Comprimento ou cumprimento?
Existem algumas palavras na língua portuguesa que sempre causam problema para um falante distraído. Isso, geralmente, acontece com os parônimos, que são aquelas palavras muito parecidas na escrita e na pronúncia, mas que querem dizer coisas bem diferentes.Quem, por exemplo, nunca se engasgou na hora de empregar as palavras COMPRIMENTO e CUMPRIMENTO.
Você diria que: A costureira marcou o cOmprimento ou o cUmprimento do vestido?
Certamente, a costureira marcou o COMPRIMENTO, o tamanho do vestido. A palavra COMPRIMENTO tem o sentido de dimensão, tamanho, extensão.
Já CUMPRIMENTO tem o sentido de saudar alguém, de cumprimentar uma pessoa.
Dizemos que foi amistoso o CUMPRIMENTO entre o presidente e o senador.
A palavra cumprimento também pode derivar do verbo CUMPRIR que quer dizer executar.
Assim podemos dizer que o delegado estava no CUMPRIMENTO de suas funções.
Se eu a ver ou se eu a vir?
Agora vamos observar dois verbos que são tão parecidos que é muito comum as pessoas se confundirem na hora de usá-los. Estou me referindo aos verbos VER e VIR.
É claro que ninguém se atrapalha, por exemplo, com o presente do indicativo. Todos sabem a diferença entre eu venho e eu vejo.
O problema surge quando temos que empregar o futuro do subjuntivo do verbo VER.
Vamos relembrar?
O futuro do subjuntivo é aquele tempo verbal que vem introduzido, geralmente, pelos vocábulos SE ou QUANDO.
Pois quando o verbo VER vem precedido de uma dessas duas palavras muita gente se atrapalha.
Por exemplo, você diria:
Se eu a vir, finjo surpresa
OU
Se eu a ver, finjo surpresa?
O correto é:
Se eu a VIR.
Guarde, então, a seguinte conjugação do verbo VER:
Se tu vires o senador, não deixes de cumprimentá-lo.
Quando ele vir a professora, dará o aviso.
Quando nos virmos, falaremos sobre isso.
Se eles me virem aqui, ficarão surpresos.
Auto-escola ou autoescola?
Você se atrapalha na hora de escrever, por exemplo, AUTOESCOLA? Será que é uma palavra só ou será que tem aquele tracinho entre auto e escola?
Se você ainda se confunde com o hífen, não fique triste, você não está sozinho. Essa ainda é uma das maiores dificuldades enfrentadas por estudantes e profissionais das mais diferentes áreas.
Vamos, então, conhecer algumas regras. Começando com nosso problema inicial: a palavra AUTOESCOLA?
Nesse caso, o correto é escrever tudo junto, sem hífen, uma palavra só. E isso acontece, porque a regra diz que devemos escrever tudo junto quando o prefixo terminar com uma letra diferente da letra que começa a palavra seguinte.
Assim, como AUTO termina com O e ESCOLA começa com E, devemos escrever sem hífen, tudo junto.
Já a palavra AUTO-OBSERVAÇÃO tem hífen, porque AUTO termina com a letra O e OBSERVAÇÃO também começa com a letra O.
Segundo o novo acordo ortográfico, com o prefixo AUTO, só usaremos o hífen se a palavra seguinte começar por H ou pela vogal O: auto-hipnose, auto-oscilação.
Se a palavra seguinte começar por qualquer outra letra, devemos escrever “tudo junto” (sem hífen): autoajuda, autoatendimento, automedicação, autodefinição, autobiografia...
Ele namora a vizinha ou ele namora com a vizinha?
Todo mundo diz que ele namora com a vizinha. Mas será que isso está certo? Bem, quanto ao namoro, eu não posso dizer nada, nem sequer conheço a vizinha. Mas quanto à formulação da frase, aí temos um caso polêmico.
Pois, embora seja muito comum as pessoas falarem NAMORAR COM, na tradição da língua culta, o verbo NAMORAR não pede a preposição COM. Não pede preposição alguma: quem namora, namora alguém.
Assim, principalmente em provas oficiais, como concursos e vestibulares, escreva que Ele namora a vizinha, sem a preposição COM.
E já que estamos falando das preposições que acompanham os verbos, vale lembrar que o verbo OBEDECER exige a preposição A. Quem obedece obedece A alguém.
Portanto diga:
As crianças obedecem aos pais.
Os motoristas obedecem AO sinal.
(Sergio Nogueira)
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