A Química dos Perfumes
Os perfumes são formados principalmente por uma fragrância (que é a essência ou óleo essencial), por etanol, que atua como solvente, e por um fixador.
As fragrâncias dos perfumes eram inicialmente extraídas dos óleos essenciais de flores, plantas e animais
A palavra “perfume” vem do latim per, que significa “origem de”, e fumare,
que é “fumaça”, isso porque o seu uso originou-se provavelmente em atos
religiosos, em que os deuses eram homenageados pelos seus adoradores
por meio de folhas, madeiras e materiais de origem animal, que, ao serem
queimados, liberavam uma fumaça com cheiro doce, como o incenso. O
incenso é feito de resinas ou gomas aromáticas, como o olíbano e o
bálsamo, que são pulverizadas e, muitas vezes, misturadas com
especiarias, cascas resinosas e flores.
Os perfumes são misturas complexas de compostos orgânicos, sendo que essas misturas são chamadas de fragrâncias,
que são as essências que promovem um odor agradável. Inicialmente, tais
fragrâncias eram provenientes principalmente de óleos essenciais
extraídos de flores, plantas, troncos, raízes e de animais selvagens, o
que levou alguns destes a quase serem extintos. Para se ter uma ideia,
no ano de 1900, 50 mil veados-almiscareiros, animais que habitam a Ásia
Central, morreram para que fossem extraídos deles 1400 kg de óleo de
almíscar, uma
secreção de cor marrom e odor pungente que é excretada por uma glândula
localizada no ventre do animal, sendo muito usada em perfumaria.
Felizmente,
o avanço da Química propiciou que os cientistas conseguissem
identificar com precisão os componentes de tais essências e, com isso,
hoje são sintetizadas em laboratório fragrâncias artificiais, que
conseguem imitar as fragrâncias naturais e, assim, poupar os animais.
As flores e plantas também são poupadas. Por exemplo, são necessários oito milhões de flores para se conseguir 1 kg de óleo essencial de jasmim!
Além disso, o desenvolvimento de fragrâncias sintéticas traz benefícios
econômicos para os produtores e consumidores de perfumes, pois como
mostra o caso do óleo de jasmim, quando ele é natural, seu preço chega a
cinco mil reais, já o sintético chega a custar apenas cinco reais.
Apesar de atualmente a grande maioria das fragrâncias ser sintética, elas não substituem totalmente as fragrâncias naturais.
A
extração dos óleos essenciais de origem vegetal pode ser feita por meio
de técnicas que levam em conta as propriedades da substância, como a
solubilidade, a temperatura de ebulição e a volatilidade. Alguns
exemplos de técnicas usadas com essa finalidade são a destilação por
arraste de vapor e o uso de solventes orgânicos, como o éter de
petróleo.
Após
a extração, a essência é analisada por meio de técnicas como
espectrometria e cromatografia. Alguns óleos possuem até 30 componentes,
sendo que alguns exemplos são os compostos orgânicos do grupo dos
fenóis, como o eugenol (óleo de cravo), e do grupo das cetonas cíclicas,
como a cis-jamona (óleo de jasmim), muscona (presente no óleo do
veado-almiscareiro (Moschus morschiferus)) e a civetona (óleo do civete (Viverra civetta)), do grupo dos alcadienos, como o limoneno (óleo da laranja) e o geraniol (óleo de rosas), entre outros.
Principais componentes de alguns óleos essenciais
Já
entre as fragrâncias artificiais estão, por exemplo, o alfa amil
cinamaldeído (fragrância artificial do óleo de jasmim),
trinitrobutil-meta-xileno (fragrância artificial do almíscar – retirado
do veado-almiscareiro), ácido fenilacético (fragrância artificial do
óleo da flor de laranjeira), benzoato de metila (fragrância artificial
do cravo) e muitos outros.
Além das fragrâncias, os outros dois componentes principais dos perfumes são um solvente e um fixador. Geralmente
o solvente utilizado é o etanol, que também possui uma quantidade de
água. O fixador é usado para prolongar o efeito do aroma, tendo em vista
que ele retarda a evaporação da essência. Podem ser usados também
corantes para atribuir uma coloração desejada ao perfume.
Por Jennifer Rocha Vargas Fogaça
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