Crianças com autismo têm melhor desempenho em teste de matemática
Por Bruno Calzavara em
12.09.2013
as 15:00
De acordo com um novo estudo, crianças com autismo e QI médio se saíram consistentemente melhor em testes de matemática do que crianças não autistas na mesma faixa de QI.
A superioridade em habilidades matemáticas entre as crianças com autismo foi relacionada a padrões de ativação em uma determinada área do cérebro, normalmente associada com o reconheceimento de rostos e objetos visuais.
O estudo incluiu 18 crianças com autismo, com idades entre 7 a 12 anos, e um grupo-controle de 18 crianças sem autismo. Todos os participantes demonstraram habilidades verbais e de leitura normais em testes padronizados, mas as crianças com autismo superaram seus pares sem autismo em testes-padrões de matemática.
Os pesquisadores também monitoraram a atividade cerebral das crianças, usando ressonância magnética, enquanto elas trabalhavam nos problemas de matemática. Os exames cerebrais nas crianças com autismo revelaram um padrão incomum de atividade em uma área do cérebro especializada no processamento de rostos e outros objetos visuais.
“As pesquisas anteriores se centravam quase exclusivamente nos pontos negativos das crianças com autismo”, diz Menon, membro do Instituto de Pesquisa de Saúde Infantil no Hospital Infantil Lucile Packard. “Nosso estudo apoia a ideia de que o desenvolvimento do cérebro em uma pessoa com autismo pode ocasionar não apenas déficits, mas também levar à melhoria de algumas capacidades cognitivas notáveis. Acreditamos que esta notícia pode ser reconfortante para os pais”.
Menon conta que as crianças com autismo, por vezes, exibem talentos ou habilidades excepcionais. Por exemplo, algumas conseguem dizer instantaneamente o dia da semana de qualquer data do calendário dentro de um determinado intervalo de anos, enquanto outras possuem habilidades matemáticas impressionantes.
“Saber as datas do calendário, provavelmente, não vai ajudá-lo a ter sucesso acadêmico ou profissional”, comenta Menon. “Mas ser capaz de resolver problemas numéricos e desenvolver boas habilidades matemáticas pode fazer uma grande diferença na vida de uma criança com autismo”.
Cerca de uma em cada 88 crianças tem alguma forma de autismo, de acordo com os Centros dos EUA de Controle e Prevenção de Doenças. O Brasil ainda não possui uma pesquisa centralizada para identificar a taxa de incidência do autismo na população. Segundo dados da ONU, existem aproximadamente 70 milhões de autistas em todo o mundo. [Medical Xpress]
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