Terapia com testosterona aumenta o risco de infarto
O uso de testosterona tem crescido nos últimos
anos. A maior parte do uso se concentra entre homens de meia idade e com
idades acima de 65 anos, na expectativa de superar perdas de energia
sexual e massa muscular, associadas à diminuição de testosterona. Muitos
jovens adeptos do fisiculturismo passaram, também, a usar testosterona e
derivados para apressar o ganho de massa muscular. O aumento da
venda de testosterona tem sido vertiginosa, segundo fontes do setor,
superando a do Viagra no ano de 2013 nos Estados Unidos.
Algumas pesquisas recentes já vinham alertando
para os perigos da utilização da testosterona fora das indicações muito
rígidas para determinados problemas endocrinológicos. Porém, a maior
parte destes estudos não foi conclusiva, devido, principalmente, a
limitações metodológicas, o que reduz o seu impacto e aplicabilidade. No
entanto, no dia 29 de janeiro último, foi publicado uma pesquisa mais
ampla e consistente na revista científica online PLoS One, onde os cientistas conduziram um estudo utilizando uma base de dados de mais de 55 mil indivíduos.
Foi avaliado o risco de infarto agudo do
miocárdio pelo acompanhamento da incidência deste evento no período de
90 dias após o início do uso de testosterona. O risco de ataque cardíaco
dobrou neste período para homens acima de 65 anos e para aqueles abaixo
de 65 anos com história de doença cardíaca. Após os 90 dias, aqueles
homens que não continuaram com o tratamento com testosterona retornaram
ao risco cardíaco que tinham antes de tomar o hormônio.
Os pesquisadores alertam que não existem
evidências que garantam segurança para o uso em jovens sem história de
doença cardíaca e que usam o hormônio sem uma indicação médica adequada.
Desde que este tipo de estudo epidemiológico
não determina relações de causa e efeito, os possíveis mecanismos pelos
quais a reposição de testosterona causaria o ataque cardíaco são
especulativos. Um caminho plausível é o provável efeito da testosterona
em promover a formação de coágulos, levando a uma obstrução das artérias
coronárias e o consequente infarto. Certamente, mais estudos são
necessários para esclarecer a biologia desta relação.
Até lá, o uso de testosterona deveria ser
restrito às indicações médicas indiscutíveis, e baseado nas melhores
evidências científicas disponíveis.
Fonte
- - PLoS ONE 9(1): e85805. doi:10.1371/journal.pone.0085805
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