quarta-feira, 1 de abril de 2015

Ovos de Páscoa


Ovos de Páscoa

Os ovos de Páscoa tornaram-se uns dos principais símbolos pascais após um longo processo de trocas culturais operado na Europa, na passagem da Antiguidade para a Idade Média.

 
O ovo de Páscoa tornou-se, com o tempo, um dos principais símbolos da Páscoa
O ovo de Páscoa tornou-se, com o tempo, um dos principais símbolos da Páscoa
A origem dos ovos de páscoa ou, melhor dizendo, da inserção da prática de presentear as pessoas com ovos pintados e adornados na festa da Páscoa cristã, remonta ao início do Cristianismo, no período da Antiguidade Tardia (a partir do século IV d.C.). Essa inserção também está atrelada aos vários processos de assimilação e incorporação de elementos das culturas pagãs operados pela Igreja Cristã Primitiva. Foi nessa atmosfera que os ovos converteram-se em um dos principais símbolos da Páscoa.
Muitas civilizações antigas, tanto do Extremo Oriente quanto médio-orientais e do norte da Europa, desenvolveram um simbolismo muito forte em torno do ovo. Geralmente, esse simbolismo está ligado à ideia de renascimento, de eclosão da vida, de renovação. O próprio fenômeno do ser vivo (ave ou réptil) que sai de dentro do ovo ofereceu aos homens das culturas arcaicas esse princípio simbólico.
Os povos germânicos cultuavam uma deusa chamada Ostera, que era considerada a divindade da Primavera. Como culto a essa deusa, esses povos passaram a praticar a entrega dos ovos como presentes exatamente quando se iniciava a Primavera. Sabe-se que, no norte europeu, as estações do ano são muito acentuadas e, quando irrompe a Primavera após o inverno rigoroso, fica evidente a exuberância da flora, que, por sua vez, atrai os animais para os ciclos de reprodução. Entre os germânicos, a festa da troca dos ovos ocorria durante o equinócio de primavera, entre março e abril.
Era também na Primavera que os coelhos reproduziam-se. Por essa razão, o símbolo do coelho também passou a estar associado a essa mesma deusa, Ostera. Com a formação do cristianismo e sua expansão para a Europa, no equinócio de Primavera, passou a ser comemorado o dia da Páscoa, isto é, a data mais importante para os cristãos, pois celebra a ressurreição de Cristo. Com essa assimilação, os símbolos e os ritos antes associados à Deusa da Primavera passaram, aos poucos, a serem associados à festa da ressurreição de Cristo.
Assim sendo, a entrega de ovos continuou como rito durante a era cristã e espalhou-se para outras regiões do mundo. Um dos exemplos mais notórios dessa prática de entrega de ovos durante a páscoa foi o da família aristocrática Romanov, que deu linhagens de czares na Rússia durante séculos. A história dos ovos luxuosos dessa família, feitos pelo joalheiro Fabergè, pode ser consultada neste link: Ovos de páscoa da família Romanov.
A partir do século XIX, o hábito de presentear parentes e amigos com ovos, na data da Páscoa, fez surgir a produção do ovo de chocolate. O pioneiro nessa prática foi François Louis Cailler, que em 1819 abriu a primeira fábrica de ovos de chocolate na França. Na segunda metade do século XX, a produção em larga escala de ovos de chocolate dominou a indústria e o mercado. Desde então, em toda temporada que antecede o dia da Páscoa, o consumo desses ovos torna-se intenso, transformando ou ressignificando o sentido tradicional da festa pascal.

Por Me. Cláudio Fernandes

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