FEBRE MACULOSA OU FEBRE DO CARRAPATO
Definição
A febre maculosa é uma infecção aguda causada por uma bactéria, a Rickettsia rickettsii. O homem é infectado através da picada do carrapato que eventualmente carrega esta bactéria nas suas glândulas salivares.
Incidência
Esta é uma doença rara, porém o número de
pessoas diagnosticadas vem aumentando desde 1996 quando se tornou
obrigatória a sua notificação para os centros de vigilância
epidemiológica. Estima-se que a maioria dos casos não é diagnosticada e
que os dados disponíveis são provavelmente inferiores à verdadeira
incidência.
É mais comum na zona rural, principalmente dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Infecção
A Rickettsia é uma bactéria que sobrevive basicamente dentro das
células dos carrapatos. No Brasil, o carrapato mais comum e também o que
mais comumente é vetor desta infecção é do tipo Amblyomma cajennense.
Estes carrapatos são também conhecidos como "carrapato-estrela",
"carrapato de cavalo" ou "rodoleiro". Eles infestam animais domésticos
como as galinhas, cavalos, bois, cachorros e porcos e também animais
selvagens como os gambás, as capivaras, cachorros-do-mato, coelhos,
tatus e cobras.
O carrapato infectado pica o hospedeiro e
através de sua regurgitação inocula a bactéria na corrente sanguínea do
animal ou, mais raramente, em feridas abertas. No homem, isso não é
comum porque para que haja a infecção o carrapato tem que ficar aderido
de 4 a 6 horas.
Todas as pessoas são susceptíveis à infecção as
quais, depois de infectadas, adquirem imunidade, provavelmente para o
resto da vida.
Esta infecção não passa de uma pessoa doente
para outra por contato físico nem contato com saliva, urina ou fezes.
Sempre é necessária a picada do carrapato. Porém, a ausência de um
relato de que houve a picada por um carrapato não exclui o diagnóstico
já que este relato depende da observação e da memória do indivíduo. Além
disso, mais de um caso pode aparecer na mesma família ou em pessoas que
moram na mesma região porque foram expostos aos mesmos animais
portadores de carrapatos infectados.
Os casos são mais comuns nos meses de primavera e verão.
Sintomas
A pessoa infectada pode desenvolver sintomas de
2 a 14 dias após a picada, em média, uma semana. Estes sintomas podem
praticamente não existir ou serem muito fracos, o que dificulta o
diagnóstico.
Nas pessoas que desenvolvem o quadro mais
característico, a febre pode ser moderada a alta, chegando até 39 a 40
graus. Esta febre pode durar de 2 a 3 semanas e geralmente a pessoa tem
que restringir as suas atividades, necessitando repouso no leito. É
comum ter dor de cabeça intensa, dor no corpo, calafrios e edema dos
olhos e conjuntivas.
Nos primeiros dias de febre pode aparecer a
mácula, de onde vem o nome da doença. São lesões de pele, róseas, nos
punhos e tornozelos, que progridem para o tronco e face e após, mãos e
pés. Em 2 a 3 dias, estas lesões adquirem um certo volume e podem ser
sentidas ao toque quando ficam de uma coloração mais forte. Após 4 dias
podem ficar arroxeadas. Nas áreas de maior atrito, podem se unir e
formar uma placa que se parece com um hematoma. Pode haver descamação
nas áreas mais intensas. O local onde houve a picada pode formar uma
úlcera necrótica semelhante à lesão de picada de aranha.
A doença pode evoluir para cura espontânea em 3
semanas. Porém nas formas mais graves, as lesões de pele são mais
hemorrágicas podendo até ocorrer áreas de necrose nos dedos, nas
orelhas, no palato mole e nos genitais. Podem ser acompanhados de
sangramento de gengivas, do nariz, vômitos e tosse seca intensa. Os
casos que necessitam de internação hospitalar são aqueles em que há um
comprometimento sistêmico com pressão baixa, sangramento digestivo,
desidratação e insuficiência ventilatória.
O diagnóstico diferencial se faz com outras
doenças infecciosas que também se apresentam com lesões de pele e febre
alta como febre tifóide, sarampo, rubéola, meningite meningocócica,
leptospirose e malária.
É importante ressaltar que muitas pessoas podem
ter esta infecção sem ou quase nenhuma lesão de pele ficando o
diagnóstico muito difícil.
A mortalidade pode chegar até 20% dos casos diagnosticados.
Diagnóstico
O diagnóstico de certeza se faz através de exames laboratorial do sangue do doente, através de sorologia e cultura.
Tratamento
A maioria das pessoas tem um curso benigno que
necessita só de medicações sintomáticas como analgésicos, antitérmicos,
hidratação oral e repouso. Estima-se que estas pessoas não chegam a
procurar atendimento médico e a infecção tem uma resolução espontânea em
algumas semanas. Os casos mais graves, quando diagnosticados, devem
receber antibióticos específicos e medidas de suporte, muitas vezes
necessitando até de tratamento intensivo.
Prevenção
- Evitar contato com animais domésticos e silvestres em regiões reconhecidamente de alta incidência da doença.
- Se for necessário entrar em contato com
animais vistoriar o corpo de 3 em 3 horas já que o carrapato necessita
ficar aderido por mais de 4 horas para transmitir a infecção.
- Se necessitar andar em locais de vegetação alta, usar calças compridas e botas.
- Não esmagar o carrapato, já que a bactéria pode entrar em algum ferimento do homem.
- Usar carrapaticida em animais domésticos com a freqüência recomendada.
Curiosidade
Esta doença é a mesma conhecida nos Estados Unidos como Rocky Mountain Fever, ou, Febre das Montanhas Rochosas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário