O assunto do dia 6 de junho no
Adote um Cientista foi hemostasia. A pesquisadora Sarah Bassi falou com
os alunos sobre a importância desse mecanismo de regulação em casos de
sangramento, que faz com que o organismo reaja diminuindo o fluxo de
sangue e iniciando o processo de coagulação. Os alunos lançaram
perguntas sobre as etapas desse processo, com especial atenção à
coagulação e às funções das diversas células envolvidas nessa etapa.
Nas palavras da pesquisadora.
Hemostasia significa a manutenção da
fluidez sanguínea pelos vasos, ou seja, a prevenção da perda de sangue
após algum dano vascular, através da resposta fisiológica normal, que
abrange o controle da hemorragia e a dissolução dos coágulos. É
importante que haja este complexo mecanismo para que o sangue possa
fluir normalmente, permitindo nutrição adequada dos tecidos e a retirada
de metabólitos do organismo. A hemostasia é promovida por vários
mecanismos, e é esse o tema do nosso encontro.
Dra. Sarah Cristina Bassi
Médica hematologista e hemoterapeuta
Médica hematologista e hemoterapeuta
do Hemocentro de Ribeirão Preto.
Pós-graduanda em Clínica Médica - FMRP/USP.
Equilíbrio, organização e um trânsito sem semáforo e sem faixa de pedestre.
Quanto mais estudamos os organismos,
mais aprendemos sobre sua organização e habilidades de estabelecer o
equilíbrio após uma determinada perturbação. O sangue é alvo de vários
estudos e hoje sabemos muito sobre a funcionalidade desse tecido e suas
características, que tão importantes para a medicina e saúde. Na
conversa com a pesquisadora Sarah, os alunos puderam conhecer os
mecanismos que acontecem nos vasos sanguíneos para que, no caso de
ruptura do endotélio (perturbação), o sangramento seja contido, fazendo
com que o sangue permaneça em seu devido lugar, ou seja, dentro dos
vasos sanguíneos. Os mecanismos moleculares e celulares que acontecem
são ativados em sequência, levando à interações específicas e formação
de estruturas mecânicas de bloqueio da evasão sanguínea. A pesquisadora
descreveu cinco etapas: vasoconstrição, formação do tampão plaquetário,
formação do coágulo sanguíneo, crescimento do tecido fibroso e
fibrinólise.
Os alunos puderam perceber que cada
etapa contém características peculiares de ativação que são essenciais
também para o desenvolvimento do próximo passo e fazem parte de uma
sequencia cadenciada. O interessante, além de tudo, foi compreender como
se dá um processo complexo, mediado por células e moléculas, que se
inicia cerca de um ou dois segundos após a lesão, e que se encerra em
até 10 dias. Mais do que isso, saber que até a maneira como o sangue
flui dentro dos vasos sanguíneos é determinada pela característica e
função de cada tipo celular, resultando até mesmo em diferentes
velocidades de tráfego dessas células: as hemácias, que são células
grandes, viajam pela parte central dos vasos sanguíneos em maior
velocidade devido ao seu tamanho; plaquetas, que são pequenos fragmentos
celulares, percorrem próximas às paredes do endotélio mais lentamente,
de modo a agilizar sua ação no caso de lesões; já os leucócitos,
trafegam entre hemácias e plaquetas, “fiscalizando” a corrente sanguínea
e fazendo a degradação dos restos celulares e moleculares. Considerando
a complexa organização do tema, algumas dúvidas podem surgir: mas por
que as células não se aglutinam naturalmente então, causando um
engarrafamento celular e interrompendo o fluxo sanguíneo? Segundo a
pesquisadora Sara Cristina, as células se repelem porque todas têm carga
negativa, "por isso conseguem trafegar em velocidades diferentes e em
lugares diferentes dentro dos vasos sanguíneos”.
Essa organização celular é de dar inveja
a muitos motoristas urbanos e órgãos de regulação de transito
automotivo. Uma verdade é que a palestra facilitou a compreensão dos
alunos de como é feita a manutenção dos níveis de sangue durante os
ferimentos - que diminuem sua perda - e a posterior regeneração dos
vasos sanguíneos. Mas o assunto ainda deixa muitas curiosidades, pois
muitos desses mecanismos ainda não possuem resposta estabelecida.
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