O Ciclo Hidrológico
Conhecida a distribuição da água na Terra, é importante também que se saiba como ela se movimenta no planeta.
Ao
seu permanente movimento de mudanças de estado (sólido, líquido ou
gasoso) ou de posição (superficial, subterrânea ou atmosférica) em
relação à superfície da Terra, denominou-se de ciclo hidrológico. Por
definição, então, ciclo hidrológico é a descrição do comportamento
natural da água em volta do globo terrestre. Essencial para o
desenvolvimento da vida na Terra, é composto de três fenômenos
principais: evaporação para a atmosfera, condensação em forma de nuvens e
precipitação, mais freqüentemente em forma de chuva, sobre a superfície
terrestre, onde ela se dispersa sobre as mais variadas maneiras, de
acordo com a superfície receptora, escoando sobre a superfície,
infiltrando-se e/ou evaporando-se.
A
cada ano, a energia do Sol faz com que um volume de aproximadamente
500.000 Km3 de água se evapore, especialmente dos oceanos, embora também
de águas e rios. Essa água retorna para os continentes e ilhas, ou para
os oceanos, sob a forma de precipitações: chuva ou neve. Os continentes
e ilhas têm um saldo positivo nesse processo. Estima-se que eles
“retirem” dos oceanos perto de 40.000 Km3 por ano. É esse saldo que
alimenta as nascentes dos rios, recarrega os depósitos subterrâneos, e
depois retorna aos oceanos pelo deságüe dos rios.
A
água é encontrada na atmosfera mais freqüentemente sob a forma de vapor
ou de partículas líquidas, embora não seja raro sob a forma de neve ou
de gelo. Para que ocorra uma precipitação é necessário que o vapor
atmosférico sofra condensação em gotículas que, ao atingir determinado
peso, não podem continuar em suspensão, caindo em forma de chuva. Se
durante essa precipitação essas gotas atravessarem camadas atmosféricas
com temperaturas negativas poderá ocorrer o congelamento e a
precipitação ocorrer na forma de partículas de gelo, o granizo. Se essa
condensação ocorrer sob temperaturas de congelamento, a precipitação se
dará em forma de neve.
Embora
sem importância para estudos de abastecimento de água, em função de sua
insignificante contribuição para a formação de escoamentos
superficiais, ainda se pode registrar que quando a condensação for
originada do contato do vapor atmosférico com uma superfície sólida, o
solo por exemplo, e em temperaturas do ar circundante muito baixas, não
necessariamente de congelamento, ocorre a formação do orvalho ou das
geadas. A ocorrência destes tipos de condensação é de extrema
importância em áreas agrícolas, assim como a precipitação em forma de
granizo.
Resumindo,
as precipitações pluviométricas podem ocorrer tanto da forma mais comum
conhecida como chuva, como em formas mais moderadas como neblinas,
garoas ou geadas, ou mais violentas como acontecem nos furacões,
precipitações de granizo, nevascas, etc.
Quando
a chuva alcança o solo, parte da água se infiltra e parte fica
temporariamente sobre a superfície, em função da intensidade da chuva e
da capacidade de infiltração do solo. Da parcela superficial parte é
retida, passa do estado líquido para o gasoso pelo processo de
evaporação natural, e volta a atmosfera. A intensidade desse fenômeno
natural depende da temperatura ambiente, da ventilação e da umidade
relativa do ar. O restante escoa sobre a superfície livre do terreno
indo abastecer os corpos receptores naturais como rios lagos e oceanos.
Da parcela infiltrada, a que fica retida nos interstícios próximos à
superfície volta a atmosfera na forma de vapor e o restante penetra mais
profundamente e vai abastecer o lençol freático e outros aqüíferos
subterrâneos.
Em
áreas cobertas por densa vegetação o volume de água que é transferido
para a atmosfera, através do fenômeno de transpiração, pode ser bastante
significativo, em função da dimensão dessa área. Nesse processo a água é
retirada do solo pelas raízes, transferida para as folhas e, então,
evaporada. Assim, numa área de floresta, por exemplo, a superfície de
exposição das folhas é muito grande e em função da temperatura ambiente e
da insolação, pode se tornar o fator determinante do teor de umidade
atmosférica (numa área equatorial, por exemplo).
Evidentemente
o ciclo hidrológico, embora seja um fenômeno contínuo da natureza, não
tem comportamento uniforme em cada uma de suas fases, principalmente
quanto à evaporação e à precipitação, Essas variam de intensidade
aleatoriamente com o tempo, principalmente ao longo das estações
climáticas. Na realidade qualquer observação sistemática de chuvas em
determinado local caracterizar-se-á por notáveis variações nas
quantidades precipitadas anualmente e não mostrará ocorrências cíclicas
dos fenômenos. A maior quantidade de observações ao longo de um tempo
mais longo (mais de trinta anos) permitirá condições de se apurar
valores médios mais consistentes.
A
fase atmosférica do fenômeno das precipitações é de interesse dos
meteorologistas, porém a partir do momento em que ela atinge o solo,
torna-se o elemento fundamental dos estudos ligados à Hidrologia.
Segundo o United States Federal Council of Science and Tecnology,
Committee for Scientific Hidrology (1962), Hidrologia é a ciência que
estuda a água da terra, sua ocorrência, circulação e distribuição, suas
propriedades físicas e químicas, e suas reações com o meio-ambiente,
incluindo suas relações com a vida (Villela & Mattos, 1975, p. 1),
ou seja, é a ciência que estuda a presença da água na natureza. Ainda
denomina-se de Hidrologia de superfície o estudo referente ao movimento
da água sobre o solo, isto é, do escoamento superficial das águas, que é
o que interessa para projetos de drenagem superficial. Pode-se dizer
que como ciência é um estudo recente, pois seus fundamentos teóricos só
começaram a se formar nos tempos do cientista italiano Leonardo da Vinci
(1452-1519), com a concepção do ciclo hidrológico, e só foi aceita como
disciplina específica em fins do século XIX, embora os antigos egípcios
já ensaiassem o controle das cheias do Rio Nilo, a cerca de 3000 anos
antes de Cristo.
No
entanto, o ritmo acelerado de desmatamentos das últimas décadas, e o
crescimento urbano e industrial, que necessita sempre de mais água, vem
alterando esse ciclo hidrológico. Estudos da ONU mostraram que o
desmatamento e o pastoreio excessivo diminuem a capacidade do solo em
atuar como uma grande esponja, absorvendo águas das chuvas e liberando
seus conteúdos lentamente. Na ausência de coberturas vegetais, e com
solos compactados, a tendência das chuvas é escorrer pela superfície e
escoar rapidamente pelos cursos de água, o que traz como conseqüência
as inundações, aceleração no processo de erosão e diminuição das
estabilidade dos cursos de água, que ficam diminuídos fora do período de
cheias, comprometendo assim a agricultura e a pesca. Não faltam sinal
de escassez de água doce. O nível dos lençóis freáticos baixa
constantemente, muitos lagos encolhem e pântanos secam. Na agricultura,
na indústria e na vida doméstica, as necessidades de água não param de
aumentar, paralelamente ao crescimento demográfico e ao
aumento nos padrões de vida, que multiplicam o uso da água. Nos anos 50,
por exemplo, a demanda de água por pessoa era de 400 m3
por ano, em média no planeta, ao passo que hoje essa demanda já é de 800
m3 por indivíduo. Em países cada vez mais populosos, ou com carência em
recursos hídricos, já se atingiu o limite de utilização de água.
Constatou-se que atualmente 26 países, a maioria situada no continente
africano, totalizando 235 milhões de pessoas, sofrem de escassez de
água. As outras regiões do mundo também não são poupadas. Sintomas de
crises já se manifestam em países que dispõem de boas reservas. Nos
locais onde o nível de bombeamento (extração) das águas subterrâneas é
mais intenso que sua renovação natural, se constata um rebaixamento do
nível de lençóis freáticos, que, por esse motivo, exigem maiores
investimentos para serem explorados e ao mesmo tempo vão se tornando
mais salinos.
Ciclo da água.
Foto por desconhecido.
http://www.saojosedoscampos.com.br
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