas. Não foram identificadas diferenças na mortalidade ou recuperação do status funcional prévio. O tratamento com uma artroplastia total ou parcial do quadril permite a recuperação mais rápida e pode reduzir o risco de necrose avascular e pseudoartrose.
As complicações mais graves associadas à fratura de quadril são as infecções e o tromboembolismo venoso (TEV). Fraturas do colo femoral têm uma taxa relativamente alta de complicações em comparação com fraturas de quadril extracapsulares. As complicações potenciais da cirurgia incluem infecção, dor crônica, deslocamento, não união, necrose avascular e as mudanças artríticas pós-traumáticas.

Bibliografia

LaVelle DG. Fractures of hip. In: Campbell's Operative Orthopaedics, 10th, Canale ST. (Ed), Mosby, Philadelphia 2003. p.2873.

Wolinsky FD, Fitzgerald JF, Stump TE. The effect of hip fracture on mortality, hospitalization, and functional status: a prospective study. Am J Public Health 1997; 87:398

Baumgaertner MR, Higgins TF. Femoral neck fractures. In: Rockwood and Green's Fractures in Adults, Bucholz RW, Heckman JD, Rockwood CA, Green DP. (Eds), Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia 2002. p.1579.

Baumgaertner MR, Higgins TF. Femoral neck fractures. In: Rockwood and Green's Fractures in Adults, Bucholz RW, Heckman JD, Rockwood CA, Green DP. (Eds), Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia 2002. p.1579.

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