Cicatrizante natural
Remédio feito a partir de plantas brasileiras induz cicatrização rápida de feridas em diabéticos
Por: Juliana Tinoco
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Pacientes diabéticos possuem elevado nível de glicose no corpo, o que afeta a circulação do sangue para os tecidos e, em conseqüência, gera problemas de cicatrização. “A glicose em excesso se liga à hemoglobina, proteína responsável por levar oxigênio aos tecidos, e prejudica essa função, o que dificulta a regeneração de feridas”, explica Tânia Toledo, coordenadora da pesquisa.
O problema é agravado porque a falta de oxigênio favorece a proliferação de bactérias anaeróbias (que vivem bem na ausência desse elemento) no tecido lesado. “A lentidão de cicatrização e a forte tendência a inflamações levam muitos pacientes a terem seus membros amputados”, revela Toledo.
Quatro espécies de plantas, duas encontradas na zona da mata mineira e duas na região nordeste, são estudadas há seis anos pela UFV. Juntas, revelaram sucesso em acelerar o processo de cicatrização, já que impedem a síntese de duas substâncias, o colágeno polimérico e a glicoproteína acídica, também abundantes em diabéticos e responsáveis por tornar mais lenta a circulação do sangue. Os fitoterápicos apresentaram ainda função antiinflamatória e antibacteriana.
Em pesquisas realizadas com animais diabéticos, o tempo de cicatrização diminuiu de seis meses para 15 a 20 dias. Mas o sucesso veio mesmo com os testes em seres humanos. Todos os duzentos pacientes que usaram o medicamento apresentaram resultados positivos, sem efeitos colaterais. “O remédio foi capaz de curar, em vinte ou trinta dias, feridas de pessoas que usaram outras drogas por três ou quatro anos sem sucesso”, conta Toledo. A média de tempo de cicatrização de feridas grandes em diabéticos é de um ou dois anos. Após esse período, geralmente ocorrem amputações.
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O remédio, produzido em forma de gel ou pomada para aplicação externa, já se encontra em fase de registro de patente; por isso, a divulgação de seu nome ou do nome das plantas que o compõem está proibida. “Nesse momento existem indústrias interessadas em comercializar o fitoterápico. A expectativa é de que, por ser feito a partir de um composto natural, o remédio tenha produção e venda bem mais baratas do que as opções hoje existentes no mercado”, diz Toledo.
Juliana Tinoco
Ciência Hoje On-line
04/12/2006
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