domingo, 26 de janeiro de 2020

Pesquisa feita no Piauí descobre poder cicatrizante do pólen da abelha

Publicada por: Redação Fala Nordeste
Fonte: MN
Pesquisa feita no Piauí descobre poder cicatrizante do pólen da abelha
Josyanne Araújo Neves afirma que a úlcera gástrica é um dos principais distúrbios gastrointestinais e, devido aos fatores ulcerogênicos, como radicais livres, ainda constitui um grave problema de saúde.
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Pesquisa feita no Piauí descobre poder cicatrizante do pólen da abelha Foto: Reprodução
As pesquisas dos cientistas que estão fazendo suas teses de doutoramento em Biotecnologia pela Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), da qual faz parte a Universidade Federal do Piauí (Ufpi), estão fazendo descobertas que podem revolucionar a produção de medicamentos e cosméticos.
A cientista Josyanne Araújo Neves, em sua pesquisa que serviu de base para sua tese “Caracterização e investigação da atividade gastroprotetora e cicatrizante do pólen de pote da abelha sem ferrão Melipona compressipes fasciculata Smith, 1854 (Hymenoptera, Apidae, Meliponinae)”, apresentada para obter o título de doutora junto à Renorbio, descobriu que o pólen de pote da abelha sem ferrão, muito comum no Piauí, tem propriedades gastroprotetora e cicatrizante.
Josyanne Araújo Neves afirma que a úlcera gástrica é um dos principais distúrbios gastrointestinais e, devido aos fatores ulcerogênicos, como radicais livres, ainda constitui um grave problema de saúde.
Segundo ela, a úlcera gástrica é uma doença de difícil cura, uma vez que a maioria dos medicamentos aplicados na terapêutica está associada a efeitos colaterais e à má qualidade de cicatrização, causando a recidiva da úlcera.
Josyanne Araújo Neves falou que, nesse contexto, a busca por terapias com menores efeitos colaterais e por agentes capazes de conferir proteção auxiliar contra a úlcera gástrica continua, e estudos têm se voltado para produtos naturais de origem animal.
Josyanne Araújo Neves ensina que o pólen de pote de abelhas sem ferrão é um produto natural muito apreciado na cultura popular, como alimento e medicamento, e apresenta rica composição de nutrientes e bioativos, contudo é pouco investigado.
De acordo com a cientista, por possuir antioxidantes, principalmente fenólicos, pode ser especialmente útil frente a doenças em que radicais livres estão envolvidos.
Por isso, Josyanne Araújo Neves realizou sua pesquisa com o objetivo de fazer a caracterização, por meio de análise palinológica, antioxidante e fenólica, do pólen de pote da abelha sem ferrão, bem como investigar sua atividade gastroprotetora e cicatrizante.
Índice de cicatrização chegou a 97%
As pesquisas foram feitas com ratos. Foram coletadas, diretamente em colmeias, amostras de pólen de pote em duas estações: uma estação chuvosa e uma estação seca.
Josyanne Araújo Neves informou que a caracterização palinológica, que vem da parte da botânica que estuda os grãos de pólen, esporos e outras estruturas com parede orgânica ácido-resistente, conjuntamente chamados palinomorfos, revelou origem botânica variada, com predomínio de tipos polínicos de espécies da família Fabaceae, uma das maiores famílias botânicas, conhecida anteriormente como Leguminosae, com uma larga distribuição geográfica. É subdividida em três subfamílias.
Josyanne Araújo Neves disse que os porcentuais de cicatrização foram, respectivamente, 36, 85 e 97%.
Ela concluiu que, conjuntamente, os resultados demonstraram que o pólen de pote de abelha sem ferrão possui atividade gastroprotetora e cicatrizante, sendo potencial agente preventivo ou terapêutico de úlcera gástrica, podendo ser aplicado em produtos biotecnológicos, alimentícios ou farmacêuticos.
Josyanne Araújo Neves possui graduação em Tecnologia de Alimentos (2007) pelo Instituto Federal do Piauí (IFPI) e em Ciências Biológicas (2010) pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), especialização em Controle e Qualidade de Alimentos (2009) pelo IFPI e mestrado em Alimentos e Nutrição (2013) pela UFPI.
Atualmente é doutora pelo Programa Renorbio (Rede Nordeste de Biotecnologia) e professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA). Tem experiência na área de Ciência de Alimentos, com ênfase em compostos bioativos, produtos apícolas, microbiologia de alimentos, análise sensorial e desenvolvimento de produtos.
Cientista desenvolve filtro solar de extratos de caroá
Em suas pesquisas para a produção de sua tese de doutoramento em Biotecnologia da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), o cientista Francisco Alberto Alencar Miranda desenvolveu um filtro solar a partir de extratos de caroá (Neoglaziovia variegata), e titânia mesoporosa.
O caroá é uma planta da família das bromeliáceas, nativa do Nordeste. Possui poucas folhas lineares e acuminadas, dispostas em roseta, inflorescência laxa com 25 centímetros de comprimento e com até 60 flores, de sépalas vermelhas e pétalas purpúreas. Suas folhas fornecem longas fibras, de grande resistência e durabilidade. Também é conhecido pelos nomes de carauá, caruá, caroá-verdadeiro, coroá, coroatá, crauá, croá e gravatá.
A titânia mesoporosa é uma substância produzida a partir do titânio com poros com diâmetro de 2 a 50 mm.
Francisco Alberto Alencar afirmou que o protetor solar é uma tendência no mercado de cosmético. No entanto, a radiação ultravioleta (UV) pode acelerar o estresse oxidativo, gerando envelhecimento precoce e câncer de pele.
Francisco Alberto Alencar falou que sua pesquisa tinha como objetivo sintetizar materiais híbridos inorgânico-orgânicos com propriedades antioxidantes e de fotoprotetora à base de titânia mesoporosa.
Segundo ele, primeiro, foi sintetizada a titânia mesoporosa. A segunda parte da pesquisa foi o preparo de extratos de caroá com solventes orgânicos (etanol, hexano clorofórmio e acetato de etila).
Francisco Alberto Alencar falou que após a obtenção dos extratos foi realizada a incorporação das fases desses materiais na titânia mesoporosa pelo método de adsorção. Testes de toxicidade, atividade antioxidante e antibacteriana e fator de proteção solar (FPS) foram realizados nos extratos e nos materiais associados.
Os resultados de atividade antioxidante, toxicidade e FPS mostraram que a fração Nv-AcOEt apresenta-se mais promissora, com melhor performance na ação antioxidante, por ser atóxica e por apresentar ótimo potencial para proteção contra radiação solar.
Na avaliação da atividade antimicrobiana, as frações etanólica e clorofórmica apresentaram maior nível de inibição contra micro-organismos testados. Ainda foram feitos fenóis totais e espectro de massa.
Os valores de pH (representação da escala na qual uma solução neutra é igual a sete, os valores menores que sete indicam uma solução ácida e os maiores que sete indicam uma solução básica), espalhabilidade e condutividade das formulações estão dentro dos padrões aceitáveis para filtro solares à base de titânio, como recomenda a Guia de Estabilidade de Produtos Cosméticos.
Francisco Alberto Alencar concluiu que a titânia mesoporosa obtida apresenta uma mesoestrutura bem ordenada de poros com partículas no formato esférico. A fase predominante na titânia mesoporosa sintetizada é a anatase e extrato bioativo de caroá que possui maior quantidade de compostos fenólicos é a fase etanólica.
Porém, dentre as frações de caroá obtidas, a que servirá para uso cosmético é a fração à base de acetato, foi a que apresentou-se como atóxica e com boa ação fotoprotetora.
Francisco Alberto Alencar é professor da Universidade Estadual do Maranhão, mestre em Engenharia de Materiais, mestre em Ciências da Educação pelo Instituto Pedagógico Latinoamericano y Caribeno (IPLAC), doutor em Biotecnologia pela Renorbio, tem especialização em Química - Físico-Química. Possui graduação em Licenciatura Plena em Química pela Universidade Federal do Piauí (1991). Tem experiência na área de Química, atuando principalmente nos seguintes temas: polímero, fitoquímica, metabólitos secundários, plantas medicinais e etnobotânica. Fonte: falapiaui.com.br)

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