Os cientistas não conseguem encontrar uma ligação entre gordura saturada e doenças cardíacas
Publicado em 23.03.2014
Aposto um X-Burger que, se você chegou até esse artigo, é porque está faminto por justificativas plausíveis para enfiar o pé na jaca. Se for isso, hoje é seu dia de sorte.
Durante anos temos sido orientados – por mães, médicos, nutricionistas, professores de academia e toda a torcida do Corinthians – a reduzir o nosso consumo de gorduras saturadas para prevenir, entre outras coisas, doenças cardíacas. Mas uma análise recente de 45 estudos e 27 testes envolvendo mais de 600.000 participantes de 18 países está forçando os cientistas a repensar essa, aparentemente equivocada, suposição.
Já pode chutar o balde?
Não. Calma.
A conclusão principal destes estudos não é necessariamente que as gorduras saturadas não contribuem para as doenças cardíacas, mas sim que a forma como os alimentos como um todo afetam nossa saúde é um processo extremamente complexo e multifacetado. Para Dariush Mozaffarian, do departamento de epidemiologia da Universidade de Harvard em Boston (Estados Unidos), “estudos que incidem sobre os nutrientes, e apenas sobre eles, como alvos para a prevenção de doenças crônicas não fazem muito sentido. Acho que precisamos mudar o foco para os alimentos, para realmente falar sobre comida, e não nutrientes”.
O colesterol é um exemplo disso. Ele sempre foi apontado como causa no desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Mas, recentemente, os médicos estão começando a perceber que os níveis de colesterol não anunciam grandes chances de doenças cardíacas. E mais: já existem mais de uma dúzia de estudos que provam isso.
A noção de que a redução de gorduras saturadas – que normalmente são consumidas através de manteiga, leite integral, carnes vermelhas, aves, óleo de coco e nozes – vai diminuir o colesterol ruim se baseia em algumas ideias um tanto incertas. E agora, novos estudos mostram que não há dados suficientes para embasar a restrição de gorduras saturadas com a finalidade de prevenir doenças cardíacas.
Para o Dr. Rajiv Chowdhury, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), esses resultados são interessantes porque provocam o senso comum da comunidade científica, trazendo novos caminhos de pesquisas e, consequentemente, obrigando a reavaliação dos conceitos nutricionais que temos como absolutos.
Isso não significa de maneira nenhuma que você pode correr para a geladeira e fazer a festa. O que realmente importa para sua saúde é a qualidade geral dos alimentos que você ingere. Se você come um hambúrguer de um fast food, por exemplo, provavelmente estará tomando uma dose de sódio muito maior do que é considerado saudável.
A melhor maneira de manter o coração saudável é adotando um estilo de vida saudável, o que inclui exercícios físicos regulares e uma alimentação balanceada. [io9]
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