Álcool
Entre as principais aplicações do álcool, está seu uso em bebidas, constituindo-se assim como uma droga, pois causa alterações fisiológicas e comportamentais.
Por Jennifer Rocha Vargas Fogaça
Uma das principais aplicações do álcool é em bebidas
alcoois são compostos orgânicos caracterizados pela presença de um
grupo hidroxila (OH) ligado a um carbono saturado, conforme pode ser
visto no texto “Álcoois”.
Portanto, todas as substâncias que apresentam esse grupo funcional em
sua estrutura podem corretamente ser identificadas como álcoois.
O álcool comum,
presente nas bebidas alcoólicas e usado como combustível, em perfumes,
tintas, vernizes, solventes e em soluções desinfetantes, é o que tem
como principal agente o etanol, sendo, por isso, também chamado de álcool etílico. Sua fórmula estrutural está representada a seguir:
Fórmula estrutural do etanol
O álcool pode ser
produzido através de vários processos, como a partir da hidratação do
etileno proveniente do petróleo ou por meio da fermentação de açúcares e
cereais. No Brasil, o álcool é geralmente produzido a partir da
fermentação da cana-de-açúcar. Nos Estados Unidos, ele é feito por meio
do milho. Para saber detalhes sobre o processo de fabricação do álcool e
sobre sua aplicação como combustível de automóveis, leia o texto Álcool Combustível ou Etanol.
Em
condições ambientes, o álcool é um líquido incolor, infinitamente
solúvel em água (graças às pontes de hidrogênio que se formam entre suas
moléculas), inflamável, apresenta sabor picante, odor levemente
irritante e é moderadamente tóxico.
Entre as suas principais aplicações está seu uso em bebidas alcoólicas, que são classificadas em dois tipos principais: fermentadas não destiladas e fermentadas destiladas. O texto Bebidas Alcoólicas explica bem a diferença entre esses dois tipos, dando exemplos de cada um.
O álcool, porém, é considerado uma droga psicotrópica, palavra que vem do grego psico, que significa “psiquismo”, e trópos, “transformação”,
ou seja, causa mudanças psíquicas e fisiológicas nos indivíduos que o
ingerem e isso se reflete nos sentimentos, atitudes e pensamentos.
Entre os efeitos psíquicos que o álcool causa estão primeiramente os estimulantes, em que a pessoa fica eufórica, relaxada, desinibida, com menos tensão e tédio; posteriormente, porém, o álcool atua como depressor da parte central do sistema nervoso,
resultando em falta de coordenação motora, sono, descontrole, distúrbio
da capacidade de percepção e das habilidades. Quando o consumo do
álcool é em doses muito elevadas, pode levar ao coma e à morte.
Esses efeitos do
álcool dependem de vários fatores, tais como a constância do consumo de
bebidas alcoólicas, o porte físico da pessoa, a quantidade de alimento
consumida antes da bebida alcoólica, entre outros. Mas, em média, as
reações do organismo de acordo com a concentração de etanol no sangue
são as mostradas na tabela a seguir:
Efeitos do álcool no sangue
Em razão desses sintomas é que o álcool é o responsável por 60% dos casos de acidentes de trânsito no Brasil e aparece em 70% dos laudos de mortes violentas.
Por essa razão que a legislação brasileira estabelece que uma pessoa
está incapacitada para dirigir com segurança se tiver uma concentração
de álcool no sangue superior a 0,8 g/L. Isso
corresponde a 5 mL de álcool puro, que é o que há em um copo pequeno de
cerveja ou na terça parte de uma dose de uísque. Para saber como isso é
detectado pelo bafômetro, leia o texto Princípio Químico do Bafômetro.
Acidente de trânsito causado por motorista embriagado
Além disso, outros fatores que fazem com que o álcool seja considerado uma droga é que ele faz com que a pessoa desenvolva tolerância,
isto é, visto que o álcool tem um efeito prazeroso inicial, com o
tempo, o indivíduo precisa de doses cada vez maiores, o que leva à dependência. Quando o indivíduo dependente deixa de ingerir o álcool por um tempo, ele passa por uma síndrome de abstinência,
que pode ser leve, com sintomas como tremor das mãos, inquietação e
distúrbio de sono, ou, de forma menos frequente, uma síndrome de
abstinência severa, envolvendo tremores generalizados, agitação intensa e
desorientação.
O
álcool é tóxico e traz vários efeitos prejudiciais ao organismo. Ao ser
ingerido, ele passa para a corrente sanguínea e é levado para todas as
partes do corpo, sendo metabolizado no fígado e transformado em etanal (acetaldeído), conforme o esquema a seguir exemplifica. Posteriormente, ele é convertido em ácido acético e, por fim, em água e gás carbônico:
Metabolismo do álcool quando é ingerido em pequenas quantidades
O etanal é um composto ainda mais tóxico e é carcinogênico.
Ele provoca lesões no fígado e está associado a cânceres no figado,
reto e, possivelmente, na mama. É também o agente causador da cirrose
hepática.
Ilustração de fígado com cirrose hepática em virtude do consumo excessivo de álcool
Outro fator de
risco é que, ao ser metabolizado, o etanol utiliza enzimas que deveriam
ser usadas pelo organismo para produzir glicose, principalmente em
períodos de jejum. Assim, há uma queda do nível de glicose no cérebro e
em outras regiões do corpo, o que leva à hipoglicemia, que gera sintomas de fraqueza e mal-estar.
Ocorre também desidratação
do corpo porque o álcool inativa o hormônio ADH (antidiurético),
responsável por reabsorver a água filtrada pelos rins. Sem ele, essa
água filtrada é toda eliminada na urina.
Outras doenças relacionadas com o consumo constante de álcool são: hepatite B, distúrbios do coração e do pâncreas, cânceres de boca, esôfago, garganta e pregas vocais.
Infelizmente, apesar de ser proibido para menores de 18 anos, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escola (PENSE) de 2012, realizada pelo IBGE com alunos do 9º ano do ensino fundamental, revelou que 70,5% de estudantes brasileiros para o conjunto dos municípios das capitais responderam já ter experimentado bebida alcoólica, sendo que, entre os adolescentes com idade de 15 anos, 31,7% tomaram a primeira dose com 13 anos ou menos, e 21,8% dos escolares já sofreram algum episódio de embriaguez na vida.
Mas os efeitos do alcoolismo não se limitam às doenças, envolvem também um enorme custo financeiro,
pois, segundo o Ministério da Saúde, o Brasil gasta mais de 60 milhões
de reais por ano com tratamento de alcoolistas. E há também os problemas familiares e emocionais.
O alcoolismo é uma doença que precisa ser tratada
O alcoolismo é uma doença que precisa ser tratada
O
alcoolismo é considerado realmente uma doença que precisa ser tratada.
Existem muitos centros de tratamento, hospitais e programas de
reabilitação que oferecem ajuda, como o AA (Alcoólicos Anônimos), e também profissionais especializados em alcoolismo que podem ser de grande ajuda no processo de recuperação. (Fonte: alunosonlinne.uol.com.br)
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