A arte de tornar-se maior que a vida
A importância de ser "autor" da sua própria vida e história. Pais influenciam, mas não podem ser "donos" da vida dos filhos. Lembre que carreira não é tudo. A vida é muito mais. Avalie e decida sobre todos os papéis que você desempenha. Qual é o seu legado?
A história da humanidade tem mostrado ao longo do tempo e nas mais diferentes culturas que existem pessoas que se apropriam da sua biografia e assumem os riscos e alegrias da sua existência. Há pessoas que além disto se tornam figuras que influenciam a vida de outros, seja pela via do exemplo ou do discurso.
São pessoas transformadoras que se tornam agentes de alguma história. Podem ocorrer no mundo, países, governos, empresas, famílias e tantos outros sistemas da nossa sociedade.
Existem também aqueles que nem ao menos percebem que sua vida lhe pertence e passam toda uma existência dependendo de pessoas e mecanismos externos na busca de algum sentido para sua vida. Para estes é que existem os “gurús” de plantão e o crescente instrumental de auto-ajuda.
Mas também temos encontrado ao longo da história da evolução humana aquelas pessoas das quais se diz que “foram, ou são, maiores que suas vidas”. E a afirmativa deve ser no plural mesmo porque, com certeza foram seres humanos que viveram várias vidas ao longo de uma só.
Para compreendermos este comportamento de múltiplas facetas através de uma análise muito prática e sem grandes elaborações podemos utilizar a teoria dos papéis que vivemos.
Estabelecemos relações de caráter profissional, afetivo, espiritual, social, material e também no nível individual.
E, embora muitas vezes atuando em “cenários” diferentes, criamos personagens que não podem, do ponto de vista dos princípios, terem comportamentos e atitudes totalmente contraditórias.
Também nossa história deverá sempre ser olhada e vivida em três dimensões. Ou seja, passado, presente e futuro. Embora para muitos esta divisão possa parecer de caráter meramente didático, ela simboliza as transições pelas quais passamos. Somos diferentes a cada instante na medida em que devemos administrar conseqüências e expectativas dos papéis nas dimensões do tempo.
Mas o que torna uma pessoa merecedora da categoria e reconhecimento de alguém que viveu muito além da sua vida?
Pais podem desenvolver um profundo sentido de realização através das conquistas dos filhos e netos. Um empreendedor transforma uma criatura – a empresa – em uma obra que em dado momento pode tornar-se muito maior do que o seu criador. Lideranças transformadoras conseguem alterar rumos da história e influir na vida de pessoas. Para o bem ou para o mal.
Para alguns estas pessoas que assumem uma dimensão maior que suas vidas tornam-se referências. Mas não apenas para serem admiradas. Estas pessoas passam, de alguma forma, a ser consideradas muito maiores do que sua existência, na medida em que possam ser imitadas em algumas das suas dimensões de sentido e tempo.
E quando penso em todas estas questões recordo sempre a resposta de um historiador italiano, pertencente a uma família que está hoje na 14a. geração, quando perguntado sobre quais as razões para esta longevidade familiar e empresarial.
Disse ele, de forma muito pragmática, que na sua família “existiam mortos que estavam vivos, e vivos que estavam mortos”.
Embora o que seja motivo real de preocupação sejam os “vivos mortos”, pela falta de compromisso com sua biografia e sentido da vida, fica evidente que todos aqueles considerados como “mortos vivos” estão na categoria das pessoas que se tornaram maiores que suas existências.
É claro também que todo este conjunto de reflexões faz mais sentido ainda a cada dia que passa em nossa sociedade moderna.
Um mundo competitivo e globalizado, como o que estamos vivendo, exige que nos tornemos indivíduos que conseguem ver e agir muito além de meros desejos ou objetivos de curto prazo. Menos ainda que nossas aspirações sejam apenas influenciadas por uma sociedade consumista e que se satisfaz com modelos de fama efêmera.
Esta é uma mensagem para pais, educadores, lideranças sociais e formadores de opinião. Mas é acima de tudo um compromisso que cada um de nós precisa assumir consigo mesmo, na medida que pretenda se apropriar da sua existência.
Nunca é tarde para pensar e agir.
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