Quanto mais açúcar você come, maior a chance de morrer do coração
Os efeitos nocivos do excesso de açúcar na
alimentação já são bem difundidos pela comunidade científica. Esses
efeitos têm sido estudados, principalmente, sobre alterações no
metabolismo produzidas pelo excesso de açúcar e que levam às doenças
crônicas como a obesidade e diabete tipo 2.
Um estudo produzido pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e publicado recentemente na revista Journal of American Medical Association – JAMA,
expõe uma associação entre o consumo excessivo de açúcar e o risco de
morte por doença cardíaca independentemente dos outros problemas de
saúde causados pelo excesso de açúcar. Estudos epidemiológicos prévios
já indicavam que a maior ingestão de açúcar está associado com o risco
de doença cardiovascular. Este novo estudo se propôs a investigar a
associação entre este consumo e a mortalidade por doença cardiovascular.
A quantidade de açúcar contido em uma dieta
média Americana é suficiente para aumentar em 20% o risco de morte por
doença cardíaca. Em 70% dos adultos investigados, 10% ou mais das
calorias diárias ingeridas provém de açúcar adicionado aos alimentos.
Outros 10% de adultos ingerem 25% ou mais de suas calorias diárias
provenientes do açúcar. Nestes dez por cento de pessoas que ingerem um
quarto ou mais de suas calorias na forma de açúcar, o risco de morrer de
doença cardiovascular é dobrado. O conjunto de dados caracteriza o que
costuma se chamar uma curva dose-resposta, quanto maior a dose (no caso a
ingestão de açúcar adicionado) proporcionalmente maior é o efeito
(risco de morrer de doença cardíaca). Mesmo não caracterizando uma
relação de causa efeito, a curva dose-resposta adiciona robustez às
conclusões do estudo.
Este consumo de açúcar adicionado ao alimento
muitas vezes é insidioso. Muitos alimentos industrializados possuem
açúcar (não somente os doces) para melhorar o sabor, textura, etc. Nos
Estados Unidos 37% do açúcar adicionado à dieta provém das bebidas
adoçadas (refrigerantes e sucos adoçados). Uma lata de 355 ml de
refrigerante contém, em média, 9 colheres de chá de açúcar, o que
corresponde a 140 calorias. Uma lata de refrigerante por dia já é o
suficiente para aumentar o risco. Os pesquisadores alertam que mesmo a
pessoa ingerindo uma quantidade adequada de calorias diárias e não tendo
sobrepeso, o refrigerante ou suco adoçado tomado diariamente pode ter
impacto no risco de mortalidade por doença cardíaca.
Além das bebidas adoçadas o açúcar aparece nos
alimentos tipicamente identificados como doces, incluindo neste grupo,
as tortas, bolos, balas, sorvetes, achocolatados e iogurtes (é um
alimento associado com saúde, porém é difícil encontrar aqueles
naturais, não adoçados). Muitos alimentos possuem açúcar e não são
doces, como molho de saladas, pães, ketchup.
A quantidade limite recomendável é muito
variável. Pelo estudo aqui descrito, até 10% do total das calorias
diárias de açúcar adicionado parece seguro quanto ao desfecho doença
cardíaca. Cabe salientar que não está se falando da percentagem de
carboidratos ingeridos, e sim do açúcar adicionado.
Deve-se ter atenção com ingredientes com a
terminação "-ose" descrito nas etiquetas das embalagens dos alimentos
industrializados. Frutose e sacarose são sinônimos de açúcar.
Seja a quantidade de açúcar adicionado ou alimento industrializado, vale a máxima: quanto menos, melhor.
Fonte
- - JAMA Intern Med. Published online February 03, 2014. doi:10.1001/jamainternmed.2013.13563 .
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