Novas diretrizes para controle do colesterol e prevenção de doença cardíaca
Foi lançado no dia 12 de novembro o novo guia
de diretrizes para controle do colesterol e prevenção de doenças
cardiovasculares, produzido em conjunto pela Associação Americana do Coração e pelo Colégio Americano de Cardiologia.
Por estas novas diretrizes, haverá, segundo alguns especialistas, uma
grande expansão no número de pessoas que serão medicadas com fármacos
que baixam o colesterol, as chamadas estatinas.
A mudança mais importante das novas diretrizes é
que a concentração de colesterol no sangue (colesterol total incluindo
LDL ou “colesterol ruim”) deixa de ser o principal fator para determinar
o uso das estatinas. Pelo novo guia as pessoas que são aconselhadas a
receber estatinas são:
- a) as que já têm doença do coração,
- b) as que têm o LDL sanguíneo igual ou maior que 190 mg%,
- c) as que têm diabete tipo 2 na meia idade e, por fim,
- d) as pessoas de 40 a 75 anos (sem doença cardíaca ou diabete e com LDL abaixo de 190 mg%) que têm um risco estimado de 7,5% de ter doença cardíaca nos próximos 10 anos.
Esta estimativa de risco é feita por meio de um
programa que acompanha o guia de diretrizes e pode ser acessado online.
Os fatores considerados no programa para a estimativa de risco são:
sexo, idade, etnia (afrodescendente ou branco e outros), colesterol
total, colesterol bom (HDL), pressão sistólica (a mais alta das duas que
são medidas), se recebe tratamento para pressão alta ou não, se é
diabético ou não e se é fumante ou não.
A principal polêmica criada em torno das novas
diretrizes diz respeito a este último critério (d) para prescrição de
estatinas, que é a estimativa de risco nos próximos 10 anos nas pessoas
de 40 a 75 anos. A principal crítica feita por alguns especialistas é
que o programa superestima o risco cardíaco, o que levará milhões de
pessoas absolutamente saudáveis a tomar o medicamento.
Os autores das diretrizes, por sua vez,
minimizam as críticas ao programa de estimativa de risco, e o
classificam como uma ferramenta simples e que serve de alerta,
identificando quem deve procurar um aconselhamento médico e não como uma
ordem para que a pessoa tome estatina. Os autores salientam também que
esta revisão no manejo do colesterol sugere que o tratamento deve ser
individualizado, pessoas com maior risco devem receber maiores doses e
estatinas mais potentes do que as pessoas de menor risco.
Estas controvérsias podem ter um efeito
colateral negativo importante, que é o de tirar a atenção dos dois
principais fatores de prevenção da doença cardiovascular e de redução do
colesterol: - o estilo de vida e o controle de peso.
Estes dois aspectos mereceram, cada um, um guia
de diretrizes independente, lançados em conjunto com o guia do
colesterol/estatinas. As recomendações de estilo de vida (atividade
física e alimentação saudável) e controle de peso podem (e devem) ser
aplicadas também em pessoas saudáveis, e não têm efeitos colaterais. No
entanto, são de graça e não custam nada. Talvez aí esteja o problema.
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