quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Descubra o que o excesso de açucar pode causar

Quarta, 08 Janeiro 2014 13:17

Descubra o que o excesso de açúcar pode causar


Aquele a quem todos chamam de “formiguinha” pode ser um viciado em açúcar, substância presente em alimentos doces e salgados que pode ser tão perigosa à saúde quanto as citadas anteriormente. Segundo a nutricionista americana Brooke Alpert, uma das autoras do livro The Sugar Detox [“A desintoxicação de açúcar”, sem tradução para o português], tal consumo exagerado tornaria o indivíduo mais propenso a desenvolver certos tipos de cânceres, como o de mama e o colorretal.
Além disso, boa parte do açúcar que você come é convertida em gordura visceral e, consequentemente, em prejuízos. “Ela se deposita principalmente ao redor da cintura, fazendo com que o corpo adquira uma forma de maçã. E acarreta todos os problemas médicos associados à ingestão da substância”, afirma a autora, em entrevista exclusiva à VivaSaúde. “Se você engordar comendo 3.000 calorias com duas dietas diferentes, uma com 20% de açúcar e outra com 10%, a primeira multiplicará mais as células de gordura, apesar de o número de calorias ser o mesmo”, acrescenta Wilmar Accursio, endocrinologista e nutrólogo, que também é Diretor da Sociedade Brasileira de Medicina Estética (SP).

Doce veneno

Dentre os quadros clínicos desencadeados pelos excessos, estão as doenças cardiovasculares, a hipertensão arterial e a obesidade. Esse último facilita o surgimento do diabetes tipo 2, patologia crônica subestimada pelos “formigas”. A doença torna o organismo resistente à insulina, que é um hormônio produzido pelo pâncreas para controlar a entrada de açúcar nas células. Se a insulina produzida é insuficiente ou ineficaz, os açúcares acabam retidos na corrente sanguínea, acarretando uma série de complicações e até a morte — caso a enfermidade não seja devidamente tratada. Carlos Daniel Magnoni, nutrólogo e cardiologista da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), fala que o sobrepeso “resulta em danos na coluna, aterosclerose (fechamento dos vasos que fornecem sangue e oxigênio ao coração) e lesões no fígado”. Aumento do volume do abdome e flatulência são outros problemas comumente apresentados por viciados em açúcar. “Tais alterações, podem, entre outros fatores, relacionar-se a mudanças na microbiota intestinal. O excesso de açúcares simples (caso da sacarose, que é o tipo usado nos lares) leva à maior fermentação, o que gera desconforto abdominal e gases. Além disso, fungos e bactérias patogênicas utilizam-no para crescer e se proliferar”, diz Clarissa Poletti, nutricionista e diretora de Pesquisa e Desenvolvimento da Essential Nutrition (SC).

Realmente necessário?

Você já deve ter ouvido falar que o corpo humano precisa de açúcar para desempenhar suas atividades rotineiras. Pois saiba que a substância em questão não é a sacarose, mas sim a glicose, que atua como principal combustível no funcionamento de órgãos, tecidos e músculos. É considerada um carboidrato simples, pois sua absorção pelo organismo é feita rapidamente. Isso não significa, contudo, que uma alimentação saudável deve ser baseada somente em glicose pura, tampouco em outros carboidratos simples, como a frutose (derivado das frutas e do xarope de milho), a lactose (presente no leite) e também a maltose (cerveja e cereais).

Desejo incontrolável

Exagerar nessas substâncias pode desencadear compulsões. “Dependentes de açúcar sofrem assim como viciados em álcool e drogas. A causa disso está na forma como o ingrediente é metabolizado: quando ingerimos alimentos ricos em carboidratos simples, acontece um pico no nível de glicose no corpo, que é seguido por uma baixa. Durante essa baixa, sentimos falta de disposição e passamos a desejar mais açúcar. Isso cria um ciclo vicioso”, diz Patricia Farris, dermatologista e coautora da obra The Sugar Detox. Além disso, a glicose estimula o sistema límbico — parte do sistema nervoso central responsável pela sensação de prazer. Accursio explica que, ao ingerirmos doces, há secreção de insulina. A reação química acaba priorizando a entrada de triptofano no cérebro. Tal aminoácido serve como matéria-prima para a fabricação de serotonina, levando o corpo à sensação de calma, prazer e bem-estar. “Faz parte da nossa cultura consumir um doce como sobremesa, recompensar boas atitudes com guloseimas, tomar um café com bolo com os amigos no final da tarde. Por anos, essas situações nos condicionaram a associar o açúcar a lembranças de bons momentos”, completa a nutricionista Clarice.

Solução complexa

O certo é investir nos carboidratos complexos, presentes em alimentos como arroz, cereais, pães e massas, eles garantem maior saciedade e não geram picos no índice glicêmico. “Por exemplo, se você consome 2.000 kcal/dia, não deve exceder 200 kcal de açúcar ou carboidratos. Isso equivale a 2 colheres de sopa (24 g). Mas atenção: essa quantidade se refere ao total consumido durante o dia, em todos os alimentos. Ou seja: abrange desde a colher de chá que você usa para adoçar o café da manhã até a quantidade presente em biscoitos, bolos, tortas e outros doces”, recomenda Accursio.

O efeito do controle

Por isso, é preciso ficar atento aos alimentos e condimentos que contêm açúcares escondidos. Accursio fala ainda que o uso controlado de adoçantes, mel e açúcar mascavo ajuda a livrar-se da sacarose. Embora esteja comprovado que o excesso de frutose pode ser mais prejudicial do que o de glicose, a nutricionista Clarisse lembra que o problema está no xarope de milho, e não nas frutas. O ideal é fugir da primeira opção. “As frutas são acompanhadas por minerais, vitaminas e fibras, que reduzem os malefícios do vilão no organismo. Já o xarope de milho, utilizado pela indústria, é uma combinação quase em partes iguais de glicose e frutose. Isso porque essa última é 70% mais doce que a sacarose, e seu custo mais barato. A frutose é mais estável em soluções líquidas como os refrigerantes, justificando seu uso disseminado nestes”, conclui a especialista.

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