terça-feira, 1 de outubro de 2013

Pericardites




PERICARDITES
O pericárdio é composto de duas camadas de um tecido fibroso pouco distensível. Dessas camadas, a interna, denominada de visceral está aderida e praticamente fazendo parte do coração. A outra, a externa, denominada parietal, está em volta dessa primeira. Elas estão separada por um espaço virtual que contém uma pequena quantidade de líquido. Essa segunda camada mantém o coração fixado no seu lugar dentro do tórax e evita o contato direto do coração com as estruturas vizinhas.
Quando o pericárdio está inflamado ou infectado dizemos haver uma pericardite que pode ser um dos tipos de pericardite abaixo descritos.
Pericardite viral
Pode ser causada por diversos vírus, as coxsaquieviroses, os ecovírus e os vírus da gripe, da varicela, hepatite, caxumba e HIV, são os mais freqüentes.
A doença atinge mais a homens com menos de 50 anos, principalmente depois de doenças infecciosas das vias aéreas superiores.
O diagnóstico geralmente é feito em bases clínicas. Em alguns casos, o derrame entre as duas camadas do pericárdio pode ser de proporções maiores, provocando o tamponamento cardíaco. Em raros casos, a doença torna-se crônica, podendo resultar em pericardite constritiva, que pela retração cicatricial do pericárdio provoca o encarceramento do coração. Nessa situação há necessidade de operar, retirando-se o pericárdio em torno do coração.
Os casos mais benignos são tratados com aspirina ou outro anti-inflamatório. Em raros pacientes, que não respondem ao tratamento, os corticosteróides podem ser usados.
O controle da evolução e o tratamento devem ser feitos por médico.
Pericardite tuberculosa
É rara nos países desenvolvidos e comum em outras áreas. Atinge o pericárdio diretamente via linfática ou por disseminação hematógena. Pode haver comprometimento ou não do pulmão, contudo o derrame pleural freqüentemente acompanha a pericardite.
O desenvolvimento da doença costuma ser subagudo com o paciente apresentando cansaço, febre e suores noturnos.
O diagnóstico não é fácil, pode ser suspeitado havendo evidência do bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) em outras partes do doente. A positividade do BAAR no líquido retirado do saco pericárdico é muito baixa, do mesmo modo que o é no tecido biopsiado. Alguns pacientes que não respondem bem ao tratamento conservador antituberculose necessitam ser operados para retiraram o pericárdio.
Pericardite urêmica
Pacientes com insuficiência renal podem apresentar pericardite.
Os sintomas são semelhantes às outras pericardites, mas geralmente se acompanham das manifestações metabólicas decorrentes da uremia. Muitas vezes a pericardite urêmica é diagnosticada pela dor pré-cordial apresentada pelos pacientes.
O tratamento é o da doença básica que levou a pessoa à insuficiência renal ou o tratamento da remissão isoladamente.
Pericardite neoplásica
A disseminação de um câncer adjacente de pulmão ou de mama, a disseminação de um carcinoma de rim, linfomas que envolvem o pericárdio e outros cânceres podem causar um derrame pericárdico e tamponamento do coração. Em geral, não há muitos sintomas e os que existem podem ser atribuídos à doença básica com suas repercussões hemodinâmicas.
O diagnóstico pode ser particularmente difícil se o paciente foi submetido a radioterapia numa área que abrangeu o pericárdio.
O prognóstico para pericardite neoplásica é mau, geralmente o paciente morre antes de um ano.
Do tratamento cirúrgico fazem parte a abertura de uma janela no pericárdio para drenar o líquido ou a pericardiectomia. Também se tenta a instilação de tetraciclina no saco pericárdico, o que em alguns casos evita a recidiva do derrame.
Pericardite pós-radiação
A irradiação que atinge a área cardíaca pode desencadear uma reação fibrótica que se apresenta com uma pericardite subaguda ou constritiva. Ela pode aparecer dentro de um ano depois da irradiação, mas existem casos em que apareceu anos depois. A solução muitas vezes é cirúrgica.
Pericardite pós- infarto do miocárdio
É uma complicação do infarto agudo do miocárdio que aparece de 3 a 5 dias depois de um infarto transmural. O sintoma é de dor pré-cordial recorrente, geralmente atribuída ao próprio infarto. No eletrocardiograma aparecem mudanças confundíveis com alterações isquêmicas. Grandes derrames são raros. Muitas vezes pode-se auscultar um atrito pericárdico.
A Síndrome de Dressler (SD) é uma pericardite que ocorre semanas ou meses depois do infarto ou depois de cirurgias cardíacas. Pode ser recorrente e é provavelmente uma resposta auto-imune. É manifesta por febre, dor, mal-estar leucocitose e hemossedimentação elevada. O derrame pericárdico pode ser grande na síndrome de Dressler que ocorre depois de infarto e não depois de cirurgias cardíacas.
Pode haver resposta terapêutica com o uso de anti-inflamatórios.
Pericardites mais raras
São as atribuídas ao uso de medicamentos como o minoxidil e a penicilina. Pode ocorrer também nos pacientes com mixedema (Hipotireoidismo), lúpus eritematoso e artrite reumatóide.
Pericardite constritiva
A inflamação do pericárdio pode levar ao seu espessamento e diminuição da distensibilidade por fibrose e por aderência ao coração, dificultando o enchimento do coração durante a diástole. Isso dificulta o retorno do sangue ao coração. Pode seguir-se a uma pericardite de qualquer etiologia. Atualmente é mais freqüente nas pericardites pós irradiação e depois de cirurgias cardíacas.
Os principais sintomas são fadiga progressiva, falta de ar, fraqueza, edema, congestão do fígado e ascite. O que chama mais a atenção nesses pacientes é a distensão persistente das veias do pescoço, mesmo com a pessoa em pé ou inspirando fundo.
Para confirmarmos o diagnóstico, o raio-x geralmente mostra um coração de tamanho normal e só é útil se mostrar calcificações. O ecocardiograma pode mostrar o pericárdio espessado e cavidades cardíacas pequenas. A tomografia e a ressonância magnética podem mostrar melhor as alterações já mostradas no ecocardiograma.
O tratamento inclui o uso de diuréticos e a remoção cirúrgica do pericárdio. A mortalidade dessa operação é alta.

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